1.A quem tenha lido a edição do F. Times de 16 do corrente não terá passado despercebida a notícia sob título “Greece battles to plug deep budget holes”.
2.Referia essa notícia as enormes dificuldades que o governo grego está enfrentando para tapar os buracos do orçamento do Estado, em especial as que decorrem do incumprimento de algumas das medidas acordadas com o FMI e a EU, dando alguns exemplos curiosos.
3.Um 1º exemplo refere a tremenda resistência dos funcionários da administração fiscal, com o apoio vanguardista dos seus sindicatos “rouge”, a um projecto de encerramento de 200 repartições de finanças que, segundo o F. Times, funcionam como “centros de negócios”, vendendo favores fiscais a empresas e a cidadãos endinheirados, contribuindo assim, em larga escala, para o bem-estar social dos funcionários (à custa do erário público, mas isso é um detalhe sem relevância)…
4.Uma das formas que essa resistência tem assumido é a de GREVE de ZELO, a qual tem custado a perda de elevadas receitas na cobrança de impostos que estão a por em causa o objectivo de redução do défice…
5.Um 2º exemplo é o da aplicação de um limite à admissão de novos funcionários públicos: tendo ficado acordado que por cada 10 funcionários reformados deveria ser admitido apenas 1, verifica-se até Julho deste ano que, tendo sido reformados cerca de 10.000 - não devendo pois ter sido admitidos mais do que 1.000 - o nº de admissões foi de quase 7.000, obviamente para satisfazer clientelas políticas….
6.Entre nós tem sido debatido até à exaustão o magnífico exemplo de “disciplina” orçamental oferecido pelo Governo Regional da Madeira através da desorçamentação de despesas por todo o lado e da contracção de divida informal para financiar essas despesas – num exemplo vibrante de seguidismo das melhores práticas do anterior Governo da República, o qual todavia beneficiou de um longo silêncio dos media sobre a matéria……
7.É neste pano de fundo e, sejamos realistas, em última análise para permitir a continuação destas exemplares práticas financeiras, que os nossos mais fervorosos europeístas sustentam a urgente necessidade da emissão dos famosos EUROBONDS…
8.Com os cidadãos nacionais ESMIFRADOS até à exaustão, impossibilitados de reforçar o seu donativo, seria agora a vez dos alemães e dos seus parceiros privilegiados do centro e do norte da Europa oferecerem o contributo para a continuidade das boas práticas financeiras a que (entre outros) gregos e madeirenses ilustres se vêm entregando com tanto afã, assumindo, com a emissão dos EUROBONDS, a responsabilidade pelas dívidas de toda esta boa gente…
9.Com a emissão dos EUROBONDS o financiamento destes POVOS voltava a estar assegurado e desapareceria a ilegítima pressão internacional (dos medonhos mercados, em especial) para que estas boas práticas sejam suprimidas…
31 comentários:
Caro Tavares Moreira,
Ora aí está algo ainda com pouca implementação na república portuguesa: o franchising da trafulhice. Assim os gregos conseguem uma maior penetração da marca, distribuindo de forma mais justa o proveito do golpe.
Noutros países menos sofisticados, a excessiva concentração da operação de golpadas faz o banco do estado comprar grupos seguradores ou empresas da segurança, financia compras de bancos colateralizados pelas acções compradas, origina a montagem de dezenas de veículos de project finance para fazer obras que ninguém quer, etc. obrigando os escritórios locais a aproveitar o vício dos habitantes no consumo de água para montar o seu pequeno esquema de impostos e trafulhice.
Este esquema grego é uma coisa muito mais democrática.
O Governo admite que não conseguirá cumprir a meta acordada com a troika, de reduzir o número de funcionários públicos em 1% este ano.
Voilá!!!
Caro Tonibler,
Essa referência ao banco do Estado explica quase cabalmente a necessidade de o manter em mãos públicas...como sustentam até ao desespero os políticos do baton rouge!
Caro menvp,
?????????????????????????????como concluir???????????????????????
Entre os títulos de dívida pública nacionais e os Eurobonds, poderia ser criado um instrumento intermédio.
