Conjugar os dados científicos recentes com as opiniões e sentenças de outros tempos obriga-nos a reflectir sobre as capacidades dos seres humanos na identificação e resolução de certos problemas.
Os seres humanos desrespeitam muitas regras, nomeadamente os relógios biológicos. Não se deitam e nem se levantam como as galinhas, à excepção de alguns, considerando ser perfeitamente normal entrar pela noite. Mas será? Tudo aponta que não. Há riscos, e não são pequenos, que vão desde problemas em dormir, passando por várias doenças que afectam o coração e o aparelho digestivo até a certas formas de cancro.
Têm sido realizadas várias investigações sobre o trabalho por turnos e o risco de cancro. Agora, pela primeira vez, foi objecto de atenção e promoção de medidas por parte de um governo, o de Israel. Durante o debate, destinado a instalar nos edifícios públicos iluminação de baixo custo, foram apresentados dados que permitem concluir por um risco acrescido de cancro devido à exposição de luz artificial. Neste momento, o governo israelita está a estudar formas para minimizar os efeitos na saúde dos trabalhadores.
A exposição à luz durante a noite constitui um factor susceptível de ter um efeito muito importante na saúde humana ao impedir que se forme uma substância dotada de propriedades anti-stress e estimulante do sistema imunológico, a melatonina.
Há cerca de trezentos anos, um professor da Universidade de Modena, Bernardino Ramazzini, escreveu um livro muito interessante que foi traduzido para português, em 1753, por Luiz Paulino da Silva e Azevedo, intitulado “Arte de Conservar a Saúde dos Príncipes e das Pessoas da Primeira Qualidade, como também das nossas Religiosas”. No capítulo VII de tão interessante obra, podemos ler: “...se há alguma coisa boa nesta desordem de não dormir de noite, e de dormir de dia, tão oposta às leis da natureza, o deixo inteiramente ao juízo dos mesmos Príncipes; e quanto a mim, creio que é assaz evidente, que a noite é destinada ao sossego, e ao sono, e o dia para o trabalho. De facto, quando queremos dormir não fechamos as janelas, e as portas, porque nos não penetre a luz? É sem dúvida; porque a claridade da sua natureza atrai os espíritos de dentro para fora, e os conserva acordados, e a falta de luz excita o sono, recolhendo outra vez os espíritos”. Ramazzini continua na sua descrição, citando Hipócrates, Hesíodo, Galeno e Séneca, chamando a atenção para o facto dos “Príncipes, e as pessoas de qualidade dormirem ordinariamente quando o resto dos homens está acordado; e estão despertos, quando não somente os homens, mas também os animais da terra, e os peixes estão sepultados em um profundo sono”. Séneca, numa inventiva contra este mau costume, afirmou: “Temos Antípodas na Cidade”.
Se as consequências para os “Príncipes” são perigosas, também não deixam de ser para os “súbditos”, se tomarmos em linha de conta os efeitos da má disposição provocada por sonos trocados no tomar das decisões...
Os seres humanos desrespeitam muitas regras, nomeadamente os relógios biológicos. Não se deitam e nem se levantam como as galinhas, à excepção de alguns, considerando ser perfeitamente normal entrar pela noite. Mas será? Tudo aponta que não. Há riscos, e não são pequenos, que vão desde problemas em dormir, passando por várias doenças que afectam o coração e o aparelho digestivo até a certas formas de cancro.
Têm sido realizadas várias investigações sobre o trabalho por turnos e o risco de cancro. Agora, pela primeira vez, foi objecto de atenção e promoção de medidas por parte de um governo, o de Israel. Durante o debate, destinado a instalar nos edifícios públicos iluminação de baixo custo, foram apresentados dados que permitem concluir por um risco acrescido de cancro devido à exposição de luz artificial. Neste momento, o governo israelita está a estudar formas para minimizar os efeitos na saúde dos trabalhadores.
A exposição à luz durante a noite constitui um factor susceptível de ter um efeito muito importante na saúde humana ao impedir que se forme uma substância dotada de propriedades anti-stress e estimulante do sistema imunológico, a melatonina.
Há cerca de trezentos anos, um professor da Universidade de Modena, Bernardino Ramazzini, escreveu um livro muito interessante que foi traduzido para português, em 1753, por Luiz Paulino da Silva e Azevedo, intitulado “Arte de Conservar a Saúde dos Príncipes e das Pessoas da Primeira Qualidade, como também das nossas Religiosas”. No capítulo VII de tão interessante obra, podemos ler: “...se há alguma coisa boa nesta desordem de não dormir de noite, e de dormir de dia, tão oposta às leis da natureza, o deixo inteiramente ao juízo dos mesmos Príncipes; e quanto a mim, creio que é assaz evidente, que a noite é destinada ao sossego, e ao sono, e o dia para o trabalho. De facto, quando queremos dormir não fechamos as janelas, e as portas, porque nos não penetre a luz? É sem dúvida; porque a claridade da sua natureza atrai os espíritos de dentro para fora, e os conserva acordados, e a falta de luz excita o sono, recolhendo outra vez os espíritos”. Ramazzini continua na sua descrição, citando Hipócrates, Hesíodo, Galeno e Séneca, chamando a atenção para o facto dos “Príncipes, e as pessoas de qualidade dormirem ordinariamente quando o resto dos homens está acordado; e estão despertos, quando não somente os homens, mas também os animais da terra, e os peixes estão sepultados em um profundo sono”. Séneca, numa inventiva contra este mau costume, afirmou: “Temos Antípodas na Cidade”.
Se as consequências para os “Príncipes” são perigosas, também não deixam de ser para os “súbditos”, se tomarmos em linha de conta os efeitos da má disposição provocada por sonos trocados no tomar das decisões...
1 comentário:
De facto as pessoas que entram pela noite dentro têm quase todas aspecto de doentes e cansadas, apesar de dormirem de dia.
A este propósito sempre admirei os médicos que fazem serviço noturno nos hospitais...não deve ser nada fácil.
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