Logo à noite, o primeiro debate televisivo entre Seguro e Costa. Se, depois de meses de campanha, reportagens televisivas, entrevistas nos jornais e na rádio, depois deste tempo todo de acrimónia e ofensas mútuas, de propostas logo criticadas ou esquecidas e depois retomadas com nova embalagem, os socialistas ou equiparados, potenciais votantes de um e outro ainda não sabem quem escolher, então pobres socialistas.
Teremos então mais um tempo de palração. Tempo perdido, digo eu, por duas razões. Porque qualquer um apenas só conseguirá convencer os já convertidos. Depois, porque um exército de jornalistas, analistas, comentadores logo se encarregarão de interpretar os discursos a seu modo, reestruturando-os de acordo com a sua conveniência, dizendo o que não ouviram e distorcendo o que realmente ouviram.
E o mais admirável, para mim, é como os nossos políticos, desde os líderes partidários ao 1º Ministro, se sujeitam a isto, e acabam por delegar em meia dúzia de pensadores encartados de sua confiança a tradução do que disseram nas entrevistas ou debates.
Enfim, tempo de palração. E palrar é fácil, como, embora noutro contexto, hoje dizia Miguel Sousa Tavares. Siga, pois, o ritual.
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