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sexta-feira, 26 de outubro de 2007

O "quebra-cabeças" da matemática...

Os maus resultados do ensino da matemática no nosso País são um "quebra-cabeças" para alunos, professores e Ministério da Educação; trata-se de um assunto recorrente que constitui, há muito, um problema nacional.
Têm sido apontados vários problemas para este estado de coisas, sem que no entanto já tenham sido tomadas as medidas capazes de, embora gradualmente, alterar o desolador panorama da matemática. Volta e meia surgem notícias do Ministério da Educação que apontam para ganhos "súbitos" nos resultados dos exames desta disciplina, sem que no entanto haja de facto uma inversão da situação.
Sei bem o que é o gosto pela matemática e o horror da matemática. Nos meus tempos de criança e jovem a máquina calculadora era um objecto raro que não intervinha na aprendizagem da matemática. Nunca me fez falta nos tempos em que dei os primeiros passos nesta disciplina, com a sorte de ter tido uma professora que ensinava a matemática de forma divertida, incutindo a todo o momento a lógica na sequência da utilização dos números e do seu resultado. Tomei-lhe o gosto e tornei-me uma boa aluna de matemática. Mais tarde tive a oportunidade de melhor compreender o horror da matemática sentido pelos alunos que, viciados na incompreensão da lógica e utilidade dos números, estavam sempre com a "corda na garganta", nunca dela se tendo livrado até ao final dos estudos universitários.
É hoje reconhecida a importância da matemática para a vida das pessoas em geral. É considerada uma aptidão básica para lidar com a vida. A mente humana parece gostar da lógica e da ordem, mas o seu desenvolvimento está muito dependente do gosto e da utilidade que as crianças descobrem na utilização e combinação dos números. O insucesso da matemática está muito ligado à complexidade que é colocada na apresentação da função dos números. No sucesso da aprendizagem será fundamental o ganho de confiança e de auto-estima na resolução dos problemas. Há, portanto, que descomplicar!
O Ministério da Educação colocou em consulta pública, que entretanto terminou, um documento para Reajustamento do Programa de Matemática do Ensino Básico. Este documento suscitou várias críticas, designadamente da Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM), entidade que para espanto meu não foi consultada na elaboração do documento.
De entre as críticas apontadas, retive a questão, justamente, do uso das calculadoras matemáticas. Com efeito, especialistas apontam que o uso da calculadora nos primeiros anos de escolaridade "ameaça a destreza mental e a capacidade de cálculo dos alunos".
Muitos países acabaram por abandonar o uso da calculadora logo na primária porque descobriram que as crianças deixaram de ter a percepção dos números, deixaram de pensar numericamente, deixaram de assimilar o básico – adição, subtracção, multiplicação e divisão.
A SPM "tem defendido que a calculadora pode e deve desempenhar algum papel no ensino, embora apenas muito ocasionalmente nos primeiros anos do Ensino Básico. E tem sublinhado que a calculadora não deve estar à disposição do aluno para seu uso indiscriminado. Ela pode ter um papel quando o professor assim o entender. Mas é importantíssimo sublinhar que enquanto se está a aprender a tabuada e as operações elementares o recurso à calculadora deve ser impedido".
Ora, o documento do Ministério da Educação para o reajustamento do programa da disciplina da matemática estipula que "ao longo de todos os ciclos, os alunos devem usar calculadoras e computadores na realização de cálculos, na representação de informação e na representação de objectivos geométricos". A calculadora matemática continua, pois, assim parece, a desempenhar um papel central na aprendizagem da matemática, apesar dos especialistas alertarem para os efeitos perversos.
Fico sem saber o que leva o Ministério da Educação a persistir nesta via?

28 comentários:

Tonibler disse...

Versão imprópria:

O que leva o ministério a persistir nesta via é ser constituido por um bando de gajas inúteis que deviam estar em casa a coser meias porque, como nunca conseguiram operar maquinaria com mais botões que um fogão, acham que as crianças precisam de ser ensinadas a mexer em teclas e não a efectuar cálculos numéricos.

Versão própria:

Na realidade, a insistência numa via que está comprovada em muitos países como errada, vem do facto das pessoas que estão responsáveis pela definição dos programas estarem a projectar as suas dificuldades na aprendizagem de ferramentas que facilitam os cáculos numéricos mas que não os efectuam. Isto é, não vêem um boi do que andam a fazer.

