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domingo, 26 de junho de 2005

Vacinação e stress

A vacinação constitui uma das mais felizes e brilhantes conquistas na área da saúde. Hoje em dia, graças a este meio, larguíssimas centenas de milhões de pessoas, por esse mundo fora, vivem e não adoecem.
As crianças são o principal alvo. A partir de determinado momento, muitas apercebem-se de que alguém as vai "magoar" e, frequentemente, gritam que nem umas desalmadas. Coitadinhas! Dizem, sobretudo as mamãs. Lá fizeram mais uma maldade ao filhinho. Mas é para o seu bem.
Este stress infantil, curto, embora às vezes intenso, poderá ter um efeito positivo ao reforçar a imunidade. Estudos recentes apontam que a imunidade é estimulada quando ocorre uma situação de stress intenso mas de curta duração. Afinal, aqui está mais um comprovativo de que uma certa dose de agressão pode ser positiva. Claro que, em contrapartida, agressões persistentes têm efeitos perversos já que diminuem a capacidade imunológica. Há muitos anos que vêm a ser estudadas as relações entre o stress e muitas doenças degenerativas. Estamos a falar de stress intenso e prolongado. A relação entre o meio ambiente, o nosso cérebro e as defesas imunológicas, disciplina conhecida por psiconeuroimunologia, estuda a interacção entre os diferentes agentes e muitas consequências nefastas. Nas profundezas do nosso organismo ocorrem fenómenos, muitos deles nefastos, que são a tradução daquilo que nos rodeia. Não são só os factores físicos, químicos ou biológicos os determinantes da doença. Acontecimentos que possam alegrar ou entristecer os nossos espíritos também têm os seus efeitos e começam a ser esclarecidos. Tudo está interligado. O nosso cérebro pode atenuar esses efeitos, mas, por vezes, potencia-os de tal modo que chegam a alterar as capacidades de um dos nossos mais importantes mecanismos de defesa: o sistema imunológico.
Sendo assim, os novos dados, entretanto surgidos, apontam para os aspectos benéficos das agressões, desde que sejam limitadas a um curto período de tempo, ao contrário do que acontece quando se prolongam no tempo. Claro que não é preciso chegar ao ponto de expor as crianças a cenas de terror no momento da vacinação! Já nos adultos, quem sabe se não melhoraríamos a sua imunidade se procedêssemos à sua vacinação em determinados momentos stressizantes, tais como: anúncio de aumentos de impostos, retirada de certas regalias, no momento em que o fiscal das finanças resolve inspeccionar o IRS, no final de um jogo de futebol, em que a nossa equipa favorita perdeu, na altura dos exames, no momento em que o chefe decide recusar a promoção, entre outros. Mas, atendendo ao facto do nosso país estar em constante e intenso stress, o mais provável é que haja mais redução do efeito da vacinação do que um desejável estímulo...

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