Hoje de manhã quando ouvi na telefonia a notícia sobre os resultados a que chegou a Deco Proteste numa análise à qualidade de carne de vaca picada que é vendida em estabelecimentos comerciais pensei que este assunto não iria ficar por aqui. Uma tal notícia não iria deixar em bons lençóis, ou deveria ser assim, as entidades oficias que zelam pela qualidade e segurança alimentar.
A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) veio, como seria de esperar, desvalorizar o assunto. E as críticas não se fizeram esperar. Não sei se a amostra da Deco Proteste é representativa, mas os resultados publicitados são preocupantes e exigem, a confirmarem-se, medidas concretas das autoridades públicas.
A ASAE questiona os resultados do trabalho da Deco e avança que em 2014 recolheu 42 amostras de carne na Região de Lisboa e que não detectou qualquer resultado irregular.
O Conselho de Segurança Alimentar vai reunir-se. Este órgão foi constituído quando surgiu o fenómeno da venda da carne de cavalo em 2013. Dá ideia que de lá para cá não voltou a reunir. Há órgãos para tudo e mais alguma coisa, nascem como as cerejas. Mas fica a dúvida sobre a sua utilidade. Surgem muitas vezes para “acudir” a uma situação a requerer uma intervenção política, mas depois desaparecem de circulação.
Vamos lá ver se o dito Conselho resolve alguma coisa sobre a carne picada. Com a alimentação não se brinca e muito menos com a saúde pública. Já basta o que para aí vai no Serviço Nacional de Saúde…
4 comentários:
Assisti no telejornal da noite à reportagem sobre este assunto e recordei-me de um episódio em que fui interveniente. Há poucos anos ainda, fui incumbido superiormente, no organismo onde trabalhava, a reunir os relatórios apresentados pelo Instituto Ricardo Jorge, das inspeções feitas no refeitório, aos alimentos e às palamentas.
Nesses relatórios eram sempre mencionados níveis altos de bactérias de vária ordem, tanto nos utensílios, como nos próprios alimentos. Compilei todos aqueles relatórios e comuniquei superiormente os resultados, alertando para os problemas de saúde que poderiam ocorrer, resultantes da ingestão dos alimentos contaminados. Foi-me então pedido que reunisse com o director da empresa concessionária do refeitório, o qual começou imediatamente por desvalorizar os relatórios do Instituto, colocando-me à frente relatórios de uma empresa, "com quem trabalhavam" e que demonstravam que todos os resultados se encontravam dentro dos parâmetros permitidos por lei.
Estávamos portanto, perante um impasse, não me valeu de nada argumentar que os resultados apresentados pelo Instituto tinham obrigação de ser mais rigorosos e que além do mais eram apresentados por uma entidade que não defendia interesses. Bom, gerou-se naquela reunião uma guerra de opiniões que não conduziu a nada, uma vez que eu insistia que se o Instituto apresentava aqueles resultados, era evidente que as bactérias se encontravam onde tinham sido recolhidas. Dado o impasse, reportei superiormente o resultado da reunião, sugerindo que se abrisse concurso para concessionar o refeitório à empresa que apresentasse melhores condições. Para minha surpreza, nada foi tomada qualquer decisão. Até à data em que saí, a empresa concessionaria mantinha-se, os relatórios do Ricardo Jorge também e as bactérias por lá continuavam felizes e contentes. De quando em vez, surgiam funcionários com queixas de vómitos, más digestões, diarreias mas, ninguém ligava patavina ao assunto.
Caro Bartolomeu
É muito comum ficar tudo na mesma, sem se saber afinal o que se passou, sem apurar responsabilidades e haver consequências. Ficam as dúvidas até à próxima. As memórias são curtas, depois do mediatismo volta tudo à normalidade.
Vai ver que ainda vem aí um inquérito para averiguar o que se passou e quem tem ou não tem razão. Podemos ficar descansados!
Talvez, sim, cara Drª Margarida. Um inquérito pretérito-presente-inconclusivo e... eficazmente paralítico. O costume.
O sucialismo (não se trata de gralha) em picadinho...
Enviar um comentário