Número total de visualizações de páginas

sábado, 27 de outubro de 2007

Diz-me o que lês, ... - 2


O que Eduardo Marçal Grilo identificou como um sociolecto, têm alguns autores identificado como a expressão de uma ideologia dominante nas políticas educativas. O “eduquês” tem sido o alvo privilegiado de textos de grande aceitação pública como os de Nuno Crato e de Gabriel Mithá Ribeiro que, com especial pertinência e acuidade, têm vindo a denunciar a influência desta autêntica escola de pensamento educativo sobre as políticas, as escolas e as aprendizagens que imperam no nosso sistema educativo.

Depois de publicar “A pedagogia da Avestruz”, Gabriel Mithá Ribeiro volta com nova publicação: “A Lógica dos Burros – O Lado Negro das Políticas Educativas”. Nesta edição o autor reúne alguns dos seus artigos publicados regularmente na imprensa portuguesa, agora sistematizados em cinco capítulos que versam sobre os temas das ciências da educação, da indisciplina nas escolas, dos exames, os conteúdos curriculares e a gestão dos estabelecimentos de ensino.

Na altura em que algumas medidas legislativas revelam a marca emergente de algumas visões românticas do processo educativo, a leitura desta obra faz-nos pensar sobre a verdadeira natureza deste lobby que tão nefasto tem sido para a educação em Portugal nos últimos vinte anos.

Independentemente de concordarmos mais ou menos com as teses do autor, a sua leitura deixa-nos a analogia do “eduquês” com as “bruxas”: mesmo que não se acredite, …

Uma leitura indispensável.

4 comentários:

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Caro Professor David Justino
Não li o livro e não conhecia a obra; mas atenta a sua recomendação vou ler.
Tenho a esperança de encontrar no livro algo de novo, sobretudo quanto a propostas que apontem para a resolução do revoltante insucesso escolar e da praga da iliteracia dos nossos estudantes.
O título do livro "A LÓGICA DOS BURROS" é sugestivo e convidativo porque parece ir ao encontro da ideia de que a teimosia, um dos principais defeitos do burro, em prosseguir soluções falhadas e caminhos errados é responsável pelo fracasso do ensino em Portugal.
Talvez encontre no livro explicações para a indisciplina, a desautorização dos professores e a desvantagem dos exames que há muito, desgraçadamente, minam o ensino. São modernices ou "visões românticas" que antigamente, se a memória não me falha, não faziam falta!

Tonibler disse...

Aqui http://www.viriatos.blogspot.com/2007/10/escola-est-muito-mal.html

Nuno Crato sobre eduquês.

Rui Fonseca disse...

Professor David Justino,

Ainda não comprei o livro mas já li o "post" que o Tonibler refere no comentário anterior. Que resume o que Nuno Crato tem escrito e dito sobre o eduquês.

E subscrevo totalmente o que ele lá deixou escrito. Mais ou menos isto: É tão óbvio que é espantoso que se tenham de escrever livros a dizer aquilo que Nuno Crato diz.

Mas acrescento: O problema é que o óbvio nem sempre é nítido. No caso da educação, é mesmo pouco nítido: a maior parte dos portugueses simplesmente não se importa com a educação, importa-se com o estatuto. E este não é, frequentemente, função do mérito mas das aparências.

Aliás, não foi por acaso que a educação não fazia parte dos cadernos reivindicativos apresentados no 25 de Abril: Paz, pão, saúde, habitação.

A educação não constava e continua a não constar. Daí andar aos baldões do facilitismo.

David Justino disse...

Meus caros comentadores,
quem ler o último post do Miguel Frasquilho compreenderá a oportunidade da leitura deste livro e de como o lobby do "eduquês" está muito longe de deixar de exercer o poder que cada vez mais exerce.
Quando os sinais que se transmitem à sociedade vão no sentido da desvalorização das regras mais elementares, é natural que nem os professores possam ser levados a sério, nem as escolas consigam impôr as mais elementares normas de justiça e de disiciplina.
Afinal "estudantes" (os que vão à escola e estudam), "escolantes" (os que vão à escola e não estudam) e "faltantes" (os que não vão à escola e não estudam) passam a ser tratados ao mesmo nível, com os mesmos direitos, mas raramente com os mesmos deveres.
Assim, não há volta a dar.
Cumprimentos.