É óbvio que o facto de termos atingido uma taxa de desemprego superior à de Espanha não tem apenas uma causa. Mas uma, e bem importante, é a política seguida em Portugal de fazer crescer a despesa pública.
No quinquénio 1991 a 1995, a taxa de desemprego média em Portugal foi de 5,5% e em Espanha, o triplo, 16,8%!...A Despesa pública em Portugal atingia 43,7% do PIB (quem nos dera!...) e em Espanha o valor era semelhante, 44,4%.
No quinquénio 1991 a 1995, a taxa de desemprego média em Portugal foi de 5,5% e em Espanha, o triplo, 16,8%!...A Despesa pública em Portugal atingia 43,7% do PIB (quem nos dera!...) e em Espanha o valor era semelhante, 44,4%.
Passados 10 anos, em 2005, o desemprego em Portugal subiu para 7,6% e a Despesa Pública para 47,5% do PIB. Em Espanha, no mesmo ano, o desemprego tinha descido para 9,2%, a Despesa Pública para 38,2% do PIB.
Isto é, a taxa de desemprego cresceu em Portugal mais de 2 pontos percentuais, enquanto em Espanha diminuiu 7,6 p.p.
Isto apesar de muito emprego ter sido assegurado pela despesa pública, que subiu em Portugal quase 4 pontos percentuais. Em Espanha, pelo contrário desceu mais de 6 p.p. Uma diferença a nosso favor de 0,7 p.p. em 1995 traduziu-se numa diferença desfavorável de 9,3 pontos percentuais, em 2005.
Claro que o aumento da despesa exigiu o aumento das receitas, predominantemente dos impostos, em cerca de 4 pontos percentuais ( de 37,3% para 41,4%). Com o valor do PIB à volta, números redondos, de 150.000 milhões de euros, tal significou um esforço suplementar, só em 2005, em relação há dez anos, de 6.000 milhões de euros, legalmente extorquidos aos cidadãos em impostos. O que levou, nas empresas, à retracção no investimento, na organização e na formação do pessoal e, nos particulares, a abdicarem de escolhas de investimento e consumo mais racionais do que seguramente as do Estado. Os efeitos sobre o emprego tinham que se dar.
Ao contrário, o emprego em Espanha não se fez pela contratação de mais funcionários públicos, mas por políticas públicas equilibradas que não forçaram a componente fiscal e permitiram a racionalização empresarial. A economia espanhola, partindo de uma base similar, tornou-se competitiva, diminuiu o desemprego e, ironicamente, tem sido um dos motores, através das importações, do nosso débil crescimento.
O aumento da despesa pública, em Portugal, não explica certamente tudo, mas seguramente explica muito. E, esgotada a possibilidade de novas admissões no Estado, a racionalização que se pede às empresas só poderá trazer mais desemprego por um bom par de anos. O resto é demagogia. Fariam melhor o Governo e, já agora, as Oposições responsáveis, ir prevenindo os portugueses
Isto é, a taxa de desemprego cresceu em Portugal mais de 2 pontos percentuais, enquanto em Espanha diminuiu 7,6 p.p.
Isto apesar de muito emprego ter sido assegurado pela despesa pública, que subiu em Portugal quase 4 pontos percentuais. Em Espanha, pelo contrário desceu mais de 6 p.p. Uma diferença a nosso favor de 0,7 p.p. em 1995 traduziu-se numa diferença desfavorável de 9,3 pontos percentuais, em 2005.
Claro que o aumento da despesa exigiu o aumento das receitas, predominantemente dos impostos, em cerca de 4 pontos percentuais ( de 37,3% para 41,4%). Com o valor do PIB à volta, números redondos, de 150.000 milhões de euros, tal significou um esforço suplementar, só em 2005, em relação há dez anos, de 6.000 milhões de euros, legalmente extorquidos aos cidadãos em impostos. O que levou, nas empresas, à retracção no investimento, na organização e na formação do pessoal e, nos particulares, a abdicarem de escolhas de investimento e consumo mais racionais do que seguramente as do Estado. Os efeitos sobre o emprego tinham que se dar.
