Em cinco anos as armas apreendidas nas escolas triplicaram. Foram 49 no ano lectivo 2002/2003 e 140 em 2007. Pinto Monteiro revelou por ocasião da audiência com o Presidente da República que há alunos que vão armados para as escolas e afirmou que tem elementos seguros de escolas em que os alunos vão armados com pistolas de 6,35 e 9mm. Diz que não quer interferir nos aspectos disciplinares das escolas, mas que os crimes devem ser punidos, tendo feito um apelo para que os conselhos directivos das escolas e os professores denunciem os casos de agressões praticados dentro das escolas que configurem um crime público, que “têm de ter coragem, obrigação e dever cívico para participarem os casos de violência”.
A Ministra da Educação veio entretanto dizer que os dados revelados "São dados compilados e reportados pelo ministério da educação. E resolvidos também". Acrescenta que as escolas são seguras e que não há “motivo para preocupações excessivas”, mas não explicou como é que os casos são resolvidos.
O Procurador Geral valoriza a evolução do número de armas apreendidas e os 140 casos de violência com armas registados em 2007, manifestando a preocupação de que deve ser contrariado o sentimento de impunidade e que uma das prioridades do ministério público é a investigação destes casos. A Ministra da Educação valoriza a acção das escolas na resolução dos casos de violência com armas, mas desvaloriza o fenómeno, não lhe atribuindo uma preocupação excessiva
Os discursos de ambos apenas convergem numa coisa: no número de casos de violência com armas – 140 – mas divergem no diagnóstico e na qualificação da situação, nos meios e nas iniciativas para denunciar e combater o problema.
Numa questão tão essencial e tão grave, envolvendo jovens, violência e armas, numa questão tão crucial para o bem estar da sociedade, seria importante, diria uma exigência, que governo e autoridades se pusessem de acordo e actuassem de forma sincronizada, no discurso e na prática. Mas não! O que vemos, já não é surpresa, é uma espécie de “disputa”, sem a preocupação de um discurso comum, de uma vontade concertada. Não creio que seja este o melhor caminho.
A Ministra da Educação veio entretanto dizer que os dados revelados "São dados compilados e reportados pelo ministério da educação. E resolvidos também". Acrescenta que as escolas são seguras e que não há “motivo para preocupações excessivas”, mas não explicou como é que os casos são resolvidos.
O Procurador Geral valoriza a evolução do número de armas apreendidas e os 140 casos de violência com armas registados em 2007, manifestando a preocupação de que deve ser contrariado o sentimento de impunidade e que uma das prioridades do ministério público é a investigação destes casos. A Ministra da Educação valoriza a acção das escolas na resolução dos casos de violência com armas, mas desvaloriza o fenómeno, não lhe atribuindo uma preocupação excessiva
Os discursos de ambos apenas convergem numa coisa: no número de casos de violência com armas – 140 – mas divergem no diagnóstico e na qualificação da situação, nos meios e nas iniciativas para denunciar e combater o problema.
Numa questão tão essencial e tão grave, envolvendo jovens, violência e armas, numa questão tão crucial para o bem estar da sociedade, seria importante, diria uma exigência, que governo e autoridades se pusessem de acordo e actuassem de forma sincronizada, no discurso e na prática. Mas não! O que vemos, já não é surpresa, é uma espécie de “disputa”, sem a preocupação de um discurso comum, de uma vontade concertada. Não creio que seja este o melhor caminho.
A escola pode ser considerado um “espaço seguro”, mas constitui motivo de insegurança a evolução registada dos casos de violência com armas. E não nos iludamos, porque também é por aqui que se vai “treinando” aquilo que poderão vir a ser, no futuro, os grandes crimes. Num País tão pequeno não parece que fosse assim tão difícil conter esta evolução!
19 comentários:
Não parece. Mas parece, que é. E é.
É realmente muito preocupante, como preocupante me parece ser a forma como os cidadãos lidam com o problema. No seu meio ambiente, os prevaricadores parece estarem promovidos a Símbolos, a Modelos de comportamento. Poderíamos pensar que se "estão nas tintas" para o que os seus concidadãos pensam. Mas não é verdade: muitos dos seus concidadãos erigem-nos Herois.
Ontem 4 rapazolas foram apanhados após cometerem crime de apropriação de viatura, o que fizerem com a prestimosa ajuda de arma branca. Foram presentes a Tribunal e saíram, ainda que obrigados a apresentações diárias junto da PSP. Como as imagens de TV mostraram, sairam sorridentes. Pode ser que juridicamente esteja correcta a medida. Mas não contribui para a minha sensação de segurança. Antes pelo contrário. O que ia ao volante tinha 17 anos. Como a minha filha. Formas muito diferentes de crescer.
