Depois de ter publicado o meu post da passada segunda-feira “Viverá neste Mundo?!...”, tive conhecimento que, nas Grandes Opções do Plano (GOP) para 2008-2009, o Governo manteve todas as previsões económicas que foram apresentadas aquando do Orçamento do Estado para 2008… há mais de 6 meses!...
Assim, quando a inflação homóloga já atingiu 3.1%, o Governo manteve a projecção de 2.1% quer para 2008, quer para 2009 (mesmo sabendo que se todos os preços estivessem totalmente congelados até ao final deste ano, ficaríamos sempre acima de 2.1%...).
No desemprego, quando, infelizmente, as revisões acontecem todas em alta e os dados conhecidos não antecipam nada de bom, o Governo, mantendo uma ilusão que se revela totalmente desadequada, continua a prever uma queda do desemprego quer em 2008, quer em 2009.
Mas o caso pior é mesmo o do crescimento económico.
No post anterior já falei do FMI, da OCDE e dos indicadores do INE e da Comissão Europeia. Faltava só o Banco de Portugal. Que, ontem, no seu boletim económico de Primavera, veio considerar que a actual crise nos mercados financeiros terá uma implicação desfavorável na economia portuguesa. A que se deve somar o efeito da alta dos preços do petróleo e das matérias-primas e ainda a desaceleração da economia americana, com naturais efeitos na Europa. E considera ainda o Banco de Portugal que “a combinação destes choques não deixará de ter implicações desfavoráveis sobre a dinâmica de recuperação da economia portuguesa, afectando a procura externa dirigida à economia portuguesa, as decisões intertemporais de consumo e investimento dos agentes económicos e a evolução das suas condições de solvabilidade”.
Ora, perante esta análise, nas GOP, o Governo manteve o mesmo cenário de há 6 meses. Como se, entretanto, tudo continuasse na mesma…
Se as GOP fossem um documento fundamental (que em minha opinião não são, e por isso já num passado recente propus o seu fim, numa intervenção no Parlamento), tinham recebido, agora uma (nova) valente machadada em termos de credibilidade. Assim, apenas a alenta agonia em que há já vários anos caíram foi novamente ampliada.
Mas atenção: nem tudo são más notícias!... É que, afinal, se no post anterior questionava se o Governo (e o Primeiro-Ministro) viveria neste Mundo, não posso deixar de constatar que, em matéria de coerência, está tudo certo: um Governo que não vive neste Mundo, só podia elaborar umas GOP que também não são deste Mundo!...
1 comentário:
Caro Miguel,
Porque não deixais o governo comer ananases na lua? Mmmmm? Não terão os pobrezitos direito a comer um ananasito ou outro, confortavelmente sentados, no nosso satélite natural?
Mas nããããããoooo, chega aqui e pimbas! Proíbido o consumo de ananases!
No outro dia, quando o vi assim de fugida na televisão (sim, foi de fugida porque eu agora não vejo notícias), pensei de mim para comigo: «Demónios! Qualquer dia, chamam-no à direcção para lhe dizer que está a fazer muito ruído».
Foi o que me aconteceu da última vez que expliquei - matematicamente e por escrito - a impossibilidade real de cumprir prazos face ao volume de trabalho e aos recursos humanos disponíveis, sendo que aproveitei a oportunidade, também, para chamar a atenção para o facto de que cada vez que tinham uma ideia nova de organização, tal teria sempre um impacto directo no trabalho e no cumprimento do respectivo prazo.
Sabe o que é que me disseram?
1º «Mas porque é que vocês não conversam? Estas coisas devem ser faladas primeiro (...)».
Ri-me. Tão fofinha que a nossa nova criatura é... e preocupada também :)... além disso também devia estar a pensar que estava a lidar com um débil mental.
2º «Isto está escrito... como hei-de dizer... de uma forma muito agressiva...e depois estas coisas causam muito ruído...»
Aqui já não achei grande graça e tive de lhe dizer que não estava a perceber onde estava a agressividade nos dois cenários matematicamente justificados. Eram factos objectivos e não desvarios emocionais, como tal tive de lhe dizer que não percebia o que é que ela estava a ver para além dos factos reportados. Aqui juntou-se a nossa "sub" (Sim, arranjaram-nos uma Sub-directora filósofa, não sei bem para quê nem o que é que ela faz mas, é giro), citou-me qualquer coisa de «Sócrates» (o filósofo) sobre porque é que ele preferia falar a escrever. Respondi-lhe automaticamente que era Aristotélica e não Socrática, como tal - para mim - a filosofia de Sócrates, até era engraçadinha mas, estava claramente ultrapassada, não tinha qualquer utilidade e nem ponta por onde se lhe pegasse. Pelo caminho aproveitei para deixar umas dicas sobre Platão não fossem elas ter a triste ideia de mo citar também (ainda por cima este só teve ideias parvas).
Mas sabe qual foi a cereja no topo do bolo? Foi quando, ao olhar para o que eu tinha escrito, se viraram para mim e disseram: «Mas como é que é possível rebater isto? Não é possível responder!»
Foi nesse momento que perdi o pio, porque quando há uma direcção que se manifesta incapaz de rebater um cenário tosco (porque até nem era assim tão elaborado, aquilo era matemática 101), então não há mais nada a dizer.
E o que é que isto tem a ver consigo? Tudo e nada.
Tudo, porque eles gostam de comer ananases na lua enquanto vão conversando e quando decidem, decidem com base nos tais ananases.Há que confessar que lá oratória têm eles mas quando chega à parte dos factos é que é mais complicado.
Sabe qual é a parte que eu mais gosto? É a parte em que Newton tinha razão. Tudo o que sobe, também desce e dependendo da altura, meia volta, esborracham-se cá em baixo.
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