Hoje é o dia Mundial da Terra. Andamos todos, ou quase todos, preocupados com ela. A Terra está cheia de cicatrizes de origem antropogénica, mas nós, seres humanos também temos cicatrizes provocadas por ela.
A este propósito, e na sequência do meu post sobre “Escravidão e Hipertensão”, tentei explorar, ainda que de forma muito sucinta, uma eventual relação entre o património genético e o factor ambiental do consumo excessivo de sal. Queria explicar que certos genes, relacionados com a hipertensão, são mais prevalentes nas latitudes mais baixas. Deste modo, poderão explicar a maior tendência para este fenómeno, em certas comunidades, nomeadamente, entre nós, facto muito preocupante. Não querendo ser redutor, baseando-me numa simples explicação de um fenómeno cuja multifactorialidade é mais do que evidente, o que é certo é que a propensão genética para a hipertensão traduz uma “cicatriz ecológica”.
A sensibilidade ao sódio ocorreu há cerca de dois milhões de anos no decurso do Pleistoceno. Alguns autores apontam, e bem, que caçar e perder sódio não é uma boa ideia para as pessoas que vivem em zonas quentes e pobres em sal, como é o caso de África. A selecção natural originou o aparecimento de genes poupadores de sal, verdadeiro paradigma da medicina darwiniana. A frequência de certos genes responsáveis pela variação mundial da pressão arterial está bem estudada, assim como o facto dos nativos oriundos de zonas quentes terem mais probabilidade de virem a sofrer hipertensão relativamente aos oriundos das zonas mais frias.
Outro aspecto muito menos conhecido tem a ver com as épocas caracterizadas pela extinção das espécies. A última parece que foi devida ao impacto de um meteorito com a Terra ocorrido há cerca de 65 milhões de anos. Antes desta extinção ocorreram outras, que se saiba quatro, e parece que foram devidas não a meteoros mas a outros fenómenos muito interessantes relacionados com o gás sulfídrico.
Quase todas espécies foram extintas há cerca de 250 milhões de anos devido à produção do gás de “ovos podres”. Modificações climáticas aliadas à proliferação de bactérias produtoras deste gás levou à morte de quase todas as espécies existentes. O seu mecanismo de produção e explicação ambiental estão bem demonstrados no artigo “Suspending Life” publicado na última revista SEED.
Os mamíferos evoluíram a partir de criaturas que conseguiram sobreviver a este ambiente inóspito. Níveis elevados de gás sulfídrico são letais, mas, doses baixas deste tóxico podem prolongar as suas vidas. O gás de “ovos podres” reduz os níveis de oxigénio nos corpos, diminuindo a actividade metabólica. Experiências recentes permitiram verificar a suspensão da vida em ratos expostos a doses baixas deste gás durante várias horas, podendo ser possível a redução da temperatura para níveis mortíferos. Se se provar este achado, então o gás sulfídrico poderá vir a ser uma verdadeira revolução, salvando muitas vidas.
Quando um ser humano é ferido o corpo produz, naturalmente, pequenas quantidades de sulfureto de hidrogénio. Será que o nosso corpo tenta colocar-se numa situação de suspensão de vida de forma a sobreviver à agressão? Um “instinto” com milhões de anos presentes nos nossos genes? Sendo assim como interpretar o uso da oxigenoterapia em muitas situações clínicas? Às tantas estamos a lançar gasolina no fogo! Em caso de lesão celular ao utilizarmos o oxigénio poderemos estar a matar e a não a salvar, já que o oxigénio, o “poluente” que respiramos, aumenta as reacções celulares. Sendo assim, o nosso primeiro “instinto” face, por exemplo, a um ataque cardíaco, deveria ser o abaixamento da temperatura corporal e ministrar sulfureto de hidrogénio!
Há muito por saber, caso dos acidentes evolucionários escondidos nas profundezas dos organismos, verdadeiras “cicatrizes” que sobreviveram a milhões e milhões de anos de evolução, esperando “mostrar” a sua razão de ser. O que é curioso é que estamos a falar daquele cheiro tão característico a ovos podres que nos afugenta quase que instintivamente. Perfeitamente compreensível, já que o sulfureto de hidrogénio é mortífero em determinadas doses. No entanto, tudo aponta que pode salvar a vida se for utilizado em doses muito baixas. Um conselho, nada de lançar ovos podres contra ninguém. Mas será que a eliminação de “gases”, ricos em sulfureto de hidrogénio, poderá ter algum efeito, prolongando a vida de muitos ?
