Vou contar-vos um segredo. Há dias que trazem esta mágica, a vontade de partilhar alguma coisa que nos sustenta a alma e renova cada dia a vontade de viver.
Há muito tempo atrás, talvez naquelas crises da adolescência em que nos sentimos o ser mais infeliz do mundo, já não sei, tomei a decisão de passar a fixar o que então defini por “bons momentos”. Não se trata de reparar neles, de saber vagamente que existiram, não é isso. Fixá-los implica dar-lhes logo um sentido de permanência, sem precisarem de arestas limadas pela memória porque os queremos assim mesmo, tal e qual os vivemos.
Nem sempre as coisas nos correm de feição, isso é próprio e já sabemos, mas muitas vezes ficamos a lamentar o sucedido bem mais do que era devido. Outras, o golpe é tão fundo que há que buscar arrimo para acreditar que tudo há-de voltar à sua ordem. È nessas alturas que uma reserva de “bons momentos” é preciosa para uma rápida recuperação.
Passá-los em revista, demorar a escolher e por fim tirar um, saboreá-lo, dar-lhe voltas e mais voltas até o apurar no pingo de bálsamo que vai reduzir a nada a sensação de dor. A memória nítida de um bom momento apaga, conforta ou acompanha, no golpe, no desgosto ou na solidão.
Quando o meu pai morreu, há pouco mais de um ano, pensei que nunca mais um “bom momento” deixaria de estar ensombrado, que nunca mais era possível captar os contornos dessa pura felicidade que às vezes se atravessa no caminho e nos surpreende. Mas ele diria que é uma estupidez ficar preso ao que não tem remédio, diria assim mesmo, “acabas por estragar tudo, o que é que adianta?” Teria razão, claro, eu já devia saber isso.
De modo que ontem voltei a encontrar um puro momento, desses que vou guardar como reserva, um dos raros que podem trazer luz quando tudo está sombrio, que devolvem o ânimo e nos fazem acreditar de novo quando a vontade esmorece.
Ontem, na FNAC, os amigos, os leitores, o livro, tudo a confluir até que ele se desenhou, nítido, a pedir que o guardasse assim mesmo, tal e qual o via. O bom momento.
Há muito tempo atrás, talvez naquelas crises da adolescência em que nos sentimos o ser mais infeliz do mundo, já não sei, tomei a decisão de passar a fixar o que então defini por “bons momentos”. Não se trata de reparar neles, de saber vagamente que existiram, não é isso. Fixá-los implica dar-lhes logo um sentido de permanência, sem precisarem de arestas limadas pela memória porque os queremos assim mesmo, tal e qual os vivemos.
Nem sempre as coisas nos correm de feição, isso é próprio e já sabemos, mas muitas vezes ficamos a lamentar o sucedido bem mais do que era devido. Outras, o golpe é tão fundo que há que buscar arrimo para acreditar que tudo há-de voltar à sua ordem. È nessas alturas que uma reserva de “bons momentos” é preciosa para uma rápida recuperação.
Passá-los em revista, demorar a escolher e por fim tirar um, saboreá-lo, dar-lhe voltas e mais voltas até o apurar no pingo de bálsamo que vai reduzir a nada a sensação de dor. A memória nítida de um bom momento apaga, conforta ou acompanha, no golpe, no desgosto ou na solidão.
Quando o meu pai morreu, há pouco mais de um ano, pensei que nunca mais um “bom momento” deixaria de estar ensombrado, que nunca mais era possível captar os contornos dessa pura felicidade que às vezes se atravessa no caminho e nos surpreende. Mas ele diria que é uma estupidez ficar preso ao que não tem remédio, diria assim mesmo, “acabas por estragar tudo, o que é que adianta?” Teria razão, claro, eu já devia saber isso.
De modo que ontem voltei a encontrar um puro momento, desses que vou guardar como reserva, um dos raros que podem trazer luz quando tudo está sombrio, que devolvem o ânimo e nos fazem acreditar de novo quando a vontade esmorece.