Na pratica, institucionalizaria e tornaria mais transparente o modelo do FEEF.
Se um cidadão tem uma poupança ou uma empresa um qualquer excesso de liquidez, gostaria de poder aplica-lo num qualquer instrumento seguro que assegurasse a sua aplicação na sua "zona" de acção criando negócio e emprego, por via do investimento feito. Pois isso só lhe traria benefícios.
É o ciclo virtuoso da poupança-investimento a funcionar.
A globalização dos mercados financeiros eliminou e cortou este ciclo.
As poupanças e excedentes atrás referidos já não ficam nos bancos locais, nem são aplicados nos títulos de dívida nacionais pois ficam à mercê de governos ineficazes e manietados por promessas eleitorais (que os elegem e comprometem) de efeito pernicioso.
Vão para países refúgio e são aplicados em ouro.
Depois, chegam os necessários planos de resgate. Com ESSE MESMO DINHEIRO, mas agora com origem travestida. "Parece" ser dinheiro alemão, dando azo para que os alemães assumam alguns ares de arrogância quando o disponibilizam para o efeito (FEEF).
Não é mais do que o dinheiro dos paises intervencionados que circula e se vai juntar a MEMORANDOS DE ENTENDIMENTO (regras de uso do mesmo). Que garantem o seu bom uso e dão as garantias e segurança necessárias ao aforrador.
Os títulos de dívida que os Bancos Alemães detêm são adquiridos, em grande parte, por dinheiro com origem, não na Alemanha, mas nos países em questão.
Para tornar este processo mais transparente e para que retire aos alemães a ideia que são eles a financiar o resgate, é necessário um novo instrumento de aplicação financeira.
Situado algures, entre os títulos de dívida pública e os Eurobonds...
http://notaslivres.blogspot.com/2011/09/grecia-incumprimento-e-titulos-seguros.html
Caro Gonçalo,
Os Eurobonds seriam títulos de dívida pública, caso fossem emitidos como sugerido pelos fervorosos europeístas...só que garantidos pelos países mais solventes, ajudando assim a financiar os menos solventes...
Quanto à sua argumentação do desvio de aplicações, essa realidade que caricatura não é só de agora, é de sempre e pode estar ceryo de que as poupanças dos portugueses não é para a Alemanha que são deslocalizadas, está mesmo "muito frio" nesse palpite, se me permite o comentário...
As poupanças dos gregos e dos portugueses são aplicadas na Grécia e em Portugal?
Acho que não (e entendo porque não).
Mas vão para algum lado...
Vão para os "mercados" financeiros.
Salvaguardando a sua segurança.
Alguns regressam, travestidos de apoios FEEF e FMI, com taxas bem maiores.
Suiça, Alemanha, ouro, China, Brasil, seja para onde for...
Em títulos de dívida pública soberana na Grécia e em Portugal é que nunca...
O que, como escrevi, corta o ciclo virtuoso da poupança-investimento.
Por desmerecimento da governação...
Daí a tal Governação Económica da zona Euro onde, determinadas regras fiscais e orçamentais (défice e dívida controlada e monitorizada) poderiam "abrir" a porta aos recursos financeiros originários nesses Títulos de aplicação geográfico.
Se eu tiver uma poupança, gostaria que originasse investimento na minha vizinhança.
Mas não aceitaria que fosse gerida como têm sido geridos os recursos colocados em aplicações públicas e, o que é mais grave, em depósitos bancários...
Tudo lixo...
Caro Gonçalo,
Por muito que isso lhe possa custar, a realidade é que uma boa parte das poupanças dos portugueses são aplicadas em Portugal e em títulos da dívida pública...
Se isso acontece hoje em menor esacla do que no passado isso deve-se a decisões completamente obnóxias do Min. Finanças precedente que resolveu crucificar os Certificados de Aforro, sabe-se lá em nome de que interesses.
Quanto aos gregos há informação de que as fugas de capitais da Grécia têm assumido proporções gigantescas, nos últimos tempos, por razões aliás compreensíveis e que neste Post se encontram referidas ainda que de forma anedótica.
