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terça-feira, 28 de setembro de 2010

O carácter nos Puro Sangue Lusitanos


A Revista Pública tem um artigo muito interessante sobre o Cavalo Lusitano, o puro sangue que está de novo em plena reabilitação mas agora orientado para se tornar um cavalo “de ballet equestre”. Conta-nos o artigo que há vestígios da existência desta raça há 17 mil anos e que os cavalos ibéricos, usados nas guerras gregas, mas também pelos romanos e pelos mouros, eram considerados invencíveis. Foram parte activa das batalhas na conquista do território português e da independência e depois foram parte da saga dos Descobrimentos tendo sido enviados para África e para a América onde deixaram larga descendência atravessada por raças locais e terão ainda o seu quartilho de puro sangue nos cavalos dos cowboys. Mas eram sobretudo cavalos de trabalho, usados pelos campinos para a lavoura e pouco habituados a mimos, comiam uma ração pobre e só o que sobrava dos pastos, depois de os outros animais mais exigentes terem saciado a sua fome. Apesar dessa desconsideração, o cavalo lusitano é “corajoso, dócil, sensível, inteligente, sofredor, ardente, generoso e tem ainda a característica fundamental da sua pureza, que é a “capacidade de ler o pensamento do cavaleiro”. Até que um deles foi vendido a um toureiro, que o treinou para a arte com grande sucesso, aproveitando as suas naturais aptidões, que lhe permitem aprender depressa, sendo obediente e de uma fidelidade total. Mas foi um brasileiro que detectou a polivalência desta raça e treinou um deles para deixar de ser um “camponês” ou um “bravo das touradas” para se tornar num “cavalo de salão”, todo enfeitado e a fazer passos da grande beleza e elegância. Até para o “dressing” o Puro Lusitano mostrou aptidão rara, tornando-se um cavalo de luxo com direito a subir na escala dos cuidados e atenções e, claro, os bons tratos e boa alimentação valeram o crescimento de vários centímetros nos cavalos desta raça.
Mas, segundo os especialistas, o que realmente distingue um “puro” e lhe permite ser seleccionado para reprodutor é a nobreza do seu carácter, que lhe deu franquia nas melhores cortes da Europa. Apesar de poder ter todas as outras características, incluindo a beleza, a força e a versatilidade, é o traço de carácter que faz variar o preço de um para cem. Aí, na definição de carácter, já não há testes laboratoriais definitivos, ele é avaliado apenas na observação do seu comportamento negativo: a falta de carácter manifesta-se “pela reserva de pensamentos, uma agenda escondida, não abre o jogo, é dissimulado, ou mesmo hipócrita, em suma, um cavalo em quem não se pode confiar completamente”.
Um Puro Sangue Lusitano não deve ser assim, não tem valor se for só aparência e golpe de rins. As coisas que os portugueses têm que aprender com os animais desta nobre raça.

6 comentários:

Pinho Cardão disse...

Cara Suzana:
Também nos humanos e nas humanas temos puros e puras sangues (sangas? lusitanos e lusitanas, cheios de aparência mas de nulo carácter e substância.
Fogem à verdade e, na hora das dificuldades que provocaram, recuam e ameaçam desertar do combate. E se os gregos antigamente os escolhiam,agora não dariam por eles dez reis de mel coado.

jotaC disse...

Do pouco que sei sobre os equinos, nem todos nascem com o tal carácter que os há-de tornar ganhadores, bem pelo contrário, a maioria não chega a ultrapassar a mediania; os que ficam abaixo, ou são ruins ou manhosos. É assim que as coisas são no mundo dos cavalos, ou se vale ou não se vale, não há meio termo...E se assim fosse no nosso mundo, certamente que as coisas correriam muito melhor...

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Suzana
E as coisas que os portugueses deveriam fazer com uma tão nobre raça!
Tenho lido que o Cavalo Lusitano é reconhecido internacionalmente como o melhor cavalo, à frente do célebre Cavalo Lipizzaner de origem ibero/lusitana. A Escola de Equitação Espanhola, com os cavalos Lipizzaner, é uma grande atracção turística na Aústria, com os seus fabulosos espectáculos no Hofburg, em Viena de Áustria. É um verdadeiro ex-líbris.
É pena que Portugal não valorize devidamente o Cavalo Lusitano e a Escola Portuguesa de Arte Equestre como atracção turística internacional, chamando turistas para apreciar os cavalos e a sua arte. É pena não dispormos de um ou mais locais em Lisboa para acolher em permanência os espectáculos da Escola Equestre. Temos um excelente clima e espaços lindíssimos, incluindo ao ar livre.

Tonibler disse...

E ele a dizer que é eng., ein? Afinal é puro sangue lusitano dos baratos...

SLGS disse...

Boa,Tonibler.Agora, segundo o "Correio da Manhã", parece que é licenciado por Coimbra e fundador da JSD.conforme a mesma fonte, parece que é o que consta do currículo que apresentou a uma universidade dos USA.
Nem o mais descaracterizado dos CAVALOS LUSITANOS teria tal lata.
Penso eu...

Suzana Toscano disse...

Caro Pinho Cardão, está portanto a dizer que é preciso bons generais para escolherem os bons cavalos...
Pois, caro jotac, muito se aprende com a natureza, ela é comum aos bípedes!
Tem toda a razão, Margarida, uma das características nacionais, que pelos vistos está inscrita nos genes e de que os Puro Sangue milenários já foram vítimas, é nunca sabermos tirar valor do que temos, contentamo-nos com os mínimos e não olhamos o potencial, por isso mesmo noutras mãos os nossos compatiotas brilham e progridem e por cá é o que se vê.
Caros Tonibler e SGLS, esse diálogo vai animado :)