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terça-feira, 16 de agosto de 2011

Por terras da Eslávia do Sul-Split-VII




Split, se é conhecida pelo seu clube de futebol, o Hajduk Split, tem no Palácio de Diocleciano a sua origem como cidade e o pólo de atracção de milhões de visitantes. Diocleciano tornou-se Imperador de Roma em 284 d. C., e decidiu erigir um Palácio perto da cidade romana de Salona, na costa croata, de onde se diz ser natural, e que serviria de sua residência, o que aconteceu no ano 305. O Palácio, com 215 metros de comprimento, com frente de mar, e 180 metros de largura ocupa uma área de cerca de quatro hectares e foi construído em onze anos apenas. Facto admirável e surpreendente, tanto mais que toda a pedra provinha de uma ilha costeira, necessitando de ser transportada em barcaças. Quatro grandes portas, uma por cada lado, davam, e continuam a dar, entrada para o Palácio.
O Peristilo, pátio central interior ornamentado por fiadas de colunas, hoje movimentado ponto de encontro e esplanada com cafés, continua a dar passagem para o Mausoléu, entretanto transformado na Catedral de S. Dómnio, para os templos, as termas, o vestíbulo, e os apartamentos imperiais. É o local onde diariamente o Imperador, acompanhado do seu séquito, continua a aparecer, saudando o povo, erguendo o polegar em sinal de contentamento, baixando-o, em sinal de condenação. No dia em que lá estive, o polegar baixou e o ar do Imperador implacável até os aplausos passarem a ser satisfatórios…
A cidade vizinha de Salona foi invadida e destruída em 615 pelos ávaros (ramo dos eslavos), tendo-se parte dos seus habitantes refugiado no Palácio, onde foram construindo uma verdadeira cidade, com casa de habitação, ruas estreitas, igrejas, edifícios administrativos. O entulho da construção foi lançado nas espaçosas caves abobadadas, que assim permaneceram pefeitamente intactas e puderam ser devolvidas ao seu esplendor.
Apesar da destruição, o Palácio ainda contém muitas construções originais, coexistindo com extraordinários monumentos das diversas épocas posteriores. Por isso, o Palácio, por si só, constitui um verdadeiro museu histórico.

Na Foto: Peristilo e, à esquerda, Catedral erigida em parte no Mausoléu de Diocleciano

3 comentários:

Bartolomeu disse...

Parece que no mundial de futebol de 2010, o F.C. do Porto, deu 4/0 ao Hajduk Split.
Ainda deviam andar cansados de acartar tanta pedra...
;)))

Suzana Toscano disse...

E um pouco da História de Diocleciano, pode ser? Ao ler este post lembrei-me da história da construção do Convento de Mafra, descrita no Memorial do Convento. As pedras eram tiradas de Pero Pinheiro, fazim explodir as jazidas de mármore e depois eram puxadas por juntas de bois, esforçadamente, a escorregar na lama, há uma descrição fantástica do transporte de uma pedra gigante, que devia chegar inteira para ser a base da varanda de onde o cardeal havia de fazer a benção. Também Diocleciano há-de ter tido uma multidão de gente a transportar penosamente os pedregulhos e, no entanto, o que nós vemos hoje é uma obra imponente, parece que nascida por milagre, a partir do nada!

Suzana Toscano disse...

Em Roma visitei o Domus Aurea, de que uma pequena parte foi recuperada e aberta ao público, mas que foi uma obra gigantesca mandada construir pelo imperador Nero, depois de ter mandado incendiar Roma. Um palácio enorme, com jardins, áreas cultivadas, um lago artificial, que cobria as encostas de várias colinas em redor, e que tinha o interior coberto por folha de ouro, pedras preciosas e marfins, além de profusamente pintado e decorado. Na sala principal abria-se, na cúpula, um enorme óculo, que permitia a entrada da luz, entre muitas outras maravilhas do engenho que as lendas contam sobre o palácio. No exterior tinha uma estátua colossal de Nero, com cerca de 30 metros de altura. Depois da morte de Nero, o ódio era tão grande que ninguém se atreveu a ir habitar o palácio, de modo que as suas riquezas foram retiradas e encheu-se toda a zona de entulho, construindo-se depois vários edifícios e equipamentos sobre ele. Isso permitiu que se tenha tudo mantido surpreendentemente intacto, incluindo alguns magníficos frescos e mosaicos nos tectos, embora uma boa parte ainda esteja intransitável. Vale bem a pena a visita.