Estou convencido de que alguns políticos andam a “snifar” micro quantidades de sulfureto de hidrogénio, lançando, ao mesmo tempo, ovos podres nalgumas criaturas!
A este propósito, e na sequência do meu post sobre “Escravidão e Hipertensão”, tentei explorar, ainda que de forma muito sucinta, uma eventual relação entre o património genético e o factor ambiental do consumo excessivo de sal. Queria explicar que certos genes, relacionados com a hipertensão, são mais prevalentes nas latitudes mais baixas. Deste modo, poderão explicar a maior tendência para este fenómeno, em certas comunidades, nomeadamente, entre nós, facto muito preocupante. Não querendo ser redutor, baseando-me numa simples explicação de um fenómeno cuja multifactorialidade é mais do que evidente, o que é certo é que a propensão genética para a hipertensão traduz uma “cicatriz ecológica”.
A sensibilidade ao sódio ocorreu há cerca de dois milhões de anos no decurso do Pleistoceno. Alguns autores apontam, e bem, que caçar e perder sódio não é uma boa ideia para as pessoas que vivem em zonas quentes e pobres em sal, como é o caso de África. A selecção natural originou o aparecimento de genes poupadores de sal, verdadeiro paradigma da medicina darwiniana. A frequência de certos genes responsáveis pela variação mundial da pressão arterial está bem estudada, assim como o facto dos nativos oriundos de zonas quentes terem mais probabilidade de virem a sofrer hipertensão relativamente aos oriundos das zonas mais frias.
Outro aspecto muito menos conhecido tem a ver com as épocas caracterizadas pela extinção das espécies. A última parece que foi devida ao impacto de um meteorito com a Terra ocorrido há cerca de 65 milhões de anos. Antes desta extinção ocorreram outras, que se saiba quatro, e parece que foram devidas não a meteoros mas a outros fenómenos muito interessantes relacionados com o gás sulfídrico.
Quase todas espécies foram extintas há cerca de 250 milhões de anos devido à produção do gás de “ovos podres”. Modificações climáticas aliadas à proliferação de bactérias produtoras deste gás levou à morte de quase todas as espécies existentes. O seu mecanismo de produção e explicação ambiental estão bem demonstrados no artigo “Suspending Life” publicado na última revista SEED.
Os mamíferos evoluíram a partir de criaturas que conseguiram sobreviver a este ambiente inóspito. Níveis elevados de gás sulfídrico são letais, mas, doses baixas deste tóxico podem prolongar as suas vidas. O gás de “ovos podres” reduz os níveis de oxigénio nos corpos, diminuindo a actividade metabólica. Experiências recentes permitiram verificar a suspensão da vida em ratos expostos a doses baixas deste gás durante várias horas, podendo ser possível a redução da temperatura para níveis mortíferos. Se se provar este achado, então o gás sulfídrico poderá vir a ser uma verdadeira revolução, salvando muitas vidas.
Quando um ser humano é ferido o corpo produz, naturalmente, pequenas quantidades de sulfureto de hidrogénio. Será que o nosso corpo tenta colocar-se numa situação de suspensão de vida de forma a sobreviver à agressão? Um “instinto” com milhões de anos presentes nos nossos genes? Sendo assim como interpretar o uso da oxigenoterapia em muitas situações clínicas? Às tantas estamos a lançar gasolina no fogo! Em caso de lesão celular ao utilizarmos o oxigénio poderemos estar a matar e a não a salvar, já que o oxigénio, o “poluente” que respiramos, aumenta as reacções celulares. Sendo assim, o nosso primeiro “instinto” face, por exemplo, a um ataque cardíaco, deveria ser o abaixamento da temperatura corporal e ministrar sulfureto de hidrogénio!
Há muito por saber, caso dos acidentes evolucionários escondidos nas profundezas dos organismos, verdadeiras “cicatrizes” que sobreviveram a milhões e milhões de anos de evolução, esperando “mostrar” a sua razão de ser. O que é curioso é que estamos a falar daquele cheiro tão característico a ovos podres que nos afugenta quase que instintivamente. Perfeitamente compreensível, já que o sulfureto de hidrogénio é mortífero em determinadas doses. No entanto, tudo aponta que pode salvar a vida se for utilizado em doses muito baixas. Um conselho, nada de lançar ovos podres contra ninguém. Mas será que a eliminação de “gases”, ricos em sulfureto de hidrogénio, poderá ter algum efeito, prolongando a vida de muitos ?
