Pela primeira vez o INE apresentou contas económicas da Cultura. A Cultura, calcula o INE, representa 1,7% do VAB (valor
acrescentado bruto) nacional e 2% do emprego nacional. Em termos de VAB os
sectores dos livros e publicações e do audiovisual e multimédia contribuem com
cerca de 56%, enquanto o património cultural e as artes do espectáculo tem um
contributo bem modesto, de apenas 8%.
Mas estes números analisados isoladamente dizem pouco. É fundamental comparar o desempenho económico da Cultura com o de outros países. O INE mostra que de entre os cinco países com contas comparáveis - Espanha, Finlândia, Polónia e República Checa - Portugal é o que apresenta um menor peso relativo da Cultura no VAB, distanciado da República Checa com 2,6% e da Finlândia com 3,2%. E quando se compara a importância económica da Cultura sobre o rendimento e o nível de escolaridade, os outros países apresentam níveis de rendimento e/ou escolaridade superiores a Portugal.
Resultados que não surpreendem, quando verificamos que a Cultura é um parente pobre do Orçamento de Estado (em termos de despesa total: 0,4% em 2011 e 0,11% em 2013) e dos orçamentos privados, das empresas e das famílias, e que o mecenato cultural é ainda uma miragem no País. As políticas públicas da Cultura e o modelo da sua governação contribuem certamente para os resultados.
Embora o OE consigne uma fatia muito reduzida à Cultura, a qualidade da despesa que é feita deveria ser, também, alvo de análise. Há despesa reprodutiva, mas também há despesa sem retorno quando estão em causa subsídios para actividades de valia económica e social duvidosa. Nesta matéria não existem avaliações e o escrutínio público é zero.
Mas o valor da Cultura não se mede apenas pelo seu valor económico. Há um conjunto de elementos intangíveis que são muito importantes considerar quando se avalia o impacto da Cultura no desenvolvimento de um país.
Olho para a Cultura como uma alavanca para nos desenvolvermos de um ponto de vista económico, sim, mas olho para a Cultura como uma via para preservar e potenciar o que nos identifica e nos distingue. Como tal, a Cultura é uma actividade que deve merecer uma atenção transversal. Sendo importante o investimento que é colocado na Cultura, considero ainda mais relevante as atitudes e os comportamentos dos agentes políticos e dos agentes privados, investidores ou consumidores, perante a Cultura.
Veria com bons olhos, por exemplo, uma associação para efeitos de políticas públicas entre a Cultura e o Turismo. Mas a Cultura está dependente e dela dependem muitos outros sectores, como por exemplo a educação e a formação ou o ordenamento do território. A Cultura, como aliás outros sectores, não deve ser administrado e tratado como um "silo". Alterar este paradigma não é fácil, é um desafio. Um desafio que tem muito de "cultural"...
Mas estes números analisados isoladamente dizem pouco. É fundamental comparar o desempenho económico da Cultura com o de outros países. O INE mostra que de entre os cinco países com contas comparáveis - Espanha, Finlândia, Polónia e República Checa - Portugal é o que apresenta um menor peso relativo da Cultura no VAB, distanciado da República Checa com 2,6% e da Finlândia com 3,2%. E quando se compara a importância económica da Cultura sobre o rendimento e o nível de escolaridade, os outros países apresentam níveis de rendimento e/ou escolaridade superiores a Portugal.
Resultados que não surpreendem, quando verificamos que a Cultura é um parente pobre do Orçamento de Estado (em termos de despesa total: 0,4% em 2011 e 0,11% em 2013) e dos orçamentos privados, das empresas e das famílias, e que o mecenato cultural é ainda uma miragem no País. As políticas públicas da Cultura e o modelo da sua governação contribuem certamente para os resultados.
Embora o OE consigne uma fatia muito reduzida à Cultura, a qualidade da despesa que é feita deveria ser, também, alvo de análise. Há despesa reprodutiva, mas também há despesa sem retorno quando estão em causa subsídios para actividades de valia económica e social duvidosa. Nesta matéria não existem avaliações e o escrutínio público é zero.
Mas o valor da Cultura não se mede apenas pelo seu valor económico. Há um conjunto de elementos intangíveis que são muito importantes considerar quando se avalia o impacto da Cultura no desenvolvimento de um país.
Olho para a Cultura como uma alavanca para nos desenvolvermos de um ponto de vista económico, sim, mas olho para a Cultura como uma via para preservar e potenciar o que nos identifica e nos distingue. Como tal, a Cultura é uma actividade que deve merecer uma atenção transversal. Sendo importante o investimento que é colocado na Cultura, considero ainda mais relevante as atitudes e os comportamentos dos agentes políticos e dos agentes privados, investidores ou consumidores, perante a Cultura.
Veria com bons olhos, por exemplo, uma associação para efeitos de políticas públicas entre a Cultura e o Turismo. Mas a Cultura está dependente e dela dependem muitos outros sectores, como por exemplo a educação e a formação ou o ordenamento do território. A Cultura, como aliás outros sectores, não deve ser administrado e tratado como um "silo". Alterar este paradigma não é fácil, é um desafio. Um desafio que tem muito de "cultural"...
3 comentários:
A cultura, neste país em que vivemos, ainda é vista por uns, como algo a que só as elites deverão ter acesso e por outros, como algo que só interessa às elites. Esta postura a todos os níveis, ignora o valor da cultura. Ignora que, para além de gratuita, a cultura tem de ser mostrada, apoiada e estimulada desde os primeiros tempos de escola, porque é a cultura que proporciona um olhar mais atento e sensível sobre todas as coisas do Mundo... e dos Homens.
A cultura não precisa de ser erudita para constituir um importante alimento para o espírito e para os sentidos. Através da cultura, o Homem ganha uma maior consciência de si mesmo e dos seus semelhantes. Através da cultura, o Homem aprende a descobrir o seu caminho neste mundo e a expressar as suas aptidões artísticas e a coloca-las à disposição dos demais, para que todos usufruam e para que todos nela se revejam e com ela cresçam. Alguém culto, disse: «Tudo o que existe, é feito pelo braço do Homem»! Atentando na verdade desta frase, conclui-se que a cultura, é essencialmente uma manifestação de humildade perante os nossos semelhantes e a energia que se cria, fruto da união em torno dessa mesma cultura, da sua divulgação e acessibilidade; praticando-A!
Completamente de acordo, Carlo Bartolomeu.
Cultivar a Cultura é uma tarefa inacabada e que requer esforço e treino. É uma espécie de ADN que está dependente de um exercício colectivo afincado.
Cultura, pode ser um mar de ervas verdes de esperança, polvilhado por coloridas e perfumadas flores.
Ondeia a erva verde, como um mar.
Fá-la a força do vento, ondear.
Polvilhada por flores brancas, e lilás.
De onde despegar meus olhos, não sou capaz.
Foram as bastantes chuvas e últimos sois,
E foi a acção concertada dos dois.
E foi a terra e foi o ar,
Que lhes deram toda a cor que há para dar.
Erva viçosa, brilhante, bem vivaz
Encanta-me, faz-me sentir ainda capaz.
Convida-me insistentemente a rebolar,
A correr a rir e a partilhar.
E penso, cismo e reflicto
Num único, importante e simples acto.
O de o Homem querer evoluir...
Deixando que o melhor dele, possa fugir.
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