Sim. Em Portugal ainda poderá estar muito capital "dentro". Mas no sítio mais perigoso.
Mas isso está a se esvair rapidamente. Infelizmente, os bancos portugueses alinharam por tempo demais nos teatrinhos da colocação de dívida pública no último ano de Sócrates. E acabaram empenhando essas poupanças no processo de adiamento de recurso ao resgate.
Neste momento (antes na Grécia) poderá estar a ocorrer em Portugal esse processo de fuga de capitais.
Acabaram com os Certificados de Aforro e os títulos e certificados do Tesouro estão com os problemas de notação que conhecemos.
Quem pode coloca longe, procurando segurança, não arriscando defaults e taxas fiscais surpresa sobre "riqueza" de quem poupa, pouco a pouco, a pensar nos estudos dos filhos, dispensando férias no Brasil...
Caro Tavares Moreira, e em Portugal não está a ocorrer fenómeno semelhante ao verificado na Grécia, de saída de dinheiro, discretamente, sem correrias loucas, mas em fluxo constante e de dimensões nada dispiciendas.
Caro Gonçalo,
A referência que faz aos bancos portugueses é, na minha nodesta opinião, justificada...
Caro Zuricher,
Não excluo que esse fenómeno de exportação de capitais tb se verifique entre nós, mas numa escala que nada tem a ver (por enquanto, é certo) com a que se tem verificado na Grécia...
Com os estados europeus deu-se o mesmo fenómeno que já se tinha dado com o subprime - focagem.
Existe um enorme erro entre os reguladores do mercado financeiro que, ainda por cima, se uniram para formar um único, que é o princípio da infalibilidade própria. Os bancos seguem à exaustão o princípio básico da procura da maior rendibilidade para o risco mais baixo. Infelizmente para todos nós, os reguladores da banca entenderam definir o que é risco acima da percepção dos próprios bancos. Em conclusão, os bancos seguem aquilo que para eles é dado como lei, as medidas de risco impostas pelos reguladores. Isto não seria mau, se as medidas estivessem certas. Quando estão erradas, e podem estar apenas ocasionalmente, os bancos seguem esses erros que são validados e impulsionados pelos reguladores fazendo com que o erro esteja cada vez mais errado. Como se estivéssemos a focar um feixe de luz.
Curiosamente, não se observa nenhuma movimentação no sentido de alterar este estado de coisas, mostrando que, à semelhança do que se disse neste mesmo sítio há mais de dois anos, não se aprendeu nada com isto...
Caro Tavares Moreira
Até ao momento não tenho "visto" muito abordada e equacionada a possibilidade dos credores suportarem um prejuízo; salvo no caso de este ser suportado pela via dos impostos.
A razão é simples: os impostos são rendimento actual ao passo que os credores gerem aforro alheio e estruturado para o médio/longo prazo. O rendimento actual ainda não é nosso, ao passo que o aforro já o é...
Dito por outras palavras, os governos preferem, impor aos seus contribuintes a escassez de liquidez pesente, do que sujeitá-los à perda do rendimento futuro. No cálculo político,aquela é suportável ao passo que a segunda é completamente inaceitável.
Num mundo em que, quase, ninguêm vai para novo, a opção dos países com liquidez é, economica e politicamente, racional. Nesse sentido, os "eurobonds" são uma má solução, em especial por aquilo que, Caro Tavares Moreira, não explicita mas implicita no seu post..
No caso da Europa do euro, onde a demografia conta e muito, todos (credores e devedores) terão de se sacrificar o que, para o pessoal político em funções não está fácil, nem de perceber, nem de conseguir explicar.
Por isso, os "eurobonds" com várias restrições, condições e outras obrigações serão a solução e a via da integração fiscal e orçamental da zona euro.
Cumprimentos
joão
João Jardine
São ESSES Eurobonds (muito específicos) que acho estarem em falta.
Títulos seguros (pelo todo) mas de aplicação na zona de origem (sob condicionantes e monitorização muito rígidas).