A versão própria não saiu muito melhor pois não? Mas esta gente dá-me cabo do juízo, não por consumirem recursos importantes, como ar, mas pela dimensão e consequências das suas asneiras. Gerações inteiras são afectadas pelas asneiras destas burras!

invisivel disse...

Prepare-se caro tonibler...se elas se juntam vão ser o seu cabo das tormentas!

Subscrevo palavra a palavra, vírgula a vírgula, excepto aquela parte em que as ditas deviam estar a coser as meias! Com tantas coisas bem mais agradáveis para fazerem, logo o caro tonibler se lembrou de lhes dar tão grande castigo!

Pinho Cardão disse...

A Margarida diz ficar sem saber o que leva o Minist�rio da Educa�o a persistir nessa via. Estou convicto de que se trata apenas de uma d�vida met�dica!...
Chamar minist�rio da educa�o �quele organismo que era suposto s�-lo � a maior mistifica�o dos tempos correntes em Portugal. Para agravar a situa�o, tem uns ap�ndices,ligados � inova�o educativa, que em tempos recuados cumpriram bem as suas fun�es,mas agora concorrem activamente para a degrada�o global do mecanismo.
Cara Margarida, no processo activo de estupidifica�o em que o Minist�rio est� envolvido, acho que � uma medida coerente. Fico � sem saber para que servem os Secret�rios de Estado e a pr�pria Ministra. Ou melhor, sei bem!...
A Ministra pretendeu fazer coisas �teis. Passado algum tempo, o necess�rio, foi embrulhada e empacotada pela nomenklatura...
Quanto aos Ajudantes, eram t�o tenrinhos que logo foram deglutidos...
E alguns Se

Rui Fonseca disse...

Salvo o devido respeito, discordo.

Se a questão nuclear desta fobia matemática residisse na utilização ou não da calculadora o problema estaria há muito tempo equacionado e resolvido.

A questão é bem mais complexa.

Retiro do seu texto duas afirmações:

1- "Os maus resultados do ensino da matemática no nosso País são um "quebra-cabeças" para alunos, professores e Ministério da Educação"

2 - "É hoje reconhecida a importância da matemática para a vida das pessoas em geral."

No primeiro caso (a preocupação) não incluiu os pais nem a sociedade em geral. No segundo,(o reconhecimento) é abrangente.

É na contradição entre estes dois pontos que reside o búsilis da questão:

Na realidade, lamentavelmente, a importância da matemática NÃO é geralmente reconhecida.Conheço mesmo casos de bons alunos de matemática que foram vítimas dessa
capacidade. E não estou, ao dizer isto, a tentar fazer humor superficial.

Vejamos alguns exemplos soltos:

Já reparou, certamente, que muitos jovens que se empregam nos centros comerciais fazem as contas pelos dedos ou recorrem às máquinas e, frequentemente, se enganam porque não têm sensibilidade às grandezas com que estão a lidar? Para muitos um resultado de 2,7 que deveria ser 27 não lhes faz soar nenhuma campaínha. Foram estes empregados sujeitos a alguma prova de perícia aritmética pelos empregadores? Pelos vistos não. Contou, sobretudo, o aspecto físico, alguma cunha, mas não os conhecimentos do candidato.

Vejamos como se comporta outro grande empregador: o Estado.

Realiza o Estado provas de avaliação de competência na admissão dos seus funcionários?
Nem para a admissão de professores de matemática.

Aliás, uma das consequências do "numerus clausus" foi a entrada para as faculdades de matemática de maus (não todos, mas muitos)alunos a matemática no secundário.

A crua realidade é bem esta: Muita gente clama que a matemática faz falta mas a verdade é que a grande maioria não é obrigada a dar por isso. A começar pelos alunos e pelos pais dos alunos.

Como as pessoas respondem a incentivos, se o incentivo é quase nulo a resposta é a esperada.

Só mais uma palavra quanto às vítimas de muito boas notas a matemática: alguns enveredam por uma carreira científica. Sabe o que lhes sucede?

Muitos arrependem-se.

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Caro Tonibler
Na sua versão imprópria colocar as mulheres de avental ao fogão ou a coser meias é qualquer coisa que felizmente já não é possível, nem desejável, é coisa que já lá vai e ainda bem...Não sabia que os homens não utilizam máquinas calculadoras! Não sei se estão de parabéns!

Caro invisivel
O que seria uma manifestação feminina à porta do nosso Caro Tonibler!? Não sei quem lhe poderia valer...

