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domingo, 4 de janeiro de 2015

Honestidade e verdade: um mundo virtual?


Interessante uma reflexão em torno do tema “Virtudes e defeitos. Onde começa a tentação acaba a honestidade”. Segundo os especialistas ninguém é totalmente honesto ou totalmente desonesto. Mas algumas pessoas são mais sérias do que outras. Tenho para mim que a honestidade não é graduável. As pessoas ou são sérias ou não são. Podem, sim, em face das circunstâncias cometer alguns desvios. Mas concordo plenamente que a educação é um factor fundamental de regulação dos comportamentos, que estabelece a diferença entre o bem e o mal e que define barreiras entre um mundo e o outro. A educação “cívica” assente em valores éticos e morais é essencial. Mas não chega, embora seja ela própria fundamental para criar instituições sólidas, como é o caso da lei e da justiça. Sólidas no sentido de os cidadãos reconhecerem nelas instrumentos necessários e eficazes e de as respeitarem, seja porque a lei tem a medida certa para prevenir e punir a infracção, seja porque a justiça é célere na aplicação. A culpa e a vergonha por comportamentos que a sociedade condena, não apenas à face da lei mas também tendo por referencial códigos de conduta éticos e morais, são dois efeitos dissuasores da desonestidade e da mentira que aproveita benefícios indevidos e prejudica terceiros. Mas haverá sempre ocasiões que fazem o ladrão, haverá sempre quem julgue que poderá enganar os outros, aproveitando barreiras mal vigiadas ou crises de valores ou institucionais, ou que se ache no direito de recorrer à mentira ou de fabricar a sua verdade, fazendo da mentira por repetidas vezes utilizada a verdade ou defendendo a verdade que lhe convém...

2 comentários:

Bartolomeu disse...

É de facto muito interessante o artigo escrito pela jornalista do "i" e a reflexão que a cara Drª Margarida publica.
E, permita-me que faça minhas as suas palavras « Tenho para mim que a honestidade não é graduável.» Não é, assim como não é graduável a honestidade com que se julga a falta ou o erro de alguém. Esta pode ser outra reflexão que nos pode levar a questionar se no julgamento, na acusação e na defesa por vezes se assiste a um braço de ferro entre verdades e honestidades... diferentes. A mentira acompanha o Homem desde os primordios, e o desejo de a eliminar também, contudo, tudo permanece inalterável. Será possível incluirmos na reflexão que fizermos, a hipotese de existir uma lei universal que obriga os seres humanos a utilizar a capacidade de mentir e de enganar, como forma de suprir incapacidades e fraquezas?!



Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Caro Bartlomeu
Um tema que por ser tão simples é tão complicado! A honestidade e a verdade no longo prazo compensam sempre, quem opta por este caminho pode ter grandes desilusões e perdas. É por isso que a mentira muitas vezes compensa. O problema parece estar em distinguir a verdade da mentira. Por vezes aceitamos a mentira porque queremos que seja verdade ou porque já estamos descontentes com a própria verdade.