Pois é preciso repor o ciclo virtuoso da poupança-investimento ao nível local, regional e nacional. Esse processo (ciclo) está globalizado e não será suficiente para o reequilíbrio da cadeia que romperá pelos pontos mais fracos. Atingindo todos.
Caro Tonibler,
O que diz em matéria de gestão dos riscos do negócio bancário, especialmente do risco de crédito, tem uma razoável aderência à realidade...
Existe toda uma malha regulatória que incentivou os bancos a procurar determinados riscos, considerados bons - MADEIRA, como exemplo - e a evitar ou minimizar outros...
Mesmo assim, os bancos ainda desfrutam de uma ampla margem de manobra que têm utilizado para financiar coisas magníficas como as compras de acções a preços exorbitantes face aqueles que agora se verificam e créditos a EP's até ao delírio mais absoluto...e agora reclamam que o Estado lhes pague o que lhes deve...
Caro João Jardine,
Os titulares de obrigações da dívida pública grega foram "convidados" pela UE, como sabe, a perder 21% do respectivo capital, constando que cerca de 80%terão aceitado, de bom grado, esse convite...
A alternativa seria perder 50% ou mais, pelo que não surpreende o grau de adesão ao convite.
Gonçalo
O "eurobonds" a que me refiro é a factura final, o resultado de nos (portugueses) tornarmo-nos alemãezinhos, sem choucrute e einzbein, mas com leitão e couves galegas.
O preço facial é perder cerca de 25%/30% do nosso poder de compra, aprender a chegar a horas às reuniões e cumprir escrupulosamente os orçamentos, ou seja, abandonar a atitude do mais ou menos.
Está ao nosso alcançe, porque o fazemos por essa Europa fora, inclusive na Alemanha, mesmo cá em ambiente alemão, veja a autoeuropa; o que podemos é não querer.
Os gregos não querem e, por isso, vão ser obrigados é que, os nossos políticos e os políticos europeus se esqueçeram de nos avisar que, esta coisa da europa, é como a penúltima estrofe da canção hotel califórnia dos eagles: podemos fazer o check out mas não podemos sair...
Cumprimentos
joão
Acabei de ter uma ideia fenomenal para o Estado português ganhar dinheiro para tapar mais uns buraquinhos... Não é uma ideia nova e até pode ser, moralmente, questionável mas dava para ganhar uns trocos jeitosos.
Porque é que o Estado não investe em fazer seguros de vida para doentes terminais e pessoas com historial clinico complicado, colocando-se a si próprio como único beneficiário? Isto resulta com grandes empresas americanas, pode perfeitamente resultar com o Estado Português também. E também não era má ideia alargar as apólices aos pensionistas mais velhotes, porque agora quando vier o inverno - com o IVA da electricidade a 23% - há-de haver muitos velhinhos a morrerem enregelados... literalmente.
Matam-se 2 coelhos de uma cajadada só. Ganha-se o prémio do seguro e o Estado livra-se de um estorvo. Assim para fechar o ciclo, criava-se uma funerária estatal, com preços ligeiramente mais competitivos ou com um programa de descontos para quem tivesse cartão da ADSE sei lá, assim parecido com o sistema de pontos das gasolineiras, estou certa que seria um serviço com um futuro risonho pela frente.
Anthrax
Tenho uma solução alternativa, mais barata e sem necessitar de criar mais um organismo para "gerir" os seguros de vida ou andar a contar os pontos da gasolina. Além de que um terceiro ficaria a ganhar.
Trata-se de acabar com a campanha anti tabaco e voltar ao antigamente.
É sabido que um fumador vive menos 30% que um não fumador e gasta menos 20% ao SNS do que um não fumador.
Ganhamos com o imposto sobre o tabaco, aumentamos as receitas da publicidade e ajudamos as empresas de comunicaçãos social, e diminuímos os custos globais do SNS e poupamos em mais um organismo.
Cumprimentos
joão
Caro João Jardine,
Também está bem visto, sim senhor, mas isso demora um bocadinho mais de tempo e a "malta" está aflita é agora.
O que eu não estou a ver é qual é o terceiro que ficaria a ganhar... as companhias de seguros?