Estou convencido de que alguns políticos andam a “snifar” micro quantidades de sulfureto de hidrogénio, lançando, ao mesmo tempo, ovos podres nalgumas criaturas!
8 comentários:
Estamos sempre a aprender com o meu Amigo!
Estava intrigado sobre o que andariam a snifar esses mesmos políticos. Fez-se luz!
Muito interessante este seu artigo, Professor. Um grande bem-haja pela amabilidade de o partilhar connosco.
Ao le-lo aflorou-me ao espírito uma questão. Será esta uma possibilidade de concretizar o velho sonho de "suspender a vida" de alguém que sofre de uma doença incuravel para a reanimar anos mais tarde quando houver cura para a doença da qual a pessoa padece?
Permita-me apenas ressalvar um aspecto da questão anterior. A ideia em si parece-me absurda, querer prolongar artificialmente aquilo que a natureza entendeu por bem terminar. Porém, e por ser uma velha aspiração de muitos a questão surgiu imediatamente na minha cabeça e não resisti a colocar-lha.
Um post muito interessante, sem dúvida.
Apenas uma observação : a extinção de espécies ocorrida há 65 milhões de anos não terá sido provocada por um “meteorito”, mas sim por um robusto meteoro.
Quanto ao assunto, apesar da descoberta de uma forte correlação entre certos genes e a manifestação de hipertensão arterial, a origem deste mecanismo parece não estar ainda bem compreendida.
Isso é o que me diz o meu médico e o que me diz a internet, que pesquiso com alguma frequência, porque que sou parte interessada. Sobretudo porque confronto o meu médico com uma dificuldade adicional : de manhã tenho uma tensão muito elevada e à noite perfeitamente normal. Eu acredito na genética, mas que diabo de genes poderão provocar tal discrepância entre a manhã e a noite?
Caro Jorge Oliveira
As variações da pressão arterial são condicionadas por vários factores, alguns já conhecidos, outros não. De qualquer forma a “cronobiologia” poderá explicar, pelo menos em parte, a variação que descreve. Não esquecer que temos muitos “relógios” dentro de nós, alguns serão verdadeiros “Rolex” e outros marca “Roskof”! Até a precisão é muitas vezes determinada pela genética.
De qualquer forma, permita-me que lhe diga o seguinte: a hora de mais risco de sofrer um enfarte do miocárdio ocorre entre a hora de nos levantarmos e as 10 horas. Durante este período os valores tensionais poderão, em muitas pessoas, subir e muito. Há quem diga que a ansiedade de um novo dia possa ter algum impacto…
Quanto ao meteorito de facto foi mesmo um “meteorão”, mas às vezes descaio-me.
Caro Zuricher
Certos mecanismos poderão ser muito úteis para alcançar certos objectivos. No tocante a este assunto, que revela uma tentativa de “sobrevivência”, quem sabe se não pode ser um ponto de partida para atingir algumas das nossas aspirações? Além do mais, a ficção científica acaba por ficar aquém das “futuras” realidades...
Caro Jorge Oliveira:
Eu sou mais prosaico.
Não terá o meu amigo noites assaz agitadas?
Ou será o gene "benfica"?
Caro Massano Cardoso
Agradeço o seu alerta. Todavia, o objectivo principal da minha intervenção era chamar a atenção para o facto de a existência de uma correlação acentuada entre duas grandezas (genes e hipertensão) não constituir prova científica de uma razão causa-efeito. Pode constituir um indício, mas prova científica não. Julgo que sabe disto tão bem ou melhor do que eu.
Caro Pinho Cardão
Essa foi bem metida. Este Benfica só nos dá desgostos e tensão alta. Mas a vitória do Porto por 2-0 contra um clube rasca como o Benfica, que perdeu 5-3 com o Sporting, que depois perdeu 4-1 com o último classificado, não passa de uma vitória muito chocha?
Não, caro Jorge Oliveira, o Porto é magnânimo e tem que preservar um dos seus principais concorrentes...
Caro Pinho Cardão
Não tenho a menor dúvida de que o Porto é magnânimo. Um colega enviou-me agora mesmo um e-mail com uma descrição pormenorizada dos efeitos benéficos da fruta. Ora, todos conhecemos a atitude magnânima do Pinto da Costa ao oferecer fruta aos árbitros…
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