Cumprimentos
É uma perfeita irresponsabilidade deixar este PGR abrir a boca.
Só porque não quero ser perseguido é que não encontro adjectivo para classificar alguém que publicita a escola como local onde se levam armas de guerra e onde as crianças correm, consequentemente, perigo de vida. Era só mesmo o que faltava a este país, um procurador armado em "Correio da Manhã"...
Neste aspecto a ministra só poderia estar bem, porque perante tamanha estupidez toda a gente com dois dedos de testa estaria bem.
Eu só pergunto, o que é que o país ganhou com esta estupidez e o que é que perdeu? Agora, não despedem o tipo?
Cara Dra. Margarida Aguiar.
Ainda bem que nos trás aqui este tema que, estou certo, está a causar insónias a muito boas famílias que, de manhã muito cedo “depositam” os filhos naquilo que julgam ser a escola, mas que pode transformar-se no inferno…
Eu não fazia a menor ideia de que em Portugal há "putos" de sete e oito anos que vão para a escola com armas de fogo… E pelo que nos é dito, não são actos isolados!
Eu sei o perigo que uma arma representa, mas uma criança saberá desse perigo? Pelas notícias que às vezes, infelizmente, nos chegam do exterior, parece-me que não.
Uma interrogação: será possível que já aceitemos este facto como um "fait-divers" ?
Cara Dra. Margarida Aguiar, o srº PGR, que tenha santa paciência, mas, em vez de nos atormentar com as suas certezas, sobre estas armas, o que nós verdadeiramente gostaríamos de ouvir da boca dele era, as certezas sobre a erradicação destas mesmas armas… Será difícil? São assim tantas as escolas problemáticas? Não. Os portugueses não são nenhuns “cowboys”.
Instalem-se, se necessário, detectores de metais nessas escolas que o srº PGR sabe, e acabe-se duma vez por todas, com vossa licença, com estas porras que só servem para lá na terrinha, muito boa gente ver o boneco, do seu conterrâneo aparecer na TV...
PS
Onde digo trás, digo que digo traz (do verbo trazer).
Só dei conta deste e dumas vírgulas a mais e a menos. Mas, se há mais tenham lá santa paciência...
Tonibler, mas afinal o que pretende o meu caro amigo? O total laxismo civilizacional nas escolas? Que os professores sejam também polícias? É que os professores, em geral, podem e sabem, realmente,lidar com casos de indisciplina, as traquinices normais dos jovens que todos nós já fomos. Mas há coisas que extravasam totalmente esse âmbito e são, realmente, matéria de instâncias diferentes, nomeadamente da Procuradoria-Geral da Républica. Esta coisa das armas extravasa totalmente o âmbito da indisciplina normal nos jovens que, com limites e devidamente reprimida na hora certa, é até saudavel e não vejo como podem as escolas estar preparadas para responder a isso dentro apenas da sua esfera e dos seus meios.
Ainda por cima, com a desautorização feita sobre os professores, esta coisa de não haver respeito por figuras que são efectivamente superiores na sociedade, os alunos cada vez menos vêem o professor como alguém que tem que ser respeitado, se não por qualquer outro motivo, porque lhes é superior e mais velho. Ora, perante isto facilmente um mero caso de indisciplina que não é atalhado a tempo escala e atinge proporções muito superiores e da alçada dos tribunais.
A indisciplina trata-se na escola, as matérias criminais tratam-se nos tribunais, independentemente de quem as pratica ser novo ou velho.
Caríssimos,
Estes assuntos da educação prestam-se a uma desinformação tal que o cidadão que se quer manter informado já não sabe em que creditar.
No Público de hoje (5 Abril) é escrito que o número de armas apreendidas nas escolas tem-se mantido estável (mas as armas brancas têm aumentado).
Por outro lado ninguém já fala de droga na escola...
Acho que é muito difícil, hoje em dia, fazer uma análise intelectualmente séria e honesta sobre estes problemas.
Cumprimentos,
Paulo
Caro Paulo
Estou completamente de acordo com o seu desabafo. Quem é que sabe ao certo o que hoje em dia se passa no espaço da escola? A quem interessa a sociedade não conhecer a realidade escolar? Conhecer esta realidade, perceber qual deve ser o comprometimento da sociedade para a resolução de problemas e manter a sociedade informada sobre os resultados obtidos é uma necessidade, como do pão para a boca.
