Os contributos para a reforma da justiça vêm de onde menos se espera. Desta vez do Senhor Engº Nuno Cardoso, ex-presidente da Câmara do Porto. De facto, a nossa justiça, designadamente a nossa justiça penal, necessita de ser humanizada. A começar pela linguagem. Nuno Cardoso, em causa própria embora, resolveu dar o seu contributo. Por isso, após horas de interrogatório pela PJ sublinhou que não tinha sido notificado para prestar declarações num inquérito que investiga condutas suas. Tinha sido "convidado" pela polícia para ali se deslocar. Na sequência, aliás, não de uma busca à sua casa há um ano atrás, mas - como explicou - de uma "visita" feita pela PJ à sua residência. É de imaginar que nessa ocasião terá o dono da casa servido um chá de menta aos agentes policiais encarregados da diligência, no meio da agradável troca de impressões enquanto estes vasculhavam os arquivos bancários e outra documentação que, aliás, pediram licença para levar.
Convenhamos que é bem mais agradável este tipo de linguagem. Esta visão mais simpática da justiça penal. Que não agride com palavras.
Já agora não é verdade que o Engº Cardoso tenha sido indiciado ou constituido arguido pela prática de crimes associados à sua anterior actividade de edil, sujeito à medida de coacção designada por termo de identidade e residência. Não. Foi antes investido na qualidade de colaborador da justiça a cujos agentes revelou o nome completo e disse onde mora.
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