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quarta-feira, 4 de junho de 2014

Grémio Crescimentista em efervescência, arrisca falso "upgrade"?

1. Está na ordem do dia, há vários dias, o ambiente de efervescência que se vive nas hostes do Grémio Crescimentista (versão “soft”).

2. Por parte de diversas facções, com destaque para apoiantes do ex-PM e grande protagonista do capítulo mais glorioso das finanças públicas nacionais no período pós- 2ª Guerra Mundial, foram imputadas responsabilidades ao actual Sec. Geral (SG) por um suposto mau resultado nas eleições para o Parlamento Europeu (PE)...

3. ...considerando tal resultado um “omen” que aponta séria desgraça em eleições para o Parlamento Nacional, no próximo ano.

4. Como tal, resolveram abrir um processo de contestação à liderança, protagonizado por um rival do SG cujo perfil parece corresponder melhor, na perspectiva dos contestatários, ao de um “candidato ganhador”...

5. “Candidato ganhador” significará, se bem entendi, alguém que melhor se identifique com as suas teses de crescimento económico a todo o vapor, de geração espontânea, prescindindo da disponibilidade de recursos e fertilizado por uma oratória inconsequente, tal como a erva que cresce nos montes e vales por esse País afora...

6. Sucede que, pelo menos na minha análise, o resultado obtido nas eleições para o PE só não foi melhor exactamente por causa do discurso errático, inconsistente, que o SG (pessoa muito respeitável e afável como aqui tenho já opinado), resolveu utilizar na vã tentativa de agradar a estas facções internas, esquecendo-se que as pessoas, os eleitores...

7. ... não só não esquecem quem foi, em primeira linha, o causador da situação extremamente incómoda em que tanta gente foi colocada, como já não dão crédito a discursos políticos que prometem “sol na eira e chuva no nabal”!

8. O dito SG teria sido muito mais bem sucedido, penso, se tivesse utilizado um discurso realista e de assunção clara de culpas pelo que sucedeu ao País, apoiando as medidas de ajustamento sempre que necessário e distanciando-se do Governo quando houvesse justificação para tal (e não faltaram oportunidades)– mas neste caso sempre com propostas alternativas construtivas e não com “slogans” genéricos e sem credibilidade...

9. Por tudo isto, suspeito que a tentativa de “upgrade” da liderança em que o Grémio Crescimentista com grande afã se acha lançado, a avaliar pelo tipo de apoios que tem vindo a recolher corre o risco de vir a ser interpretado como tentativa de ressuscitar um passado indesejável, insistindo em políticas e fórmulas que lançaram o País numa enorme crise financeira que tão cedo não esquecerá...

10. ...acabando por justificar o velho aforismo “pior a emenda que o soneto”, e tornando quiçá necessário, daqui por pouco mais de um ano, a abertura de um novo processo de contestação, de nova tentativa de “upgrade”...

3 comentários:

João Pires da Cruz disse...

É uma grande injustiça este upgrade porque a oposição até se estava a sair bem. Recorde-se da promessa sob palavra de honra do SG que devolveria os salários aos funcionários públicos e a devolução aí está. Depois do líder da oposição, que esteve por esta altura ocupado a tirar fotografias com o Meireles, o SG do PS tinha sido até agora o único a apresentar obra entre as hostes Crescimentistas.

Tavares Moreira disse...

Caro João Pires da Cruz,

Bem observado, sim senhor, ao SG deve ser creditada essa ideia/palavra de honra - prontamente acolhida no já famoso Ratton - de devolução dos salários aos mais desprotegidos pela Austeridade que se abateu, como que por (des)encanto, sobre o País...
É uma injustiça, quase uma vergonha, os promotores da contestação interna não darem ao SG o devido crédito por este feito!
Quanto ao residente no outro Palácio, como saberá não foi ele quem, desta vez, suscitou as saborosas inconstitucionalidades que o TC conseguiu descortinar na lei orçamental!

Carlos Sério disse...

Ao que parece, não é só no PS que a confusão está instalada. António Capucho parece preparar-se para colocar em causa a chefia do PSD. As próximas eleições arriscam-se assim a ter novos candidatos a primeiros-ministros, quer no PS quer no PSD, dois candidatos alternativos aos actuais, alternativos aos SGs da Troika. Tem a sua lógica. Cumprida a missão da Troyka cumprida a missão de Passos e Seguro.