Ontem, na FNAC, os amigos, os leitores, o livro, tudo a confluir até que ele se desenhou, nítido, a pedir que o guardasse assim mesmo, tal e qual o via. O bom momento.
19 comentários:
E, no que me diz respeito, vão dois bons momentos.
O de ontem, partilhado com os demais Amigos, alguns surpreendentemente reaparecidos; e este outro, agora, que saboreio após a leitura do post da Suzana.
E ainda bem!
pedro oliveira
Ha quem dependa de quadraturas astrológicas, de talismãs, da orientação pessoal de terceiros, para identificar e "agarrar" esses preciosíssimos e por vezes raros momentos que a cara Suzana nos descreve. Ha quem, num processo pessoal e natural, desenvolva uma apuradíssima sensíbilidade para captar e guardar esses momentos. Eu diria que estas pessoas, possuem o dom natural de "atraír" esses momentos. São aquelas pessoas que, de acordo com a minha opinião, estão de bem com a vida e com o mundo que as rodeia e de que fazem parte integrante. Será esta a forma natural de aceitar sem cepticismo ou relutância o equilíbrio energético como fonte de todas as acções.
Sem sombra de mau momento, este texto é duma beleza singular!
Na minha modesta opinião, o "sentir" do bom momento de ontem, na FNAC, foi recíproco a todos os presentes.
Pela minha parte cumpre-me realçar a forma elevada, a extrema simpatia, a classe, a atitude, com que todos os autores deste blog receberam os que quiseram partilhar o momento.
A todos muito obrigado.
Suzana
Partilho inteiramente da sua reflexão. É muito bom que aconteçam "bons momentos", aqueles que nos dão força e ânimo para aceitarmos os golpes duros da vida, seja um desgosto seja uma desilusão, muitos dos quais não se podem apagar da memória e fazem parte do que somos. É por isso que os verdadeiros "bons momentos" constituem um conforto, como que um agasalho que nos protege do frio!
O verdadeiro "bom momento" do Livro é um somatório de muitos bons momentos que se vão sucedendo serenamente e depositando uma alegria interior que às vezes encontra a sua manifestação exterior mais marcante num "bom momento" como aquele que ontem aconteceu!
Bonito e sentido texto, cara Suzana. associo-me a ele!...
Caro Invisível:
Obrigado pelas suas palavras.
Então o meu amigo esteve e nem aí desvendou a sua presença?
Por mim, muito gostaria de conhecer um "invisível" de tanta qualidade!...
Bonito.
Devem estar bastante orgulhosos da quantidade de gente que reuniram.
Se estamos, caro Tonibler, se estamos!
Caro Bartolomeu,os seus comentários têm sempre o condão de acrescentar sentido ao que comenta, acho que tem razão, essa procura de "estar bem com a vida" é que nos faz realçar os bons momentos.
Caro Invisível, não sei se o vi, se não, mas ainda bem que gostou, o quartarepublica já é do tamanho que viu, nós só fizémos as honras da casa!
Caros Zé Mário, Pinho Cardão e Margarida, também acho que sentimos todos o mesmo...
Cara "Suzanita",
Deixe-me que lhe diga que a "menina" estava lindérrima! De cor-de-rosa, com um ar leve, jovial e acima de tudo manifestava alegria (o que é muito bom porque costuma ser contagioso).
Tentei abordá-la 3 vezes (sem sucesso), para a cumprimentar e "cravar-lhe" um autógrafo mas a "menina" estava - mesmo - muito solicitada (é que rodeada de tanta gente, meia-volta, perdia-se de vista). Entretanto, tive de me ir embora (5º aniversário do sobrinho e tal, não foi possível prolongar a minha estada)mas, da próxima vez apanho-a! Ó se apanho!
Um grande bem haja Suzana.
