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terça-feira, 25 de agosto de 2015

A turbulência económica com epicentro em Pequim e a ideia da criação de 207.000 empregos em 4 anos...


  1. Os simpáticos Crescimentistas surpreenderam quase todo o resto do Mundo quando, há poucos dias, anunciaram a “promessa” da criação de 207.000 novos empregos nos próximos 4 anos.
  2. É certo que rapidamente corrigiram o “tiro” inicial, esclarecendo que não se tratava de uma promessa, mas sim de um cenário-objectivo, que seria esperável a partir de um conjunto de medidas de política amigas do crescimento (ou da despesa?)…
  3. Mas trate-se de promessa ou de cenário-objectivo, eu confesso não entender como é que no mundo actual, com a infinita variedade de contingências internas e externas que se colocam, a cada dia, à condução da política económica, ainda exista ousadia para apresentar cenários de criação (líquida) de X empregos em N anos…
  4. Estas dúvidas assaltaram-me com particular intensidade quando hoje estava mergulhado nas notícias em torno da quase apoplética reacção dos mercados de capitais (de acções e de dívida) e dos mercados cambiais (neste caso com uma inesperada valorização do Euro face ao USD), em todo o Mundo, aos mais recentes sinais de turbulência económica, financeira e cambial na China.
  5. Este episódio das últimas horas, sem prejuízo de se poder considerar manifestamente excessiva a reacção inicial dos mercados, mostra-nos quanto é hoje arriscado e fantasista apresentar previsões com o grau de precisão inerente a esta sugestão de criar 207.000 empregos em 4 anos…
  6. Os nossos políticos já tiveram tempo mais que suficiente – e dispuseram de experiências bem amargas, ainda no passado recente - para perceberem que não é possível, no Mundo globalizado em que vivemos, abraçar cenários ou propostas que, bem vistas as coisas, não passam de distantes quimeras…
  7. Daí a minha dificuldade em perceber a ideia  da referida proposta, ainda que situada tão  somente no plano diáfano dos cenários-objectivo…

6 comentários:

João Pires da Cruz disse...

Caro Tavares Moreira,

Só o período de férias a que as hostes crescimentistas estão obrigadas, certamente a partilharem de forma solidária o mediterrâneo com os refugiados (esses desgraçados que não perceberam que não são pobres, apenas têm a mania de fazer contas segundo as regras das epistemologias do Norte capitalista, colonialista e patriarcal), poderá justificar o silêncio face a este fenómeno - mais um - que mostra os malefícios da economia de casino. Vamos ter que esperar até Setembro para perceber que afinal o estado não anda a gastar demais, está apenas a ser pressionado pelas ondas destruidoras do colapso dos mercados capitalistas que, como sabemos, só afectam a boa economia nacional quando caem. O que só vem mostrar que não faz qualquer sentido manter esta política austeritarista de miséria, baseada na destruição dos sectores estratégicos nacionais, na desvalorização do bem público e na venda ao desbarato do país, e sem a qual os mercados chineses nunca teriam caído.

Tavares Moreira disse...

Caro Pires da Cruz,

Isto está mesmo difícil, com os Crescimentistas em férias, como diz, não há animação em torno destes temas.
Esperemos então pelo seu regresso, com as epistemologias refrescadas, para ver se o ambiente ganha novo alento...
Quanto aos chineses, não sei se notou o respeitinho do PCP face aos desenvolvimentos super-capitalistas na China "socialista"...se o que vem acontecendo na China "socialista" tivesse como palco a Europa capitalista, sujeita aos ditames do mercado e às políticas de austeridade...não se calavam, desatando num berreiro ensurdecedor!

Bartolomeu disse...

Eu, não vejo qualquer dificuldade em perceber a viabilidade da proposta de A. C. de criar os tais 270.000 postos de trabalho.
Aliás, até nem vejo necessidade de estender o prazo a 4 anos. Um ano seria suficiente, ou até meio ano; bastaria para tanto que a Anbang, depois de comprar o NB, comprasse o país e o transformasse num imenso arrozal.
Nessa altura, deixaria de haver desemprego em Portugal, passaríamos a ser um exemplo para a Europa e o Mundo. Passaríamos a andar todos de cu para o ar, a semear, a mondar e a colher o arroz mas, haveria emprego para todos!

Tavares Moreira disse...

Caro Bartolomeu,

Ora aqui temos um comentário que revela um conhecimento profundo do fenómeno da globalização.
Acontece, todavia, que as produções de arroz do ex-Grupo e ex-Espírito Santo - bem como outras actividades agrícolas a que afanosamente se dedicava antes do colapso que culminou na famosa Resolução bancária de 3 de Agosto de 2015 - não se situam em Portugal mas sim no Paraguai e também no Brasil, creio.
Sendo assim, a hipótese que coloca é de exequibilidade duvidosa, a menos que esteja a encarar a emigração, em massa, de cidadãos lusos, Estremenhos e outros, para aquelas paragens latino-americanas...
Espero que já tenha completado o gozo de magníficas férias, com a componente gastronómica em merecido destaque! A boa disposição parece sugerir que sim!

Tavares Moreira disse...

Atenção, caro Bartolomeu: onde está Resolução bancária de 3 de Agosto/2015 deve ler-se 3 de Agosto/2014.
As minhas sinceras desculpas pelo grave lapso.

Bartolomeu disse...

Não carecia retificar as datas, caro Dr. T. Moreira, percebi perfeitamente a quando se referia.
Mais emigração?! Não, não defendo essa solução, apesar de que seria ótima para compor as estatísticas, como aliás se tem verificado ao longo destes últimos 3 anos, quase 4.
Contudo, nas décadas de 20, 3o e ainda 40, o fluxo migratório de cidadãos lusos para vários países da américa do sul, teve um enorme impacto na economia agricula. Mas, temos de ter presente que atualmente a agricultura se processa de forma quase totalmente mecanizada, dispensando mão-de-obra.
Quanto a férias... sabe muito bem o meu estimado amigo que, desde ha dois anos me encontro na situação de férias permanentes o que me permite preferir os meses menos de veraneio para as minhas deslocações vadias pelo país, colocando sempre em primeiro plano as vertentes cultural e gastronómica.