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terça-feira, 17 de dezembro de 2013

A interminável crise do Euro...

1. A confiança dos investidores alemães, avaliada pelo conhecido índice ZEW, que agrega expectativas de empresários e de analistas, subiu em Dezembro para o nível mais elevado em mais de 7 anos, reforçando as expectativas de uma retoma da actividade na zona Euro – é hoje notícia.

2. Vendas de automóveis na zona Euro cresceram em Novembro pelo 3º mês consecutivo (+0,9% em termos homólogos) depois de subidas de 5,5% em Setembro e de 4,6% em Outubro – é tb hoje notícia.

3. Em Portugal as vendas de automóveis cresceram mais de 24% em Novembro, em termos homólogos, e em termos acumulados até Novembro o crescimento foi de 8,8% - foi notícia há poucos dias.

4. As taxas de juro da dívida pública espanhola, implícitas na cotação das obrigações com prazo de 2 e de 5 anos (yields), situam-se nos níveis mais baixos desde 2009 e 2005, respectivamente, reflectindo uma crescente confiança na recuperação da economia e na superação da crise que afectou o sector bancário – foi notícia na semana passada.

5. Por cá continuamos a ser diariamente ou quase brindados por um discurso tremendista, em torno da estafada crise do Euro e das suas terríveis consequências para a vida dos Povos e para a enfermidade das economias...

6. ...discurso de crise sustentado nas mais sólidas análises político-socio-filosófico-económicas, elaboradas em insuspeitos observatórios coimbrões e não só, que apontam justamente o dedo aos malefícios das políticas neo-liberais em má hora adoptadas por uma Europa mergulhada em profunda crise de identidade, incapaz de reconhecer as vantagens da insolvência financeira e os méritos do repúdio da dívida...

7. ...discurso que encontra o mais amplo eco nos excelentes órgãos de comunicação, incluindo aqueles que temos o privilégio de pagar com os nossos impostos...

8. Como dizia V.P.V. na edição do Público do último Domingo, “Que Deus nos dê paciência”...entre outras coisas, para continuar a aturar esta conversa estafada da crise interminável do Euro...



15 comentários:

Anónimo disse...

Caro Tavares Moreira, interessante este seu post. Estou em Lisboa agora para as festas e tenho falado com várias pessoas consolidando uma opinião que já tinha de conversas na internet e coisas que vou lendo por aqui e por ali. Dá-me ideia que os Portugueses não se apercebem da evolução da situação na Europa em geral e tendem a pensar que está tudo mal e mau em todo o lado. Como que projectando a situação Portuguesa para o resto da Europa. Daqui decorre uma imensa incapacidade de perceber como vêm os cidadãos dos outros países, mormente dos países mais ricos, o que os "crescimentistas" reivindicam e, por corolário, não percebem o absurdo do que propõem até mesmo por evidente impossibilidade dos demais aceitarem os pedidos feitos.

Carlos Sério disse...

Falam em melhoria da “economia”, seja lá o que isso for. Aqui e na Europa. Não se atrevem contudo, os nossos dinossauros ortodoxos, a falar de uma melhoria das condições de vida do povo ou da melhoria das condições sociais das populações. Não, as palavras social e povo parecem queimar-lhes a boca. Mostram não compreender que o êxito ou fracasso de uma economia reside e se mede pela maior ou menor melhoria das condições de vida da maioria das famílias, dos cidadãos. Continuam a apregoar os benefícios da “economia que mata”, como denunciou recentemente o Papa Francisco, cegos em suas crenças ideológicas.
O objectivo último da Troika e do governo é a diminuição drástica, “custe o que custar” do nível de vida da maioria dos portugueses, o chamado “ ajustamento”, isto é, o empobrecimento da maioria dos portugueses. Foi sempre este o intuito do governo.
E é por esta razão que a Troika, apesar dos acentuados desvios dos indicadores económicos acordados no memorando a cada avaliação, tem aprovado sem dificuldades as sucessivas avaliações ao cumprimento temporal do memorando. Enquanto a liquidação do estado social, as privatizações e a redução de salários e de pensões não estiverem consumados ou na dimensão desejada, as avaliações serão sempre positivas. Sabem que podem contar com o governo nesta missão.

Luis Moreira disse...

Pois é, o que foi implodido em vinte anos ( o nível de vida dos Portugueses) não pode ser revertido em 3 anos.Não vale a pena insistir porque só não sabia quem levou o país à bancarrota

Carlos Sério disse...

