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segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Pelas terras da Eslávia do Sul-I

No reordenamento que se seguiu à 1ª Grande Guerra Mundial, os povos eslavos do sul reuniram-se num Estado (Iugo-Eslávia), que na língua servo-croata significava precisamente Eslávia do Sul. Povos que, todavia constituíam várias nações. Nada unia a Sérvia à Croácia, a Sérvia e a Croácia à Eslovénia, a Eslovénia à Macedónia ou ao Montenegro e, menos ainda qualquer destes povos à Bósnia.
Se Eslovenos e Croatas professam esmagadoramente a religião católica e utilizam o alfabeto latino, já os Sérvios professam a religião cristã ortodoxa e usam o alfabeto cirílico. Apesar de cristãos, quase tudo separa eslovenos de croatas, da cultura, à língua (croata e esloveno), ao modo de vida. Os Eslovenos, vizinhos da Áustria, viveram sob longa influência da Alemanha, aproximando-se dos valores destes países. A Croácia é um país do Sul, com hábitos muito menos rígidos, onde a influência e a maneira de ser dos povos do sul, sobretudo das cidades-estado italianas, e agora da Itália, marcam o modo de estar e de viver. Um exemplo talvez algo caricatural, mas significativo: na Croácia é difícil haver horário para almoço. Mesmo em muitas empresas come-se quando se tem fome. Horários de geometria variável obviamente impossíveis na organização eslovena.
Quanto aos Bósnios, dividem-se pelas religiões cristãs, católica e ortodoxa, e ainda pela religião muçulmana. Mas a situação ainda se complica pelo elevado número de croatas e sérvios no país, com predominância destes em algumas regiões. Este facto levou mesmo à criação de um novo país-enclave na Bósnia, a República SRPSKA, República Sérvia da Bósnia, uma República de Sérvios fora da Sérvia. O acabado exemplo de um Estado Bósnia retalhado por várias nações está na existência de 3 Presidentes da República, que se revezam de oito em oito meses, de modo a não descontentar gravemente os diversos grupos de cidadãos.
A junção de povos com diferenças tão pronunciadas num Estado foi possível numa ditadura, como a de Tito. Terminado o seu consulado, as diversas nações tornaram-se Estados autónomos. Estáveis onde a língua, a religião e passado cultural é comum, e instáveis onde se misturam línguas, religiões, alfabetos e culturas distintas.
Da volta por lá alinharei algumas crónicas.

4 comentários:

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Caro Dr. Pinho Cardão
Conheço a Bósnia, a Sérvia e a Croácia. A minha preferência vai para este último país, em especial devido à sua beleza natural e à fabulosa Drubovnik. Não faço sugestões porque sei que é um estudioso!
Boas férias e cá aguardamos as suas crónicas...

Suzana Toscano disse...

Pois eu não conheço mas acalento a ideia de ir um dia conhecer essas paragens, nada como uns posts do Pinho Cardão para nos estimular a imaginação e o desejo de lá ir ver com os nossos olhos. Aguardo com muita expectativa o cumprimento da sua promessa!Um abraço.

Pinho Cardão disse...

Obrigado, cara Suzana.
Antecipando, há duas coisas imperdíveis, do mais extraordinário que vi: Dubrovnik, como bem refere a Margarida, e o Palácio de Diocleciano em Split. Ah, e Zadar!

Franzini disse...

Caro dr Pinho Cardao
Vivo em Belgrado desde Janeiro e devo dizer-lhe que tenho pena que nao possa tambem visitar esta cidade,ia gostar.
Sobre o seu post, so uma nota. Ainda que o cirilico seja alfabeto oficial servio,a verdade e que o latinico predomina.
Por fim,devo dizer que ha uma ideia geral muito errada sobre os servios que sao um povo extremamente simpatico e aberto, muito semelhante ao portugues.