Mais uma extraordinária realização da geringonça. Em 3 meses, tempo recorde, e depois de um ciclópico esforço, conseguiu que as máquinas de vender bilhetes do metro tivessem os ditos cujos, o que não acontecia desde setembro!...
Perante tão fabuloso sucesso, nem vale a pena questionar por que é que os bilhetes se tinham esgotado. Para mim, não tem dúvida: foi o açambarcamento feito pelos sabotadores da economia que se opõem à geringonça. Tudo explicado.
Por feito tão glorioso, Viva o Metro público! E Glória à privativa Geringonça!Perante tão fabuloso sucesso, nem vale a pena questionar por que é que os bilhetes se tinham esgotado. Para mim, não tem dúvida: foi o açambarcamento feito pelos sabotadores da economia que se opõem à geringonça. Tudo explicado.
5 comentários:
O Pinho Cardão no seu melhor.
Viva a Geringonça e Nuno Espirito Santo, Ámen.
Caro Pinho Cardao,
como é sabido a empresa do metro de Lisboa atravessa uma fase de "canibalização".
Possivelmente resultado de políticas "neoliberais de direita radical" mas praticadas por um governo de esquerda :-)
Caro Pinho Cardão, fui lendo por aí essa história dos bilhetes do metro e muito honestamente lhe digo que nunca consegui perceber nada do assunto. Já não tenho conhecimentos em Portugal a quem pudesse perguntar portanto fiquei realmente sem perceber. Ou melhor, o que me parece ter percebido não faz qualquer sentido.
Não sei exactamente qual o sistema específico, as especificações técnicas pormenorizadas, do sistema usado pelos transportes em Lisboa mas é o mesmo em todos os operadores. Os mesmos cartões podem ser usados em qualquer operador. Ora, a menos que quando o sistema foi implementado tenha sido criada uma picoinhice qualquer, estes sistemas são standard e não têm complicação nenhuma. O seu fabrico e funcionamento está devidamente regulado numa norma ISO. Claro está que se foi introduzida uma picoinhice que tenha tornado o sistema em único mundial foi feita asneira. Mas vou assumir que não. Cartões deste cariz o que não falta são empresas a faze-los. É um simples cartão com um circuito integrado e um pequeno chip que permite escrever e armazenar dados. Não tem complicação nenhuma, nada de especial, nenhuma barafunda. Isto, claro, assumindo que em Lisboa foi seguida a regra da generalidade do mundo e não se inventou uma patetice qualquer que tenha criado um sistema único. Ora, perante isto, sinceramente, não entendi patavina do assunto. Ou se calhar o que entendi foi mesmo a história toda e é um absurdo total.
Acabarem-se os bilhetes para os transportes eu até seria capaz de aceitar em Lagos (da Nigéria, não do Algarve) ou em Kinshasa. Não seria nada por aí além. Em Brazaville ou Addis Abeba já me custaria um bocado mais a engolir e tentaria saber pormenores. Em Lisboa, sinceramente, até conseguir (se conseguir...) saber mais pormenores quero crer que houve realmente alguma coisa grave pelo meio porque se for apenas o que entendi do que fui lendo é o cúmulo da parvoíce pegada.
Pois eu não sei mais do que o Zuricher. Por cá, ninguém informou nada, nem os media quiseram saber porquê, ou então foram dissuadidos disso. Por isso, correram todas as especulações, entre as quais a própria dificuldade de tesouraria do Metro no aprovisionamento do papel e na produção dos bilhetes. De facto, isto coincidiu com limitação de comboios e um pior serviço público, atribuído a razões financeiras. O aumento da despesa pública em muitas rubricas levou inevitavelmente a cortes nos serviços públicos. Mas aqui, media e sindicatos, moita carrasco, assim é que está bem...
Há vários motivos possiveis. Um ou outro até podem atenuar o disparate da coisa ainda que não consiga imaginar nenhum que desculpe tal disparate. Em todo o caso gostava de saber o que foi realmente.
Em relação à limitação de comboios e piora do serviço público, aí, enfim, os geringonços não têm culpa. Vem do governo anterior e, dada a situação do país na altura, não pode de boa fé censurar-se o que então foi feito. Os transportes públicos em Lisboa tornaram-se um disparate sem pés nem cabeça, sem qualquer poder de atracção e usados apenas por quem não tem alternativas. Mas também não havia (nem há) dinheiro para pagar muito melhor. Uma das medidas de poupança adoptadas na altura foi a redução da velocidade máxima para 45km/h que permitiu poupanças muito significativas nos custos operacionais. Outra a diminuição da oferta tanto pelo aumento do intervalo entre comboios como pela redução da capacidade por comboio que também permitiu poupanças importantes. Houve poupanças em muitos mais sítios, sendo o item relevante para o que está a acontecer hoje em dia a manutenção. Penso que a segurança nunca terá estado em risco mas mais do que isso é outra conversa. O problema de poupar-se na manutenção - seja de comboios ou seja de que equipamento for - é que dá poupanças muito importantes no curto prazo mas, mais tarde, ocasiona avarias mais frequentes, maior indisponibilidade de material e reparações mais quantiosas. O que está a acontecer no ML hoje em dia é resultado das decisões relativas à manutenção adoptadas há 2-3-4-5 anos atrás. Este é precisamente um dos aspectos onde os benefícios são imediatos mas os problemas só surgem muito mais tarde. Nada diferente de deixar de fazer manutenção no seu carro, de resto. Se não mudar o óleo do motor na altura certa ele não vai parar no dia seguinte nem no mês seguinte. Mas irá parar, sem dúvida, e com uma avaria muito mais cara do que todo o óleo que tivesse sido usado entretanto.
O percurso que foi seguido nos transportes públicos em Lisboa não foi inédito e tem sido o rumo seguido normalmente em todo o lado quando o dinheiro começa a acabar.
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