Porque se os objectivos fossem na verdade a diminuição do desemprego e o crescimento económico e social do país, de há muito que teriam notado o falhanço das políticas de austeridade e mudado de rumo. Não é isso que acontece porque os objectivos são manifestamente outros. Discute-se hoje a questão do “programa cautelar” ou de um novo “resgate” ou uma saída à Irlanda. E há previsões na generalidade muito elaboradas para todos os gostos. Nós temos apenas uma certeza, a saída ou permanência da Troika, com programa cautelar, sem programa cautelar ou com qualquer outra coisa, está unicamente dependente da conclusão dos objectivos do governo e da Troika, isto é, do estado e da dimensão da liquidação do estado social, das privatizações do património do estado e da redução dos salários dos portugueses. Se a Troika se der por satisfeita quanto ao estado de liquidação destes objectivos, então regressaremos triunfalmente aos “mercados”, mas se tais matas ainda não estiverem atingidas então seguramente que a Troika permanecerá por cá, seja qual for o modelo da intervenção.
É por esta razão que a discussão sobre o futuro do país depois do termo do memorando se reveste de grande mistificação. Estamos a viver uma farsa, com revogáveis ou irrevogáveis farsantes.

Tonibler disse...

Ainda ontem passava os olhos nas "gordas" e pareceu-me ver que o Ferreira do Amaral continua com a mania de eu ir para fora do euro com ele. Como não acredito em deus, não lhe peço paciência, mas apelo à U. Lisboa que defenda os interesses alunos do instituto onde aquele senhor dá aulas e o ponha na rua. Pelo menos isso.

Carlos Sério disse...

Luis Moreira,
Não vale a pena insistir nessa conversa fiada do “viver acima das suas possibilidades”. Deixe isso para os Medina Carrieira e os Camilo Lourenço e outros da sua igualha.
Recordemos que em 2007 a dívida pública permanecia na casa dos 60% do PIB e o défice andava na casa dos 3%. Nada que se compare com o estado actual das nossas finanças públicas – uma dívida na casa dos 130% e um défice que não cai abaixo dos 5%. Portanto, haverá que perguntar o que terá mudado afinal para esta tão radical mudança, para esta tão brusca, brutal e acentuada subida da dívida pública. E, para isto só há uma resposta. A crise internacional importada dos problemas financeiros dos bancos dos USA. Claro que o despesismo, com a criação de múltiplos órgãos parasitários da administração pública - Autoridades, Agências, Comissões, Fundações, Institutos, Empresas Municipais, etc – as verdadeiras gorduras do estado, criadas tanto pelos governos do PS como do PSD, ajudaram à festa. Mas, as verdadeiras razões da crise que temos, deve-se à crise importada do exterior e ao aproveitamento que dela fizeram as forças dominantes do capital financeiro do euro, com o objectivo de implantarem um novo modelo de capitalismo, o modelo neoliberal do estado mínimo com a liquidação dos estados sociais e a redução de salários directa ou indirectamente através da desregulação laboral. Um novo modelo, uma nova economia, onde o bem-estar da maioria da população não conta. Um novo modelo social, com “uma economia que mata” como denuncia o papa Francisco.

Tavares Moreira disse...

Caro Zuricher,

Acredito que para quem venha do exterior, esta repetida arenga apontada às políticas neo-liberais e à crise do Euro, tenha um sabor algo bolorento, mas efectivamente é o que continua a dominar os media, num desafio permanente à nossa paciência...

Caro Luís Moreira,

Receio que não seja totalmente exacto o que diz: não seria possível, com uma bem gerida insolvência financeira, um repúdio enérgico da dívida, acompanhados de corajosas medidas de crescimento (a apliação dos ENVC, a recuperação dos projectos TGV, Novo Aeroporto, Museu dos Coches,etc) ter condições óptimas para recuperar rapidamente o nível de vida a que tanto aspiramos?
Aqui fica a dúvida e o desafio...

Caro Tonibler,

Não me parece justa a ideia de impor ao Prof. F. Amaral a saída da Universidade...ele até é uma pessoa encantadora, de uma gande afabilidade e muitíssimo bem educado, estou convencido que se o conhecesse ficava a gostar dele.
Julgo que bem mais simples, e correspondendo de resto à sua mais do que pública vontade, seria impedi-lo de usar Euros, sejam notas ou moeda escritural, só podendo efectuar pagamentos noutras moedas bem como deter contas expressas noutras moedas (de preferência o peso argentino, o bolivar venezuelano, o dolar do Zimbawe e outras moedas bravas, de países que seguem políticas económicas claramente anti neo-liberais...).