Caro Pinho Cardão,
O uso e abuso da "máquina calculadora" está em linha com as medidas do Ministério da Educação de tratar as faltas injustificadas como se de faltas justificadas se tratassem e vice-versa. É o "monstro" do nivelamento por baixo e o trauma da "igualdade para todos" no seu pior(ou melhor, dependendo do ângulo de vista...).

Q. disse...

Na minha opinião culpar a máquina calculadora pela péssima relação que os portugueses têm com a matemática não é pôr enfoque na verdadeira razão pela qual a Matemática é a besta negra do ensino português. Os alunos são maus a matemática porque a escola não os ensina a raciocionar, mas a decorar. O aluno dois dias antes do teste "marra" e decora chega ao teste e "vomita" ipsis verbis o que estudou. Nas perguntas começadas por comenta e relaciona...não sabem o que têm que fazer. No momento em que os alunos forem ensinados com vista a reponderem a perguntas começadas por comenta, relaciona e explica, as notas de matemática melhorarão.
Os alunos também têm muita dificuldade a Filososofia, disciplina onde pode residir a solução para os maus resultados a matemática e que o sistema de ensino despreza... Culpar as máquinas é mais fácil, mas não a solução.

SC disse...

Cara MCA,

Parece-me que continuamos, sobre este assunto, a discutir detalhes em vez de nos debruçar-mos sobre o essencial.
O que tenho houvido a uma grande parte dos especialistas, é que o bom uso da máquina é bom!
O que quer dizer que o problema se deve colocar do lado do professor. Ele, por função, é que deve ter a capacidade, e a competência para decidir do uso ou não, e como, da máquina. Não deve ser o legislador.
Sobre a questão do horror à matemática e aos números, retiro do seu texto uma frase exemplar: "...com a sorte de ter tido uma professora que ensinava a matemática de forma divertida, incutindo a todo o momento a lógica na sequência da utilização dos números e do seu resultado.
Pois é, a chave foi que teve uma professora que não tinha horror aos números!... Até gostava deles ao ponto de tornar a coisa divertida.
Já se fez, por acaso, um inquérito a todos os professores do primeiro ciclo a saber quais os que gostavam dos números?
É que a minha impressão é que dará um resultado aterrador.
Pelo menos na minha geração, a grande maioria dos (mais das) que seguiram o antigo Magistério Primário eram os alunos que não gostavam de matemática...
Talvez por isso, o tal refúgio, depois, nas teorias da pedagogia...
Posso estar aqui a fazer uma grande injustiça, por isso seria fundamental um tal estudo que apurasse se não é "o rei que vai nu".
E então depois veremos as soluções.
Que me adianta ter um bom produto, com boa embalagem, até boa publicidade, se depois a equipa comercial não acredita nele?

Pinho Cardão disse...

Caro Rui:
Contestas que "os maus resultados do ensino da matemática no nosso País sejam um "quebra-cabeças" para alunos, professores e Ministério da Educação". Contestas e contestas muito bem, com a provável excepção dos professores, que sempre gostariam de ver o fruto do seu labor.
No que respeita ao Ministério da educação, tal facto nunca o preocupou. Mais, preocupa-lo-ia, sim, era haver bons ou mesmo suficientes resultados.

Caro Q:

A desvalorização que vem sendo feita da disciplina da Filosofia é um dos outros "crimes" maiores que devem ser imputados ao Ministério da educação. As consequências são trágicas para a estruturação de um pensamento lógico e coerente, que distiga a substância do acidente, o essencial do acessório, que vá à causa das coisas e a explicaçãodos fenómenos para além da espuma envolvente.