Cara Anthrax,
Deve ter estado a assistir a algum filme de terror para avançar com estas prodigiosas ideias...
Sem prejuízo de admitir a sua potencial utilidade no combate à crise financeira que nos avassala -é de facto imensa a perfídia que delas emerge...
Em qq caso será talvez de perguntar ao Tonibler quais seriam as seguradoras nacionais no seu entender mais disponíveis para embarcar em tal negócio ruinoso, não excluo que existam algumas...
Caro João Jardine,
A sua proposta afigura-se menos pérfida que a da Anthrax e pode ser de aplicação bem mais simples e rápida...
Permito-me aditar que o próprio Estado poderia passar a distribuir mensagens publicitárias, nomeadamente em atractivos outdoors, chamando a atenção para os benefícios do consumo de tabaco e incentivando a população a fumara toda a hora...
Podendo ainda (i) proibir o acesso de não-fumadores a muitos locais públicos, nomeadamente recintos desportivos, (ii) conceder descontos em transportes públicos para os fumadores mais activos, (iii) atribuir um cartão nacional de fumador que seria carregado com pontos em cada compra de tabaco e daria direito a prémios especiais no fim de cada ano ou mesmo a uma distinção honorífica, etc, etc...
Os meus caros estão a enveredar por um caminho claramente oposto àquele que o governo português defende. O governo português não pode, de forma alguma, compactuar com formas de redução do défice que incluam a redução do efectivo nacional porque isso leva, lamentavelmente, a um corte na despesa do estado. E se há coisa com que governo nenhum concorda é que se corte na despesa!
Agora, a ideia da Anthrax, poderia levar à nacionalização da seguradora envolvida e a contabilizar os custos em 1960-70, ano do nascimento das pessoas falecidas pelo critério do compromisso, uma vez que foi nesses anos que as pessoas se comprometeram a morrer. Quando o Eurostat vier refilar diz-se que houve uma mudança de regras, que foi tudo feito no interesse nacional e que a culpa reside, fundamentalmente, na Moody's e na falta de eurobonds
Cara Anthrax e Caro Tavares Moreira
O terceiro que ganha com o fim da proibiçao são as empresas de comunicação social que andam com problemas para arrebanhar publicidade e ainda as companhias de tabaco que, ou muito me engano, viriam instalar-se para Portugal.
Caro Tavares Moreira
Por favor não proponha cartão ou qualquer coisa parecida, equivale a mais 150 funcionários para "gerir" o programa; com a fome com que andam as claques políticas estavamos, desculpe o plebeísmo, "feitos ao bife".
Cumprimentos
joão
Caro Tonibler,
Então o Senhor, um matemático eminente, encontra alguma relação necessária entre o número de efectivos e a despesa do Estado?
Não lhe ocorre que se possa aumentar a despesa pública Per Capita e fica o assunto resolvido?
Ainda por cima permitindo um brilharete aos políticos?
A Moody's nem tinha tempo de dar pela tramoia, ficava anos a tentar perceber o jogo, como na Madeira...
Caro João Jardine,
Eu não tenho qq problema em retirar a ideia do cartão de fumador, desde que haja solução alternativa - será que se pode arranjar um sistema de registo e de incentivo sem os riscos que refere?
Caro Tavares Moreira,
Isso era no tempo em que o Mississipi era livre de acumular calotes. Hoje, a gleba não pode ficar sem servos, senão os nobres vão ter que ir trabalhar. E como todos sabemos o trabalho não consta da funções do estado.
Caro Dr. TM,
Infelizmente, não era bem um filme de terror... mas parecia.:)
Chama-se "Capitalism - a love story", do controverso Michael Moore. Quando tiver oportunidade, devia assistir pois é sempre útil conhecer diversas perspectivas.
A ideia dos seguros de vida vem daí e eles até revelam o nome de algumas das grandes empresas americanas que lucram bastante com a morte dos seus empregados. Bom, é claro que os empregados em causa (e respectivas famílias) não têm conhecimento deste detalhe e quando descobrem, já é tarde demais e a Inês está morta.