Ao contrário, o emprego em Espanha não se fez pela contratação de mais funcionários públicos, mas por políticas públicas equilibradas que não forçaram a componente fiscal e permitiram a racionalização empresarial. A economia espanhola, partindo de uma base similar, tornou-se competitiva, diminuiu o desemprego e, ironicamente, tem sido um dos motores, através das importações, do nosso débil crescimento.
O aumento da despesa pública, em Portugal, não explica certamente tudo, mas seguramente explica muito. E, esgotada a possibilidade de novas admissões no Estado, a racionalização que se pede às empresas só poderá trazer mais desemprego por um bom par de anos. O resto é demagogia. Fariam melhor o Governo e, já agora, as Oposições responsáveis, ir prevenindo os portugueses
5 comentários:
Caro Pinho Cardão:
Além do aumento dos impostos, não esquecer:
* a crença de que os governos todo-poderosos é que sabem o que é bom para a micro-economia;
* a drenagem voraz de recursos para a famosa LVT;
Em suma, a mentalidade socialista presente desde a mente de Sócrates, de Mendes & Menezes, de Portas, de Sousa & Louçã.
Explica quase tudo. A Espanha atingiu esse número espantoso de desemprego depois de passar pela período mais imbecil da sua história, em que investimento público era fazer Jogos Olímpicos, mundiais de futebol e Expos. Rapidamente perceberam para que é que servia esse tipo de "investimento". Por cá, ainda achamos importante "mostrar ao mundo que conseguimos fazer" e temos gente que pensa que devíamos ser um país de eventos.
O resto da dferença vem da utilização da educação e do território.
Os espanhóis nunca se preocuparam em ter médicos no desemprego, preocuparam-se com a possibilidade de não ter médicos. Este conceito "exótico", para nós, parece fusão nuclear fria.
A regionalização deles leva a usar o território para criar riqueza. Para nós o território é algo que só deve ser tomado em conta quando é comprado pelos espanhóis, embora por um valor bem acima daquele que nós lhe atribuímos e, como tal, deveríamos festejar a mais-valia e fomentar a venda do resto.
Meu caro Antonio
Sabe quem foram os culpados disto tudo?
Foram um grupo de meninos que em 1640 foram "chatear" o coitado do futuro D. João IV que estava sossegado em Vila Viçosa. Se ele tem resistido à mulher, hoje tudo seria diferente...
Vasco Branco
Ora aí está meu amigo VBranco um iberista convicto!...
Apesar de tudo, penso que o D. João IV fez bem em seguir os conjugais conselhos. Se assim não fosse, até já a sopa da pedra se tinha transformado numa qualquer mistela castelhana...
Caro Pinho Cardão,
Voltamos ao princípio?
A comparação da evolução da taxa de desemprego entre Portugal e Espanha passa, forçosamente, pela comparação da evolução das políticas de emprego seguidas nos últimos 30 anos num caso e noutro.
Filipe Gonzalez, que assumiu o Governo de Espanha após um período muito curto que se seguiu à queda do franquismo, optou por dar às empresas a possibilidade de se reestruturarem, em grande parte à custa do aumento de desemprego.
Em Portugal, na ressaca de uma transição que envolveu nacionalizações e outros desvarios, a opção foi sempre a de manter o emprego sacrificando a reestruturação.
Depois aconteceu que se viu: A economia espanhola ganhou consistência (ainda que o sector imobiliário possa vir a causar graves dissabores), a economia portuguesa sofreu vários rombos com as deslocalizações.
O emprego, entretanto, foi assegurado em grande parte pelo aumento da despesa pública.
Poderia ter sido diferente. Claro que podia. Mas não foi.
O que importa agora é saber o que importa fazer, hoje.
E, hoje, o que importa fazer é reduzir a despesa pública. Claro que, deste modo, o desemprego vai aumentar. Mas a alternativa é continuar (se fosse possível...) a política anterior, enrolando a manta até a respiração se tornar impossível.
Ora é uma proposta política que defina claramente COMO deve reduzir-se a despesa, e PORQUE é que deve reduzir-se, que deve ser colocada aos portugueses.
Quanto ao resto são lamentações junto a um muro que não se comove.
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