Já deu para perceber que o PS vai fazer do crescimento económico a pedra de toque do seu programa eleitoral, o que não deixa de ser coerente com as suas posições tradicionais. Para o PS a crise financeira do Estado só se resolve com maior crescimento, na medida em que consiga induzir mais receitas. Ao prometer mais 150 mil empregos (postos de trabalho?) está a fazer uma declaração de fé no crescimento futuro. Ao não avançar (para já!) com qualquer medida de diminuição da despesa está a fazer daquela declaração de fé a condição necessária para o sucesso da sua política. Não podiam ser mais transparentes.
A questão que se coloca é a de saber se o Estado, em especial o Estado Português, é capaz de ser indutor do crescimento necessário. Formulada de outra maneira, a questão coloca a dúvida sobre a capacidade de alanvancagem económica numa economia onde a despesa pública já anda perto dos 50% do PIB, em comparação com uma outra hipotética economia onde essa relação fosse significativamente menor. Falamos da chamada eficiência marginal das políticas públicas e da própria despesa pública.
Isto não quer dizer que não existam perspectivas de crescimento económico a médio prazo. Só que a responsabilidade do Estado nessa tendência é cada vez mais reduzida. Será muito mais importante atendermos à procura externa, ao comportamento dos nossos principais parceiros, à evolução do euro, à capacidade de as empresas ganharem quotas de mercado e capacidade competitiva.
O Partido Socialista continua a conceber o Estado como “motor” do desenvolvimento, não tendo ainda percebido que o motor está gripado.
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