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Caro Rui Fonseca
Obviamente que o "papão" do desastre do ensino da matemática não é a máquina calculadora. Há várias razões que explicam o insucesso a que se chegou.
A máquina calculadora é um daqueles aspectos que facilmente poderia ser, a meu ver, corrigido. O exemplo dos "jovens que se empregam nos centros comerciais" que contam pelos dedos ou recorrem às máquinas, muitas vezes sem mesmo as saberem utilizar, é a prova do estado a que chegou o ensino da aritmética (já nem falo da matemática!). Estamos a falar de operações básicas que as suas cabeças se negam a fazer.
Certamente que a máquina calculadora não é a culpada desta ignorância matemática, mas a sua utilização desgovernada retira aos miúdos a destreza mental e a capacidade para lidar com os números.
Questiona-se o Caro Rui Fonseca se os empregados foram sujeitos a alguma prova de perícia aritmética? Se foram contratados pelos seus bonitos olhos? Talvez, porque os empregadores provavelmente têm o mesmo nível de exigência e querem pagar barato!
Insisto que a matemática, assim como o português (falar e escrever) e a filosofia (como chama a atenção o Dr. Pinho Cardão), é fundamental para lidar com os mais diversos aspectos da vida. Diria que a matemática é uma aptidão que não deve ser um exclusivo dos matemáticos ou de outros profissionais para quem a matemática se assume como uma disciplina nuclear.
Esta aptidão que nasce torta na infância e na juventude, torta fica e não se endireita à porta da universidade. O sistema sabe disso!

Caro Q
Não podemos colocar em cima da máquina calculadora a culpa do estado a que chegou a matemática. Mas é significativo que o Ministério da Educação não reveja este aspecto específico, que não é desprezível.
É verdade que a escola não ensina os alunos a raciocinar. Há com certeza um problema de método no ensino da matemática, mas a máquina calculadora constitui também um elemento do método.
O que sem duvida falta no ensino desta disciplina são os hábitos de leitura da matemática, em casa e na escola. Coisas simples para as crianças, como aprender a contar o dinheiro, aprender as horas ou jogar damas constituem bons estímulos ao raciocínio matemático. Não sou eu que o digo, são especialistas de outros países; tenhamos a humildade de reconhecer que se fazem melhor do que nós é porque fazem diferente.

Caro CS
É no método do ensino que está o problema. Mas se os professores sofrem também do horror da matemática que podemos esperar? Há aqui um ciclo vicioso!
Não estou bem informada sobre a formação que é exigida aos professores de matemática. Será que basta terem uma licenciatura em matemática? Talvez não seja suficiente. Se optam pela via docente então deveriam receber um complemento formativo orientado para ensinar. Porque do que estamos a falar é de ensinar! E para ensinar é preciso saber fazê-lo. Claro que com excepção para os professores, como foi o meu caso, especialmente talentosos.

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Caro Dr. Pinho Cardão
Subscrevo totalmente a sua indignação relativamente à disciplina da filosofia.
E o que dizer da língua portuguesa?

Pinho Cardão disse...

Quanto à língua,já há muito que o ministério da educação trocou os clássicos por textos da crónica feminina ou similares!...

Tonibler disse...

Caro Fonseca,

Claro que a culpa não é da máquina de calcular, mas pela máquina de calcular se percebe que não fazem ideia do que andam a fazer.

Cara Margarida,

Eu não coloquei mulheres de avental ao fogão e a coser meias. Coloquei gajas ao fogão de avental e a coser meias até porque comecei por comentar um post de um mulher. Se fui ofensivo, não foi para o género, só para o tipo. Mas sem grande dificuldade poderá descobrir que os autores dessa maravilha são autoras. Eu tenho a certeza absoluta.

rui f. disse...

Cara Margarida Corrêa de Aguiar,

V. diz "Insisto que a matemática, assim como o português (falar e escrever) e a filosofia (como chama a atenção o Dr. Pinho Cardão), é fundamental para lidar com os mais diversos aspectos da vida."

Por mim, não tem que insistir. Estou totalmente de acordo. Mas não foi com isso que discordei de si.

O problema da matemática, do português, da filosofia, do ensino em geral, só se resolverá quando houver uma cultura de exigência que não existe de todo em Portugal.

A começar pelo Estado.

SC disse...

Com o devido respeito a todos, subscrevo inteiramente o comentário do Rui Fonseca.
Ao darmos tanta importância a esta questão da máquina de calcular no plano de estudos da matemática, que remete para o professor a competência do seu uso adequado, só pode querer dizer que duvidamos da qualidade do livre arbítrio dos professores.
Com esta confiança nos professores, de que nos serve discutirmos as leis e directivas lisbonenses?
O nosso problema é esse, não temos confiança nos professores e depois queremos que um "decreto" lhes diga como devem dar aulas!...

Anthrax disse...

Caros amigos,

Tenho estado a seguir os v/ comentários a este post com muita atenção no sentido de verificar a tendência da «cumbersa».

Eu sou uma desgraça a matemática desde o meu 7º ano e quando cheguei ao 10º pisguei-me para a área de letras só para não ouvir falar dessa coisa.