Ó Anthrax!, e eu que perguntei por si ao Crack, com quem estive a falar um bocadito, e soube que já se tiha ido embora! Que pena, realmente. Mas ainda bem que, assim de longe, não fiz má figura, pelos menos aos seus olhos!Então fica combinado, para a próxima faz-se notar...E obrigada!
Suzana: estão todos de parabéns. Pela coragem de lançar um espaço de pensamento livre e descomprometido - que é coisa rara no nosso pequeno país - pelo sucesso do blog e pelo grande sucesso do "rassemblement" que tomou de assalto a FNAC (;)), um belo momento em que pudemos rever amigos e amizades criadas na forja de momentos exigentes (para dizer o mínimo) por que passámos...como diziamos há umas décadas..... ! longa vida ao 4R!!!
cara susana faço minhas as palavras do anthrax. estavas lindérima . e não pelo vestido .mas sim pela felicidade
que emanava de si.a susana ontem era sinónimo de felicidade. e acho que até detectei uma aura a pairar pela susana.
tal como o anthrax não me aproximei de si ,tão solicitada . alías só tive a possibilidade de cravar os desenhos do professor DJ e do Dr PC.
Dr pc , que parece ir finalmente por bons caminhos . parece que aproveitou a proximidade do estádio da luz para se fazer sócio do Benfica. Quem sabe levando de caminho o francisco josé viegas.
nada contra os outros autores,a quem tenho respeito e carinho.apenas sou timido e fiquei um pouco encavacado.
desvanecido fiquei de ter merecido uma referência no discurso ( zcelente alias e muito divertido como seria de esperar..) do dr pc. obrigado.
e ficarei á espera do próximo livro.eu que comprei dois.um para mim e outro para oferecer.
bem haja pelo momento bem passado
Caro Pinho Cardão.
Sinto-me muito honrado com as palavras que aqui me dirige.
Estive lá com o maior gosto, e pode crer, em perfeita comunhão consigo e com os demais autores, na alegria e boa disposição que os vossos rostos e gestos não dissimulavam.
Agora, justifico-me: eram tantas as pessoas a rodear-vos que, confesso com grande pena minha, acabei por desistir das vossas dedicatórias, não por enfado, mas por receio de avolumar o vosso natural cansaço.
Há-de haver mais oportunidades. Da próxima vez, contem com o meu cumprimento. Até lá, um grande abraço a todos.
Susana, óptimo texto! Que outra coisa seria de esperar?
Não quero ser "abusadora", mto menos falar por todos, mas a sua descrição dum BOM MOMENTO é, exactamente, a descrição daquilo que ontem senti... melhor, que ontem sentimos, os que fazem e comentam esta "república" e os amigos que ontem nos acompanharam.
Que todos tenhamos, ao longo dos anos que temos pela frente, um imenso somatório de BONS MOMENTOS, é o que sinceramente a todos desejo.
Caro menino mau, depois da referência do Pinho Cardão também fiquei à espera de o poder conhecer, foi pena. Obrigada pela sua simpatia, mas se eu não me sentisse feliz num dia como o de ontem, quando me sentiria?? :)
Caro Menino Mau:
Se não fossem uns benfiquistas que muito prezo,até estava num local ideal para fazer umas referências à equipazita vizinha da 2ª circular...
Fazemos assim, da próxima, serei mais bem sucedido na minha abordagem (nem que para isso tenha de distribuir - discretamente - umas "testinhas" em quem estiver no meu caminho).
Pois fez muito bem, caro Pinho Cardão, assim a sua intervenção foi simplesmente perfeita!
Como sempre, lindo e sentido texto.
Mesmo repetindo o que já foi dito, aqui fica o meu enorme agradecimento pelo belo momento que os autores proporcionaram, com a sua alegria e simpatia, a todos nós, sortudos leitores deste espaço, a quem quiseram, e souberam, receber como amigos.
Agora, que começa a segunda "colheita", por aqui vamos passando, até ao próximo livro.
:))
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