É mau, é pérfido, é imoral, é desumano, é o que quiserem mas dá muito dinheiro. E quando o objectivo último é ter dinheiro, seja a que preço for, então isto é só mais um meio para atingir esse fim.
Independemente do que conduziu à situação actual, aquilo que estão a exigir aos Gregos, aos Portugueses, aos Irlandeses e a quem mais vier pelo caminho é que se sacrifiquem. É que aceitem as medidas que conduzem a uma morte lenta e dolorosa. Aquilo que eu digo é que, ao menos, tenham os ditos no sítio e peçam às pessoas que paguem com a vida as asneiras que cometeram... tudo, a bem da nação.
Quanto ao eixo Franco-Alemão e respectivos parceiros, se há uma coisa que eu não tenho é pena. Em 1º lugar porque, diz a história, que os eixos franco-alemães acabam sempre mal (e este não vai ser excepção) e em 2º lugar porque também têm responsabilidade na situação. Não há inocentes nesta história. Como tal, assumam as responsabilidades e lidem com as consequências.
Cara Anthrax,
"É que aceitem as medidas que conduzem a uma morte lenta e dolorosa"...lê-se no seu comentário, a propósito do que estará a ser exigido a gregos, irlandeses e portugueses.
Permita-me, com toda a vénia, que lhe diga que isso está longe de ser verdade, como a Irlanda está a demonstrar de forma eloquente, tendo já entrado em zona de crescimento e estando à frente dos objectivos do Porgrama como reconheceu há 2 dias o Prof. A. Borges Director do FMI para a Europa...
É claro que em Portugal e na Grécia, com economias muito mais rígidas e sectores públicos muito mais viciado no gasto inútil, vai ser muito mais difícil...
Mas o "evil", cara Anthrax, estará em quem não cumpre e continua a fazer batota muito mais do que em quem exige...
Caro Tonibler´,
Ainda bem que nos recorda o Mississipi! Como irão as coisas por lá, com aquele privilégio de não terem de se preocupar com o desequilíbrio externo, tal como nós?
Constou-me que a taxa de desemprego tem andado bem acima dos 2 dígitos o que certamente não os deve preocupar...tal como cá...
Ok Dr. TM, confesso que exagerei, deliberadamente, no dramatismo. Mas temos de admitir que quando se exagera - um bocadinho - qualquer coisa que venha a seguir parece menos mau.
Nós temos, efectivamente, uma estrutura Estatal monolítica e pesada e os gregos ainda são piores, mas cortar tudo sem criar condições para que a economia consiga reagir à transição, nunca é uma boa ideia quer haja eurobonds ou não.
Pessoalmente, não sou a favor da criação dos eurobonds porque, se tal vier a acontecer, nós vamos continuar sempre na mesma e isso não é viável. Se os alemães, ou os franceses estão a querer fugir com o traseiro à seringa, isso a mim não me diz nada. Tal como lhe disse não há inocentes, mas nós precisamos mesmo de mudar.
Cara Anthrax,
Essa ideia de que se pode cortar suavemente nas gorduras e excessos do sector público bem como na aplicação das estafadas "reformas estruturais", em ordem a permitir uma transição pacífica para uma fase de crescimento é uma miragem muito divulgada...
Tão divulgada quanto mirífica, ingerível e fatalmente destinada ao insucesso e ao prolongamento indefinido dos excessos e das formas de rigidez acumuladas, causa do nosso atraso e da incapacipade da economia para crescer e desenvolver-se...
Ou se corta a sério, sem grandes rodeis nem hesitações, e se reforma mesmo a valer e não a fazer de conta (neste último ponto estou mais céptico, confesso), ou então "nunca mais" sairemos deste ciclo infernal de empobrecimento e de crescente endividamento...
O nunca mais está dentro de " ", pois lá chegará o dia da implosão, gerada pelo sufoco financeiro...
Opiniões estas emitidas sempre com a devida vénia, evidentemente!
Pode até ser uma miragem destinada ao insucesso Dr. TM, mas em primeiro lugar deverão estar sempre as pessoas. Caso contrário, a ideia dos seguros de vida é até bastante boa.
