Na quarta feira passada foi o FMI. Dada a conjuntura actual, de crise nos mercados financeiros e de crédito, a desaceleração (mais profunda) nos EUA e (menos) na Europa será uma inevitabilidade. Felizmente a Ásia equilibra hoje mais os pratos da balança mundial do que há 10 ou há 20 anos – mas, mesmo assim, os efeitos a nível mundial serão fortes: o crescimento global não chegará a 4% quer em 2008, quer em 2009, depois de cerca de 5% nos dois últimos anos. Naturalmente, Portugal será afectado: segundo o FMI, o nosso crescimento será de 1.3% em 2008 e de 1.4% em 2009. Ainda (e sempre, como nos últimos largos anos) abaixo da média europeia.
Depois, na sexta-feira, foi a vez da OCDE disponibilizar o seu indicador avançado de Fevereiro(calculado com base em dados do consumo, do investimento e das exportações), que projecta com um , diferencial de cerca de meio ano o que se passará na actividade, e mostrar que, no caso de Portugal, se registou a terceira queda anualizada a seis meses consecutiva, tendo sido atingido o valor mais baixo desde 2003. E na União Europeia a tendência é semelhante.
Além disso, é ainda conhecido que, de acordo com o INE e a Comissão Europeia, a confiança de empresários, investidores, indústria, comércio, serviços e, sobretudo, consumidores, já conheceu melhores dias, quer no nosso país, quer na Europa.
E, no entanto, perante todos estes sinais e a tormenta que nos chega de fora, o Primeiro-Ministro refere que “o Governo não tem nenhuma razão para alterar a sua previsão de crescimento económico para 2008”.
É caso para perguntar – e assim termino, porque, em face de tamanho autismo, não creio que seja preciso acrescentar mais nada: em que Mundo viverá José Sócrates?!...
11 comentários:
Não sei, meu caro Miguel, em que mundo vive o nosso Primeiro. Mas que descobriu que, afinal o célebre oásis existe, lá isso descobriu!
Devo dizer que, no entanto, o problema está só na extrema pequenez do oásis. Só dá para uns tantos, deixando a nação de fora...
Caro MF:
Lembra-se de Sherman McCoy, o auto-proclamado "Master of the Universe"?
ehehehe
Caro Miguel Frasquilho, mas é óbvio o local onde o nosso ilustre e muito estimado PM vive. Na Imprensa Nacional, evidentemente! Saiu no Diário da Républica que o nosso crescimento é de 2,2% em 2008, não é verdade? Pois então é apenas esse aquele que o PM conhece dado, clarissimamente, não ler mais jornal nenhum. É o único que há na imprensa nacional...
Admita que o PM, ou MF por ele, revê em baixa os objectivos em linha com o FMI, a OCDE e etc.
O que é que acontece?
Melhoramos?
Mudamos?
Tenho, aliás, alguma dificuldade em perceber o alcance de um coro quase global anunciando mais crise.
Nos EUA, começam a aparecer alguns comentadores que, como eu, se interrogam acerca dos benefícios do alarme.
O alarme é necessário se podemos evitar o descarrilamento ou permitirmos às pessoas que adoptem as melhores posições em caso de embate.
Nas circunstâncias actuais, há alguma coisa que o sobressaltado cidadão comum possa fazer?
Nos EUA as consequências deste alarme súbito (parece que ninguém viu os milhares e milhares de pequenos cartazes ao longo de muitos meses oferecendo empréstimos, para compra de casa sem adiantamento, a realizar num único dia)estão a provocar além do mais a retracção das pessoas em solicitar a reforma. O que, inevitavelmente, aumentará o desemprego jovem, não?
O Relatório do Banco de Portugal que será apresentado amanhã, curiosamente, mantem as previsões iniciais.
Quem tem razão?
Quem tem melhor informação?
Cumprimentos,
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Regionalização
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Caro Rui Fonseca,
Quando se é realista, pode-se começar a pensar em como sair do buraco.
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A primeira lei dos buracos diz: Quando descobrires que estás num buraco. Pára de cavar!
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Esta é a questão que cada um na micro-economia e na macro-economia, já devia estar a pensar:
http://angrybear.blogspot.com/2008/04/after-recession-what-then.html
"Nas circunstâncias actuais, há alguma coisa que o sobressaltado cidadão comum possa fazer?"
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Esperar que os governos o tratem como um adulto e não como uma criança que tem de ser protegida da realidade.
No mundo em que o líder da oposição é o Luis Filipe Menezes. Pronto, explicado que está o mistério, podemos passar ao próximo....Adoro advinhas!...
Como diz Adriano Moreira – “estamos a caminhar para um estado exíguo” e eu acrescento e uma economia sem recursos.
Alguém tem dúvidas disto!!?? É óbvio mesmo para os empíricos como eu.
A imagem do buraco é boa – estamos dentro dele e não vemos o que se passa à volta e vamos cavando.
Neste contexto há sempre alguns a reivindicar isto e aquilo, na esperança ou na obsessão de que os ricos existem em quantidade suficiente para pagar a crise.
O modelo do actual governo pressupõe muitos recursos que não temos. Precisa de grandes investimentos e tempo que não temos. Aposta em processos dispendiosos de apuramento da economia, onde poucos sobreviverão.
Este governo tem do seu lado a capacidade atractiva do país que á Portugal mas esta está a revelar-se contraproducente. Neste contexto a dependência externa é obsessiva. E quando não dependemos de nós próprios a qualquer hora o castelo desmorona-se.
"Quando se é realista, pode-se começar a pensar em como sair do buraco."
Caro CCz,
Inteiramente de acordo. Mas não se sai do buraco não passando de gritar
Caímos no buraco! Caímos no buraco!
E eu não vejo quem diga como se sai dele. Só ouço gritar que caímos nele.
Ajuda? Não. Desmoraliza ainda mais.
Caro Rui Fonseca,
Não precisa de ir muito longe.
Neste blog, alguns dos autores têm apontado o caminho. O problema são os medos!!
Caro Miguel Frasquilho:
Dentro do PSD são infelizmente poucas as vozes que tem feito coerentemente e persistentemente uma crítica às «rosadas» doutrinas económicas de Sócrates e corja SA.
Leio-o e escuto sempre com admiração crescente e sinceramente espero que tenha em breve a projecção que merece no PSD. A bem de Portugal.
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