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sábado, 7 de junho de 2014

O esternocleidomastoideo

- Mas afinal o que vem a ser o esternocleidomastoideo?
- O quê? Então a senhora é fadista e não sabe?
- Eu não!...
- Olhe, eu também não! 


A profusão e desenvoltura com que os acórdãos do Tribunal Constitucional são interpretados, comentados, criticados ou aplaudidos lembram o episódio do esternocleidomastoideo, imortalizado no filme Canção de Lisboa. De repente, a anatomia desvendava-se e o esternocleidomastoideo passou a ser tratado por tu mesmo que ninguém soubesse ao certo do que se tratava.
Na grande maioria desses comentários invoca-se desde logo o "eu não li o texto, mas penso que..." ou ressalva-se "não sou jurista mas acho..." como se ler e compreender o teor do acórdão e saber direito, ao menos para entender a linguagem específica, fossem detalhes absolutamente secundários para tecer considerações sobre ele. Há até uns imaginativos que escolhem frases mais densas do texto e usam-nas para demonstrar que "aquilo" é incompreensível, imagine-se como é que vamos poder entender-nos, quem é que se lembraria de chamar esternocleidomastoideo a um simples músculo do pescoço?

6 comentários:

Bartolomeu disse...

Eu não sei, mas gostaria de saber, quem teve a peregrina ideia de considerar Hollywood a "Meca do Cinema".
Quem o fez, demonstra desconhecer que desde a sua fundação, Portugal, tem sido um mega-estúdio, uma fábrica incansável que produz atores de um talento incomparável. Os filmes que aqui se produzem e interpretam, percorrem vastos cenários e ambientes. Desde a comédia ao drama, a arte de representar portuguesa, atinge o seu máximo expoente... no terror.
E a representação em Portugal atingiu um grau tão elevado de qualidade, que atualmente é difícil, se não impossível, distinguir a ficção da realidade... ou vice-versa.

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Suzana, estamos transformados na "Cidade de Lisboa", a indústria da opinião é grande, não se compadece com coisas menores, saber o significado dos " mastóideos" é complicado e, a bem dizer, também já não faz falta.

JM Ferreira de Almeida disse...

Suzana, li o acórdão, sou jurista. Pese embora as minhas limitações - que são muitas - dou-me à liberdade de opinar que esta última decisão do TC está longe do que se esperava. Na forma e no conteúdo. Ou muito me engano ou, passado este tempo de pouca sensatez e razoabilidade, vamos passar a ver citados os ... votos de vencido.

Pinho Cardão disse...

Cara Suzana:
"...como se ler e compreender o teor do acórdão e saber direito, ao menos para entender a linguagem específica, fossem detalhes absolutamente secundários para tecer considerações sobre ele...", refere a Suzana.
É verdade, e eu concordo. O que eu duvido é que o autor tenha ideias precisas sobre o que escreve, saiba ler, saiba escrever, ao menos português, e saiba direito.
Porque, se tivesse, o disparate não teria ascontecido.
Já é antigo o provérbio, muita parra, pouca uva. Ali, nem ponta de uva, só parra e de má qualidade.

João Pires da Cruz disse...

Outra forma de ler isto é "quem foi o incompetente que escreveu numa lei fundamental que só é acessível a especialistas? Que burrada maior se poderia fazer com uma constituição que essa?"

Suzana Toscano disse...

Então, caro Bartolomeu, sempre tivemos uma oportunidade de mostrar os nossos talentos, estamos a descobrir-nos mestres da representação e isso pode ser um talento com muito futuro, se olharmos para lá das fronteiras temos muita concorrência!
Margarida, falta faz, esperemos que haja alguém que consiga distinguir um músculo do outro, sob pena de ficarmos todos empenados...
Zé Mário, ler e perceber este acórdão é tarefa difícil a que poucos comentadores se dedicaram, desconfio até que os que têm opiniões mais definitivas e radicais, quanto aos votos de vencido são citados parcialmente porque muitos deles revelam também as enormes dificuldades para chegar a uma conclusão clara para os decisores políticos fazerem opções no futuro.
Caro Pinho Cardão, parece-me um tanto exagerada a sua apreciação mas o tema em apreciação também era bastante complicado, havemos de reconhecer.
Caro João Pires da Cruz, está a querer lançar os especialistas no desemprego? Se a lei fosse clarinha como água, como pretende, se calhar não havia tanta confusão mas também pode crer que a margem para decidir assim ou ao contrário era bem menor!