Cara Anthrax,
Parece que desta vez estamos mesmo codenados a não nos entendermos...
Eu não subscrevo essa ideia do "primeiro as pessoas" no sentido que por vezes lhe é dado e que aqui parece sufragar...
Eu penso que, exactamente porque "primeiro as pessoas", o esforço de redução do Estado, enquanto sorvedouro insaciável de recursos e tb de correcção dos vícios estruturais da economia, deve ter tão rápido e drástico quanto possível!
Se assim não for, corre-se o risco (quase diria fatalidade) de nunca mais chegar ao fim, iludindo e enganando as tais "pessoas" e forçando-as, na doce ilusão e engano das reformas "suaves", a um interminável porcesso de empobrecimento e de sobre-endividamento...até à implosão final.
Sempre com a devida vénia, claro!
Ah ah ah ah ah ah :D
Adoro a "devida vénia".
Claro que nos entendemos Dr. TM. O facto de eu colocar as pessoas em primeiro lugar, não significa que eu seja contra um corte radical.
Eu tenho a mais perfeita consciência que não é possível sustentar as coisas como estão. As pessoas precisam mesmo desse choque para ver se acordam.
O que eu acho é que o discurso está todo errado. Passam o tempo a massacrar as pessoas com tragédias. Ora é um buraco aqui, ora é um buraco ali, ora é outro buraco acolá, a Grécia vai arrastar-nos para o fundo... woooo meeedo! muito meeeedo!!
Ou seja, estão há meses a promover um discurso de medo e de terror para as pessoas, sem lhes darem qualquer motivo para terem esperança. Não pedem desculpas por terem de as sujeitar a estes sacrificios, nem agradecem o benefício da dúvida que os cidadãos parecem estar dispostos a querer dar-lhes. Por outras palavras, não são humanos e ainda por cima são mal-educados, porque não sabem dizer nem "por favor" nem "obrigado".
Eu não estou a dizer que devam acabar com o discurso do terror e do medo (embora menos era muito melhor), mas tem sempre de ser compensado por outro discurso que inspire motivação, confiança e esperança. É isso que os grandes líderes fazem em situações de crise e por isso é que conseguem mobilizar nações inteiras em torno de um objectivo, independemente dos sacrificios que lhes sejam pedidos.
Os três únicos elementos que têm a capacidade para dar a volta, se trabalharem concertadamente, são: O ministro das Finanças, o ministro da economia e o PM. Um para dar as más notícias, o outro para dar as boas notícias e o PM para dar as duas.
Gerir, Dr. TM, não é só mandar fazer só porque sim. É fazer com que as pessoas partilhem a mesma visão, os mesmos objectivos e percorram o mesmo caminho. Quando isto não acontece, as pessoas resistem, levantam obstáculos e empatam o mais que podem e o tempo corre sempre a favor delas.
Mas enfim... quem sou eu para me pronunciar sobre estas coisas? :) Quem manda, que "curta as suas power trips" e se desenrasque, é para isso que lhe pagam. :)
Cara Anthrax,
Agora sim,já nos estamos a aproximar...percebo que a sua posição é muito racional, ao mesmo tempo que afectiva, e isso sensibiliza-me bastante...
Sabe, o que me parece, em termos daquilo que chama o "discurso de medo e de terror" é que continua a haver discurso a mais.
É aliás curioso notar essa característica indefectível dos nossos governantes: dos anteriores, que sempre procuraram apresentar-nos cenários rosa/oníricos, que se iam desfazendo, um atrás do outro, como nuvens batidas pelos ventos...
E agora estes, ao contrário, em cada dia utilizando aquela velha expressão de paixão dos namorados, adaptada para a negritude do cenário macro-económica: "estamos em crise, mais do que ontem mas menos do que amanhã"...
Em qq caso, neste particular domínio, é minha opinião que mais vale ser pessimista do que falsamente optimista...e até foi o falso optimismo, içado a níveis impensáveis, que nos arrastou para o pessimismo!
Sempre com a devida vénia, não esquecer!
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