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domingo, 1 de julho de 2007

Step by step...

O novo Governo inglês está a ser posto à prova com a sucessão de ameaças de atentados terroristas. O novo Primeiro Ministro apelou à vigilância activa da população, para colaborar com a polícia na detecção de coisas suspeitas e as medidas de segurança nos aeroportos provocam atrasos de muitas horas nas partidas.
Hoje, em entrevista ao Público, o filósofo italiano Giorgio Agamben alerta para o facto de, a pouco e pouco, medidas que eram consideradas impensáveis em estados democráticos entraram hoje na banalidade, sendo até desejadas e apoiadas pelas populações, em nome da segurança. Desse modo vão-se introduzindo hábitos de controlo na vida das pessoas de tal forma que, com o tempo, já ninguém se lembra das situações de excepção que as determinaram e começam a aceitá-las muito para além do que seria razoável. Segundo este filósofo, “a ideia é primeiro introduzir o método no quotidiano e depois aplica-lo para controlo político e policial. (…)As pessoas não pensam que podem vir a estar sujeitas a um total controlo político”.
Com fundamento ou sem ele, a verdade é que hoje aceitamos proibições, controlos e intromissões na liberdade individual que, há menos de uma geração, seriam impensáveis em estados democráticos. É cada vez mais difícil definir os limites do razoável…

4 comentários:

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Suzana
A questão está em saber que "preço" estão os europeus dispostos a pagar para que renunciando a uma parte das suas liberdades possam exercer a outra parte em segurança.
Se por um lado este aspecto começa a constar das preocupações dos cidadãos europeus, por outro lado o argumento político da necessidade de defesa, de pessoas e bens e dos próprios estados, pode conduzir a restrições de liberdades que podem ir bem mais para além do que seria necessário.
Como gerir esta fronteira? Como estabelecer a sua definição? Como controlar o seu cumprimento?
Para um problema tão complexo, não creio que a resposta seja simples!

Suzana Toscano disse...

Provavelmente nem tem outra resposta para além da que tem tido, ou seja, um sucessivo controlo dos passos de cada cidadão, na impossibilidade de distinguir os que merecem ser seguidos dos que o não merecem ou justificam. Na prática, há uma "globalização de suspeitos",todos potencialmente vítimas ou agressores...
Há anos vi um filme terrível, que mostrava uma cidade no sec. XXI, e era um emaranhado de prédios todos gradeados, onde viviam as pessoas comuns, sujeitas a andar por subterrâneos, impedidas de sair à rua. Cá fora, bandos de malfeitores e bandidos de toda a espécie ditavam a lei da selva, numa inversão total duma sociedade evoluida e justa. Esta alegoria terrível mostrava que, na impossibilidade de se conter o mal, vai-se reduzindo o espaço do bem, empurrando para fronteiras cada vez mais limitadas de livre circulação quem quer ser protegido ou, no limite, quem quer sobreviver.Não digo que seja fácil, nem sei mesmo se é possível, impedir que as coisas vão tomando esse caminho, com mais ou menos gravidade. Mas o que creio, e é isso que diz o filósofo na sua entrevista, é que se trata de uma derrota, não de um avanço científico, nem de um apuramento civilizacional. De um grande perigo, em suma, a que nos vamos acomodando, por impotência, por medo, sem muitas vezes nos apercebermos do que isso significa.Temos escolha? É capaz de ser a pior solução, se excluirmos as outras todas, parafraseando...

Virus disse...

Como costumo citar:

"The price of freedom is eternal vigilance!"

Suzana Toscano disse...

Durante o PREC, o slogan era "Vigilância activa da classe operária" contra o capitalismo e o fascismo...