Na verdade, não temos uma fotografia de boa definição (já seria bom) sobre a realidade escolar. Julgamos que temos uma coisa, andamos adormecidos, confiantes que as coisas vão andando sem problemas de maior, mas de repente, como que num turbilhão, vídeos, declarações das autoridades, relatórios e investigações alertam-nos para que afinal não é bem assim, que as coisas afinal não estão nada bem! E instala-se um ciclo perigoso. Manter este défice de conhecimento e ao mesmo tempo este excesso de admiração não contribuirá certamente para se ir construindo serena e competentemente a escola que deveríamos ter.
Ainda há pouco li que nos Concelhos de Lisboa, Amadora, Loures e Odivelas 25% dos crimes cometidos por jovens (menores de 16 anos) – furtos, agressões, danos patrimoniais e posse de armas – ocorrem em meio escolar.
Não ha quem consiga ser prior desta freguesia!!!
A problemática que envolve a valorização e a desvalorizaçao dos acontecimentos, pelos diferentes responsáveis, sempre sobre a focagem cirúrgica da comunicação social, é o problema que não deixa espaço para que surja uma solução determinante e eficaz.
Por outro lado, e devido ao imediatismo e suas consequências, ninguem se arrisca a tomar em ombros a responsabilidade de assumir a solução. E ainda, tambem devido ao imediatismo e às mesmas consequências, os responsáveis pelas diferentes áreas envolvidas na problemática, não se organizão numa acção conjunta. Ou seja, ninguem age por conta própria, com medo da possibilidade de um resultado negativo e das pressões dos restantes responsáveis. Os mesmos responsáveis não agem em conjunto, porque ninguem quer dividir com os restantes o êxito que a, ou as acções pudessem alcançar. Assim, vamos continuar a ter criançase adolescentes socialmente desajustados, a constituir uma ameaça para a segurança das escolas, e a serem muito provávelmente futuros marginais. Vamos muito provávelmente também, num futuro próximo ter uma má sociedade, povoada de marginais, à semelhança da amricana.
Na verdade, não vejo uma solução imediata mais eficaz que o restabelecimento da censura, na imprensa escrita, falada e televisionada.
Ok, chamem-me reaccionário, é o lado para onde durmo melhor.
A verdade é que toda a desorientação, a hesitação, a mentira, se fica a dever, em minha opinião à inexctidão da informação e, pior ainda, à informação, muitas vezes tendenciosa, discriminativa e maliciosa. Estou a delirar? Ok.
Caro Zuricher,
Eu pretendo que o PGR esteja calado e a trabalhar, que é para isso que eu lhe pago, e não para traçar um cenário libanês das escolas que só aproveita a quem quer tranformar a escola pública num esgoto social. A presidência meteu os pés aqui, ao dar microfone a este sujeito.
Quantas armas de guerra sabe o PGR que entraram nas escolas? Em quantas escolas? E entraram mais em escolas que em centros de saúde? Do ponto de vista relativo, sabendo nós que as escolas são frequentadas por 2 milhões de pessoas, quantos locais fequentados por 2 milhões de pessoas tem menos armas que as escolas?
Quem decide o que é o âmbito da escola, é a escola. Faz parte da autoridade que andamos aqui há 2 semanas de criticar. O laxismo dos professores e das gestões escolares resolve-se com um processo de incompetência e despedimento com justa causa, não é mandar com um PGR armado em carapau de corrida para cima que, ainda por cima, não depende de ninguém para impedir que a arma entre na escola.
Tonibler, uma das componentes da autoridade da escola é precisamente referir para a PGR os casos que constituem crime e saem fora do âmbito da autoridade das escolas, não?
Não é a escola que decide o que lhe cabe e o que não lhe cabe. É a lei. Para alguma coisa existe Código Penal e se um dado comportamento constituir matéria criminal, por definição, é do âmbito das autoridades e não das escolas.
E a PGR deve investigar e punir esses delitos, evidentemente.
Caro tonibler, gostei particularmente da comparação com a líbia. Só parece ser "brutal", porque nos é culturalmente distante. De facto, só por essas bandas, é que é normal, pensava eu, os putos andarem armados.
Cara Margarida
Gostei da forma como pegou neste tema que tem sido tratado, umas vezes com total seriedade, como é seguramente merecedor, e outras vezes de maneira mentirosa e irresponsável.