Curiosamente, e de acordo com os resultados de testes realizados, tenho 73% de raciocínio lógico e matemático, memorizo números e formulas (não sei porque é que isto é assim, só sei que é)e o meu problema sempre foi mais uma questão de compreensão daquilo que me estava a ser transmitido do que, propriamente, a resolução de problemas matemáticos. É claro que uma coisa conduz, inevitavelmente, à outra. Se não percebermos como funciona, não vamos saber como se resolve independentemente de termos ou não uma máquina de calcular.

Por outro lado, há coisas que têm mesmo de ser memorizadas (como a tabuada por exemplo), caso contrário não é possível raciocinar ou pensar sobre o que não se sabe. Também não é possível falar para uma audiência de miúdos como se estivéssemos a falar para uma audiência de adultos ou jovens adultos, porque eles não vão perceber "um boi"do que estamos a dizer.

E de tudo isto que vos acabei de dizer, nem sequer entrei na questão da matemática em si, fiquei unicamente na questão da linguagem, da interpretação e da compreensão (que é no meu entender uma questão prévia à da matemática em si).

antoniodasiscas disse...

Cara Margarida
Deixemo-nos de histórias e de justificações. Peçamos a Deus que o Professor James Watson, que com pretos ou sem eles, é uma figura a quem toda a humanidade deve uma investigação espantosa cujos resultados são de uma importância extraordinária na vida corrente das sociedades,peçamos a Deus ,dizia eu, que o Professor Watson não descubra e anuncie, a nossa inferioridade até neste capítulo!.

Tonibler disse...

Porque, camarada Anthrax, o primeiro problema é mesmo o programa e o segundo os professores.
O que não entendo (ou melhor, entendo...) é porque é como é que as sujeitas do ministério da Educação ainda não pensaram, entre lá as coisas importantes que têm que fazer, "será que também se ensina matemática nos outros países, ou somos só nós?". Certamente, dois ou três dias depois de se questionarem, haveria de surgir a iniciativa de perguntarem "então e que países é que se safam melhor que nós?..."

Os professores ainda acham que matemática é aquela coisa das fórmulas e, se há gente com essa tendência que não fugiu à matemática é porque, se calhar, tiveram melhores professores que o camarada Anthrax

SC disse...

Como se vê, caro Tonibler, andamos andamos e estamos a chegar ao ponto fundamental: OS PROFESSORES.
E no caso da matemática, o professor crucial é o professor da primária (agora diz-se 1º ciclo), é ele que funda o gosto e o jeito pela coisa!...
O caso do amigo Antrax é a todos os títulos exemplar:
- primeiro porque, tudo indica, teve o azar de não ter apanhado um bom professor.
- segundo porque na fuga à matemática não se "refugiou" na profissão de professor primário. Devemos estar-lhe agradecidos.

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Caros Comentadores
A máquina calculadora teve a importante função de nos juntar aqui a deitar contas à vida ao ensino da matemática e, afinal, à qualidade do ensino. E não precisámos da calculadora para fazer bem as nossas contas!
Com ou sem máquina calculadora, estamos todos de acordo que muita coisa vai mal na matemática e no ensino em geral.
E pobres crianças e jovens que não tendo a sorte de apanhar um professor talentoso se têm que contentar com um sistema que lhes atrofia o desenvolvimento mental...

Pedro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Caro Paulo J.V. Garcia
Seja muito bem vindo.
Sem dúvida que muito do que somos em adultos é condicionado pelo que recebemos (ou não) enquanto crianças. Sobre a educação da matemática li recentemente uma entrevista muito interessante dada pelo professor Larry Martinek (professor norte-americano que criou o conceito de ginásios de Matemática) na qual chamava a atenção justamente para a necessidade de o ensino da matemática estimular o raciocínio das crianças através de jogos de tabuleiro (xadrez ou damas) e outros à base de números e insistir na compreensão e interiorização das operações mais simples. Ao longo da entrevista o entrevistado realça que o raciocínio lógico e matemático é uma aptidão essencial para a vida, na qual é preciso investir porque as crianças são o futuro e futuro está dependente das crianças.

Suzana Toscano disse...