Luis Moreira disse...

Carlos, os números que você ali apresenta são todos falsos. Por exemplo. Aos 90% de dívida tem que lhe somar os 78 mil milhões da Troika pois foram utilizados a pagar dívida escondida ou que estava fora do perímetro da dívida pública. E o desemprego é culpa das opções que se tomaram 10 anos antes.Esta situação tem responsáveis mas não são quem hoje está no governo. Se me disser que podiam fazer melhor isso já é outra conversa...

Tonibler disse...

Acredito que seja uma pessoa afável, mas estou a dizer isto com razão. Há uns dias falava com uma responsável de um bem sucedido departamento de economia, daqueles que vende mestrados para o mundo inteiro. E, perante a possibilidade de colaborarmos, eu lembrei-me que a minha universidade agora tem uma escola de economia, a do Prof. F. Amaral e pensei em voz alta "espero que não me levantem problemas". Ao que a senhora me disse "pois tem, mas é uma porcaria onde as pessoas se preocupam mais em dizer asneiras na televisão, que com o futuro dos alunos que é comprometido por essas asneiras".

Pode ser a pessoas mais afável do mundo, mas quem compromete daquela forma o futuro de inocentes, deve ser afastado. E, infelizmente para os alunos do ISEG, está longe de ser o único.

Mas, caro T. Moreira, é só pensar o que diria a um candidato a trabalhar consigo que lhe dissesse ser um discípulo de Louçã, Duque, Amaral,...

Carlos Sério disse...

Luis,
Por favor, seja mais comedido com as suas afirmações.
Quanto á dívida em 2007 consulte em www.pordata.pt/Portugal/Ambiente+de+Consulta/Tabela e encontrará o valor de 66,6%; quanto ao défice em www.pordata.pt/Portugal/Ambiente+de+Consulta/Tabela, encontrará o valor de 3,2. No que se refere à exactidão destes valores estamos entendidos.
Quanto aos 78.000 milhões de euros, retirando os 12.000 milhões cativos para a banca, não se poderá considerar, com essa sua ligeireza, que aquele valor (66.000 milhões de euros) corresponde a dívida contraída. Uma grande parte é consumida na troca de dívida, isto é, paga as amortizações de dívida que aconteceram em 2011, 2012 e 2013. Haverá portanto que reduzir todo este valor do empréstimo utilizado na troca de dívida, para se encontrar o saldo e sabermos quanto deste empréstimo constituiu um acréscimo de dívida.

Carlos Sério disse...

"mas quem compromete daquela forma o futuro de inocentes, deve ser afastado"

"El premio nobel de economía 2010, Christopher Pissarides, pasó de ser el activista más entusiasta de la divisa europea a un detractor de la misma en un lustro. Ahora propone reformarla por completo o "desmantelar el proyecto del euro". El Nobel chipriota-británico señaló que "Si no hacemos las reformas, otra opción es abandonarlo", en referencia al euro en un discurso inaugural como catedrático de la Escuela de Economía y Ciencia Política de Londres".

O que vale é que o homem vive em Londres. Se vivesse por cá arriscava-se a ser outro a ficar sem emprego.
Os tempos estão duros caramba!

Tavares Moreira disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Tavares Moreira disse...

Só a simples consideração da hipótese que coloca no último parágrafo do seu comentário, caro Tonibler, já teve consequências: solicitei que, na minha ausência, todas as portas do escritório financial onde trabalho sejam fechadas a 7 chaves....não vá o diabo tecê-las e aparecer por lá algum diplomado pelos estabelecimentos que refere (Duque pode ser excluído), vendendo a teoria da superioridade moral dos caloteiros...foge!

Tonibler disse...

:) Já agora lembre-se dos discípulos de Reis, Pureza, Sousa Santos, ... São doutores de Coimbra!

Tavares Moreira disse...

Caro Tonibler,

Mas o Senhor está agoa apostado em tirar-me o sono, crivando-me de preocupações e pesadelos?
Essas doutas cabeças deveriam entregar-se ao cultivo do fado coimbrão, dariam o seu tempo por muito bem empregue, desenvolveriam um produto transaccionável e, ao mesmo tempo, não entrariam em conflito com a realidade como agora acontece!