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sexta-feira, 9 de julho de 2010

Os "pequenos jardins"...

A Baixa de Lisboa já não é o que era. Depois do grande incêndio do Chiado, mas não só, a Baixa decaiu imenso, não apenas enquanto espaço de comércio, mas também como espaço de fruição e convívio social.
O Chiado tem vindo aos poucos e poucos a ganhar alguma vitalidade, mas com a sua alma descaracterizada pelo contraste da presença de grandes lojas de cadeias internacionais e do desaparecimento das antigas "boutiques" que lhe conferiam um charme próprio. Há ainda alguns resquícios dos velhos tempos.
Pouca gente se lembra do Pequeno Jardim, uma "boutique" de flores, fiel à sua vocação centenária. Este pequeno viveiro de plantas dispõe de um balcão de atendimento no vão da entrada de um prédio antigo situado na Rua Garrett e estende-se com as suas viçosas flores sobre a calçada à portuguesa. Mais abaixo estavam, ainda me lembro, os "Estabelecimentos Jerónimo Martins", casa fundada em 1792.
Sempre que vou ao Chiado, embora muito raramente, o passeio até ao Pequeno Jardim é obrigatório. Mas é sempre um passeio com novidades porque o Pequeno Jardim está sempre renovado de florinhas delicadas, que dificilmente se encontram nos grandes hortos. Desta vez comprei dois vasinhos de Alegrias cor-de-rosa. Já estão a decorar os canteiros da minha casa.
Não sei se existem incentivos para reabilitar as antigas "boutiques" do Chiado, mas gostava de ver mais "pequenos jardins"!

(o "Pequeno Jardim" merecia uma máquina fotográfica de qualidade, mas a câmara do telemóvel era o que estava à mão e como o telemóvel também não é grande coisa...)

6 comentários:

Bartolomeu disse...

"...mas tranças pretas, ninguem tem como ela tinha..."
http://www.youtube.com/watch?v=ql3Scwq0ZP8
;)))
Estou convencido que existe uma enigmática conecção entre os escritos da Drª. Margarida e a minha memória...
;)))
Este fado de Vicente da Camara Pereira, retrata um chiado que passou, um espaço onde a fina e sofisticada sociedade lisboeta se mostrava (Ana Salazar, Buchinho, Fátima Lopes, Tenente, etc, não tinham descoberto ainda a moda lisboa) e se cruzava e interagia, com uma outra sociedade muito carismática, muito singela e, muito naturalmente genuína, que eram as vendedeiras ambulantes de frutos, de flores, de doces, etc.
Gostei muito do seu post, prezada amiga, nostálgico mas, de certo modo, esperançoso.
;)

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Caro Bartolomeu
Deixe-me dizer-lhe que quando era menina a minha Mãe fazia-me, de vez em quando, umas trancinhas. Como é que adivinhou? Não eram pretas porque o meu cabelo era acastanhado, violetas não tinham mas às vezes eram presas com uns malmequeres. Boas recordações, mas sem nostalgia. O Pequeno Jardim faz-me, sobretudo, viver o presente. Tudo o que tem encanto, enche-nos a alma...

Bartolomeu disse...

Então, não captei com inteligência o espírito do post. Peço desculpa pelo "nostálgico", cara Drª. Margarida. Foi sem intenção, acredite!

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Captou muito bem, Caro Bartolomeu! Nem as tranças faltaram. Quanto à nostalgia é ténue a fronteira com a recordação...

jotaC disse...

Sempre muito observadora e atenta, cara Dra. Margarida Aguiar, muitos como eu passam pelas coisas sem lhes dar importancia, quando afinal tudo tem enquadramento, mais que não seja, no baú das recordações...

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Caro jotaC
É tudo uma questão de gostos e preferências.