Caros Margarida e comentadores, estimular o raciocínio, a criatividade e a lógica parece-me comum a praticamente todas as disciplinas ou,pelo menos, reflecte-se em todas, sem elas, nenhum estudo terá grande brilho. Com diz o Anthrax, foge-se da matemática porque não se entende a "linguagem", mas lá vai a capacidade lógica ser testada no direito, na filosofia, na capacidade de expressão. Um bom jurista tem que ter lógica, um bom cientista tem que ser capaz de articular os silogismos, há uma dialéctica associada à experimentação, ou não há? Por isso, não deve haver aprendizagens estanques, se forem de qualidade, é a questão tão moderna das competências...Qual o tema que mais nos atrai, é que definirá depois o rumo, se as competências tiverem sido bem adquiridas. Ouvi outro dia, numa conferência sobre o Plano Nacional de Leitura, que ler não é só um prazer, tem que haver um esforço associado para se progredir, se uma criança é orientada só para o prazer de ler, vai enganada, não progride. Quanto à matemática, disseram-me que nas Olimpiadas é proibido usar máquina de calcular... não sei se será determinante, mas é uma pista. No entanto, - há sempre um mas – temos que ver se o uso dessas máquinas estimula a aprendizagem de muitos que de outro modo ficariam pela 4ª classe (antiga....) ou se permite que muitos outros cheguem mais longe, também não acredito que se tomem opções dessas sem base nenhuma. Com máquina ou sem ela, não há dúvida de que um bom professor é determinante, talvez seja mesmo aí que a matemática tem mais carências, por falta de formação adequada de muitos docentes e, provavelmente, por os programas não estabilizarem o tempo suficiente para isso.

Anónimo disse...

Concordo com Suzana Toscano.
Simplifica, desdramatiza. Enfim tudo está ligado e deve ser centrado na figura do professor. Centremo-nos na obtenção de bons professores e depois confiança neles. Agora, se pensamos, como noutros temas, qué é com regras, programas, esquemas etc. que vamos criar algo de melhor...

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Suzana
Depois da síntese que fez, acrescentaria que nos nossos dias a matemática ocupa (ou deveria ocupar) um lugar destacado na educação, sobretudo no Ensino Básico, não tanto pelo interesse das suas aplicações, mas pelo seu valor educativo, independentemente, das vocações que a criança irá construindo e descobrindo ao longo do seu crescimento.
O que não é saudável é que as crianças e os jovens detestem a matemática, como foi o caso do nosso Caro Antrhax que fugiu da matemática como do "diabo da cruz". Fica a pergunta: de quem é a culpa?

Caro Agitador
Sem duvida que temos que investir nos professores e confiar neles.
Mas o trabalho dos professores que deve apostar na sua formação e nas suas competências técnicas e comportamentais e na sua habilidade em atrair o interesse e atenção dos alunos deve ser enquadrado em programas de orientação pedagógica que definem objectivos e recomendações.
Ora, na matemática, como em qualquer outra disciplina, há aspectos educativos que devem ser valorizados e que devem orientar a sua educação, como por exemplo o desenvolvimento no aluno do pensamento crítico, a confiança no seu potencial mental e o hábito de utilizar as suas competências autonomamente. Estes aspectos e outros igualmente importantes devem orientar o trabalho dos professores. Ou seja, temos que confiar nos professores, em particular do Ensino Básico que tem um grande peso no desenvolvimento das aptidões da criança, mas os programas de matemática e de outras disciplinas definidos pelo Ministério da Educação são importantíssimos tanto para o bem como para o mal.
A máquina calculadora, a que volto de novo, integra os programas de matemática do Ensino Básico, sendo certo que não é indiferente a definição do contexto e intensidade da sua utilização, em particular, tratando-se de uma criança.

Anónimo disse...

"a definição do contexto e intensidade da sua utilização"

só esta frase já me assusta. Estou a ver algo de complexo e tão bem pensado q resula numa aplicação prática impossivel e motivo de chacota.

Suzana Toscano disse...

Margarida, eu teria ido para medicina, seguramente, se não tivesse odiado química por causa de uma professora,que "durou" todo o liceu, que era incapaz de ensinar fosse o que fosse... na matemática, como é mais transversal, nota-se mais, mas oproblema é sempre o mesmo. O contrário também é verdade, há muitos professores que, pela sua qualidade, nos levam a seguir o caminho para o qual nos souberam despertar.

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Caro Agitador
É impressão minha ou não gosta de matemática? É que não tem mal algum se não gosta, mas há-de convir que se porventura não souber calcular uma raíz quadrada ou uma potência ao quadrado não há nada que justifique ser motivo de chacota!

Anónimo disse...

Gosto.