No caso das viagens oferecidas pela Galp, eu nem admito que os três membros do governo que as aceitaram se deixassem corromper. Mas que a a aceitação revelou uma absoluta falta de senso, lá isso revelou. E bom senso não deveria faltar a ninguém, muito menos a um membro do governo.
Uma empresa como a Galp, para além de contenciosos normais com o Fisco, tem interpretações diferentes das normas tributárias que muitas vezes são decididas, em última instância, pelo Secretário de Estado. E, sendo uma das maiores empresas industriais do país, tem uma relação estreita com a Secretaria de Estado da Indústria; e, como empresa internacionalizada, por certo que muitos dossiers passam pela Secretaria de Estado da Internacionalização.
Ora, assim sendo, e no ambiente de contínua suspeição em que se vive, como é que aquelas alminhas não intuíram a borrasca que a aceitação do convite por certo causaria? E, pior a emenda que o soneto, como é que pensaram que o reembolso do custo da deslocação lhes resolvia o problema?
Se quem não deve não teme, por que razão temeram ficar a dever?
4 comentários:
Totalmente de acordo com a falta de senso. O drama é estamos perante uma pandemia que atinge quase todos. Para quando a profilaxia?
Sendo a Galp a empresa que é, com a dimensão que tem e as dependências das decisões dos organismos do estado que as tutelam, não deveria ter também usado de bom senso e nem sequer ter endereçado os convites?
Ou haveria intenção de passar uma rasteira aos governantes?
Ou, a euforia futebolista/nacionalista que se registou, apadrinhada e incentivada pelo PR, originou uma espécie de atrofia nos altos crânios envolvidos ?
Bastava que quem nos governa conhecesse a lei para que o que aconteceu não tivesse acontecido. Julgo até haver matéria criminal.
Também vergonhosa, foi a postura de certos políticos (bloco e ps) que se apressaram a minimizar o problema. Mas está tudo bem, se eles pensam assim.
Podemos dourar a pílula com a "falta de senso". Mas, a meu ver, a questão formal é mais grave, já que parece que estamos perante um acto de corrupção. E, que se saiba, a devolução do dinheiro ao corruptor não elimina a falta nem serve de atenuante.
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