Eu por mim,para lá de dar graças a Deus por já não ter estes problemas em casa, penso que entre a credibilidade de que goza, por factos passados e pela carreira impecável como juiz que tem desempenhado, o Procurador Geral da República e do lado oposto, o governo, na circunstância a ministra da educação, sempre muito apoiada pelas altas esferas políticas, não há comparação possível, tal a diferença que existe entre uma entidade que está alarmada e com razão, porque é independente e não precisa de clientelas e um governo que sistematicamente falsifica o conhecimento de factos vividos nas nossas escolas e procura desvalorizar um problema que fatalmente vai contribuir também, entre nós, para a mediocre instrução e educação públicas. Força Sr. Procurador Geral.
Caro Bartolomeu
Excelente abordagem ao problema. Mas não esqueçamos que a comunicação social é o produto do que somos. Não nasce do nada!
O cancro do "facilitismo" que atinge a nossa sociedade impõe há muito que as autoridades se entendam em matérias que são cruciais para o País. Há de facto uma grande desinteligência, quando a política cai na disputa e no protagonismo sem cuidar de governar bem o País.
Caro Zuricher, Caro Tonibler
A lei é para cumprir. Se não gostamos dela então altere-se. A prática de actos que configuram crime é matéria para ser tratada pelas polícias e julgada nos tribunais.
Mas uma escola investida de autoridade e disciplina melhoraria a qualidade da formação que molda os jovens que a frequentam, influenciando pela positiva comportamentos e atitudes. Uma escola assim estaria bem mais preparada para educar os nossos jovens para o futuro, com um impacto positivo na diminuição de um certo tipo de delinquência criminal que existe no seio da escola.
Cara Margarida de Aguiar,
Acho que há dois problemas neste assunto.
Em primeiro lugar uma má fé permanente na análise -- má fé essa tão bem descrita por Fernando Gil, Paulo Tunhas e Danièle Cohn noutro contexto.
Em segundo, não há números claros [O próprio director do observatório de segurança o diz] e quando os há não se explicam [porque se calhar também não se percebem].
Cumprimentos,
Paulo
É como diz, cara margarida. Essa desinteligência e esse facilitismo que refere, são ainda agravados pela tendência à desresponsabilização e à simpatia pela regra do avestruz.
Portugal necessia de alguem com determinação para colocar em prática acções que peguem os problemas pela raiz e os expurguem da nossa sociedade. Gostei da forma como Alberto João, demonstrou a Luis Filipe o apoio que ele e o PSD Madeira estão dispostos a garantir. Gostei da determinação com que Alberto João, servindo-se de uma figura histórica, lhe fez sentir a importância do voto madeirense e a importância de se manter fial a um posicionamento que reverta em credibilização para o PSD.
Cara Margarida, começo a acreditar que algumas pessoas neste país, começam a perceber a necessidade de agir, mas agir com determinação, saber, conhecimento e vontade. Uma vontade férrea e divorciada quanto possível dos imediatismos, compadrios e lobies.
Cara Maragrida,
Aquilo que diz é uma defesa da destruição da escola pública e eu explico.
Se um filho seu aparecesse com uma arma em casa não iria a correr entregá-lo na esquadra. Mais, ninguém espera que o faça porque desta frase todos estamos a assumir que a responsabilidade é, em primeira mão, sua e que, como mãe, resolverá a questão até ao ponto em que consiga.
Às escolas entregamos mais que a educação dos nossos filhos. Logo de entrada, entregamos a sua integridade física. Se não confiamos no descernimento das escolas numa coisa tão básica como esta, então não entregamos os nossos filhos. Nem a integridade física, nem a sua educação, nada.
As consequências sociais disto toda a gente conhece, ricos de um lado, pobres do outro, professores bons para ricos, professores maus para pobres, ginásios para ricos, esgotos para pobres, e por aí fora.
Defender aquilo que o PGR disse é defender o fim da escola pública.
Caro Tonibler
Se um filho meu levasse uma arma para a escola não poderia ficar admirada que o caso fosse tratado pela polícia. Porque justamente "confiamos" os nossos filhos à escola esperamos o melhor da escola na sua educação e formação, mas não ao ponto de lhe exigir que se substitua à polícia em situações extremas. O que esperamos é que a autoridade da escola e a disciplina escolar contribuam para evitar os comportamentos desviantes, do tipo violência com armas.
Defendo Caro Tonibler uma escola, seja pública ou privada, investida de autoridade e disciplina. A intervenção da PGR efectua-se num outro plano, no plano da intervenção criminal, como aliás acontece em outras realidades de que a escola é uma delas.
Cara Margarida,
Para se colcoar na posição, tem que imaginar que o filho traz a arma para casa, não que a leva para a escola. Se a leva para a escola o problema está resolvido, certo?...:)
Se a intervenção do PGR foi apenas no plano de intervenção criminal, de que é que ele se queixa? Alguém o está a impedir de alguma coisa?
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