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domingo, 6 de setembro de 2009

Quinze dias por terras da China XVII: Macau


Se, nos últimos anos da presença portuguesa, Macau se tornou uma outra cidade, mercê do aeroporto e do índice frenético de construção em novos terrenos conquistados ao mar, a “liberalização” do jogo trouxe-lhe um crescimento para mim inimaginável. Sabia, mas mal compreendia, que Macau ultrapassara as receitas dos casinos de Las Vegas. Vi agora como foi. Hotéis e mais hotéis na cidade e nas Ilhas de Coloane e da Taipa, com amplíssimas salas de jogo e poderosos instrumentos de marketing atraem os visitantes. Aliás, Coloane e Taipa são hoje ilhas unidas e vi mapas e placas onde essa realidade é mostrada sob a designação de Cotai, nome formado a partir das letras iniciais das duas primitivas denominações.
Em Cotai está, talvez, o maior complexo hoteleiro e de jogo, denominado The Venitian, soberbo edifício que abriga vários hotéis de elevado luxo, entre os quais o próprio Venitian e o Four Seasons. Não sou bom calculador de espaços, mas não me admiraria que a extensão da sala de jogo do Venitian comportasse sem esforço dois ou três estádios de futebol, acolhendo permanentemente batalhões de jogadores que, para não perderem o seu precioso tempo, têm à sua disposição bares e restaurantes espalhados pela sala.
Para além da imensidão, o The Venitian apresenta três particularidades que o tornam único: as paredes exteriores, de centenas de metros, reproduzem muitos dos mais nobres palácios de Veneza; o terceiro andar, que alberga uma portentosa área comercial e de restauração, é sulcado por canais, por onde se passeiam gôndolas e gondoleiros vestidos a rigor, não faltando as inevitáveis pontes, a começar pela de Rialto, debaixo de um céu artificial tão bem conseguido, e a fotografia mostra uma nesga, que parece ser o céu real de Veneza; por último, a galeria comercial do Hotel Four Seasons é talvez a maior aglomeração de lojas de super luxo do mundo, onde afluíram todos os mais famosos joalheiros e costureiros e onde ourivesarias, casa de alta moda, de mobiliário, de porcelanas, de cristais e de jade, galerias de pintura ou de escultura exibem, em grande concorrência de meios e de imagem, em amplas e bem decoradas lojas, produtos que conseguem fazer parar os mais empedernidos não consumistas.
Para um português, contudo, as ruínas da Igreja de S. Paulo, agora com um Museu da História de Macau, a Gruta de Camões e a Fortaleza constituem locais de peregrinação e onde uma profunda emoção espontaneamente salta à flor da pele.

3 comentários:

Bartolomeu disse...

Fantástico sem dúvida, caro Dr. Pinho Cardão. Ninguem consegue igualar os chineses na arte de copiar com rigor.
Quem sabe se um dia, por acção da degradação ambiental, Macau ainda se irá tornar no museu virtual do mundo...
Já alguns filosofos gregos defendiam que a realidade está somente naquilo que alguns conseguem ver e, cada um, tem sempre uma visão muito particular da realidade, sem que contudo a considere virtual.
Para já, e para que justiça fique feita, compete-me felicitá-lo pela arte e a qualidade que as fotos publicadas exibem.
;))

PA disse...

não resisto a deixar isto aqui:

http://www.youtube.com/watch?v=oBRFURLT69U


:-))))


os meus cumprimentos

Pinho Cardão disse...

Caro Bartolomeu:
Era preciso ter Veneza em Macau para atrair jogadores que não vêm à Europa?
Pois aí a têm!... E mais do que realidade virtual.

Cara Pèzinhos:

Concorde-se ou não com a substância ou o tom, está muito bem apanhado!...