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domingo, 15 de julho de 2007

A conta que ninguém fez

Caído o pano sobre as eleições intercalares em Lisboa e encerrados os comentários e interpretações (algumas hilariantes!) dos seus resultados, não ouvi ninguém referir o número mais surpreendente.

Quem como eu atribui à abstenção um significado e valor políticos, não pode julgar indiferente o facto de mais de 70% do eleitorado se ter manifestado contra, ou pelo menos fora do sistema partidário. Se se somar o número de abstencionistas com as cotações eleitorais atingidas por Carmona e Roseta chega-se a essa conclusão.

Não é mais possível disfarçar o problema da democracia representativa da III República a pedir urgente reforma.

Adenda: o nosso Dr. Tavares Moreira acertou quase em cheio nas suas previsões eleitorais para Lisboa. Mesmo onde o prognóstico se mostrava mais arriscado, isto é, nas percentagens de Negrão e Carmona, e apesar da generosidade com que previu o valor eleitoral do candidato do PSD (o que é natural...), tenho de lhe dar os parabéns pela perspicácia que - está visto - funciona melhor com eleições que com o comportamento dos governadores dos bancos centrais na fixação das taxas de juros...

8 comentários:

Tonibler disse...

A abstenção tem sempre um significado político, os políticos é que se preocupam em colocá-la rapidamente na borda do prato.

Virus disse...

Compare-se esta abstenção com a abstenção nas presidenciais e legislativas francesas e comparem-se duas coisas:

1- A vitalidade da politica portuguesa;

2- A credibilidade dos políticos que alegadamente nos representam;

Suzana Toscano disse...

Claro que a abstenção em um significado político, mas o que fazer com o que não existe, caro Tonibler? Quem cala consente, diz o povo, quem não se dá à maçada de ir votar também não pode depois criticar quem deu a cara e quem se empenhou. E, se os candidatos, com partidos ou sem eles, não servem, como inventar quem queira? Será desilusão ou excesso de confiança por se considerar que não está em causa nada de essencial? Confesso que já não sei.Votaram em Lisboa menos de 200 000 eleitores...

meritíssimo disse...

Também se deve reflectir no número de eleitores que apoia este novo elenco da CML. Apróximadamente 12% dos eleitores lisboetas votaram no PS de António Costa. Comparando com 2005, o mesmo António Costa não chegou a metade dos votos do PSD de Carmona Rodrigues e teve menos 17000 votos que o PS de Carrilho.

Mas o que fica para o futuro não é o número de votos mas sim a nomeação. E Costa, com certeza, irá capitalizar votos para 2009. O trabalho não é assim tão complicado, o que é necessário é vontade política para resolver os problemas.

Anónimo disse...

Tudo o que os meus ex.mos Amigos anotam é verdade. Mas volto a chamar a atenção: mais de 70% dos titulares do direito de voto não escolheram candidatos apresentados por partidos políticos. Uns porque se recusaram a escolher e outros porque escolheram independentes.
Mais: a segunda "força" representada na Câmara resultou de uma lista de independentes, ou pelo menos apresentada sem o apoio de partidos. E à esquerda a primeira "força" representada é o movimento de Helena Roseta. Que soma mais votos que PCP e BE.
Não, não me esqueci do PS, mas referia-me à "esquerda"...

Tonibler disse...

Cara Suzana,

Numa perspectiva optimista, a abstenção significa que está tudo bem e, então, não vale a pena. Numa perspectiva pessimista, que está tudo tão mal que nem vale a pena.
O facto é que as pessoas deram menos importância ao presidente da câmara que aos deputados europeus, cuja importância política é dois degraus abaixo de ser vogal do ACP. Atendendo às circunstâncias em que as eleições se realizaram, eu diria que o problema está para lá da mera escolha de um partido ou candidato. Mas que há um problema bem grave, há, até porque quem tem acesso a solucioná-lo é quem o gerou.

Caro JMFA,

Digam-me os meus caros, afinal V. Exas. é que militam num dos "recusados"(gostava de ler um post sobre a sua explicação). Eu votaria no meu caro, pelas opiniões que aqui leio. Mas, deixe-me que lhe diga, o seu partido não parece defende-las com grande convicção e, como tal, não votarei nele. Curiosamente, ontem até ouvi o Marcelo a avisar os partidos sobre a força dos independentes e as eventuais alterações ao sistema eleitoral, como quem diz, "cuidado com estes!...".

Virus disse...

Sejamos honestos. onde é que anda o PSD e quem é que vota num PSD que anda desaparecido?

Há semanas que nem ouço falar, ou vejo o M&M. Se não fosse pela conversa da "fuga à SS" então é que era mesmo ZERO. Oposição essa é abaixo de zero...

A campanha foi feita por um tipo de Setúbal que nem sabe o que é o IPPAR, a EPUL e a EPAL... bom nesta altura já deve saber...

Perante tudo isto quem, do PSD, é que o quer a apresentar-se às Legislativas em 2009?

Temos que lhe agradecer uma coisa... foi o "camelo" que fez/está a fazer o PSD atravessar o deserto... mas está na hora de mudar de rumo, senão é melhor pensarem em arranjar um outro partido!

Anónimo disse...

Pois percebo-o muito bem, meu caro Tonibler. Mas não me interpele que eu sou um desalinhado. Em toda a linha, muito em especial essa da militância partidária que não se me encaixa...