O Dr. Tavares Moreira publicou há dias, aqui no 4R, um post colocando várias e pertinentes interrogações sobre o facto de a Segurança Social ter depositadas no BPN quantias elevadas, cerca de 500 milhões de euros e ter levantado, em Agosto, 300 milhões, podendo ter ajudado a precipitar a crise nesse banco.
Entre os muitos comentários feitos, André Salgado, que me pareceu pertencer à Instituição, veio a justificar, em várias entradas, a posição da Segurança Social. Ficamos honrados com isso e alguma luz daí adveio. Todavia, sem prejuízo do esforço, há quem concorde e há quem, legitimamente, discorde da argumentação. É este o meu caso, nomeadamente no que se refere à bondade das aplicações de montantes tão elevados. Vejamos porquê.
1. A S. Social gere um Fundo de Maneio de cerca de 2.000 milhões de euros, nas palavras de Vieira da Silva. Face ao Orçamento, verifica-se que equivale a cerca de um mês de receitas.
2. Se é verdade que, em termos formais, não recaía qualquer vigilância pública do Banco de Portugal sobre o BPN que, segundo o Governador, seria mesmo um dos que melhores rácios apresentava, a verdade é que o BPN era um Banco pequeno, com uma quota de mercado inferior a 2% e era notória e muito comentada a política de altas remunerações que praticava.
3. Qualquer empréstimo a qualquer devedor, até ao Estado, tem risco. Um depósito bancário não é mais do que um empréstimo ao Banco. Normalmente, a uma alta remuneração corresponde uma necessidade de fundos elevada, o que certamente indicia um maior risco superveniente.
4. Não sendo pelos bonitos olhos da Administração do Banco, a decisão de, mesmo por prazos curtos, alocar 25% do seu Fundo de Maneio a um Banco de pequeníssima dimensão, só se explica pela remuneração mais elevada. Porventura, sem atender ao risco. E essa não me parece uma política prudente de aplicação de fundos, por parte de qualquer entidade, pública ou privada, mormente a Segurança Social.
5. Acontece que essas aplicações no BPN seriam recorrentes, a avaliar pelo que o comentador André Salgado diz e transcrevo: “O alegado "levantamento" de 300 milhões…é algo que não tem nada de extraordinário. Ocorria e ocorre frequentemente, em relação ao BPN e a outros bancos”.
6. Ora se levantamentos dessa importância ocorriam frequentemente também no BPN era porque aplicações desse valor eram continuadas, susceptíveis naturalmente de causar problemas caso não houvesse reposição, nomeadamente num Banco com problemas de tesouraria. Todavia, não critico a Segurança Social por mobilizar o dinheiro, estava no seu direito fazê-lo. Criticável é, sim, por ter assumido riscos que não deveria ter assumido.
Como parece ser também o caso do Fundo de Capitalização da Segurança Social, com fortes perdas. Devido à conjuntura, sim, mas também devido aos investimentos feitos, assim a modos de competição com o mercado. Mas, para competir no mercado, entregava-se o Fundo a uma gestora privada especializada na gestão de carteiras de risco!...
Entre os muitos comentários feitos, André Salgado, que me pareceu pertencer à Instituição, veio a justificar, em várias entradas, a posição da Segurança Social. Ficamos honrados com isso e alguma luz daí adveio. Todavia, sem prejuízo do esforço, há quem concorde e há quem, legitimamente, discorde da argumentação. É este o meu caso, nomeadamente no que se refere à bondade das aplicações de montantes tão elevados. Vejamos porquê.
1. A S. Social gere um Fundo de Maneio de cerca de 2.000 milhões de euros, nas palavras de Vieira da Silva. Face ao Orçamento, verifica-se que equivale a cerca de um mês de receitas.
2. Se é verdade que, em termos formais, não recaía qualquer vigilância pública do Banco de Portugal sobre o BPN que, segundo o Governador, seria mesmo um dos que melhores rácios apresentava, a verdade é que o BPN era um Banco pequeno, com uma quota de mercado inferior a 2% e era notória e muito comentada a política de altas remunerações que praticava.
3. Qualquer empréstimo a qualquer devedor, até ao Estado, tem risco. Um depósito bancário não é mais do que um empréstimo ao Banco. Normalmente, a uma alta remuneração corresponde uma necessidade de fundos elevada, o que certamente indicia um maior risco superveniente.
4. Não sendo pelos bonitos olhos da Administração do Banco, a decisão de, mesmo por prazos curtos, alocar 25% do seu Fundo de Maneio a um Banco de pequeníssima dimensão, só se explica pela remuneração mais elevada. Porventura, sem atender ao risco. E essa não me parece uma política prudente de aplicação de fundos, por parte de qualquer entidade, pública ou privada, mormente a Segurança Social.
5. Acontece que essas aplicações no BPN seriam recorrentes, a avaliar pelo que o comentador André Salgado diz e transcrevo: “O alegado "levantamento" de 300 milhões…é algo que não tem nada de extraordinário. Ocorria e ocorre frequentemente, em relação ao BPN e a outros bancos”.
6. Ora se levantamentos dessa importância ocorriam frequentemente também no BPN era porque aplicações desse valor eram continuadas, susceptíveis naturalmente de causar problemas caso não houvesse reposição, nomeadamente num Banco com problemas de tesouraria. Todavia, não critico a Segurança Social por mobilizar o dinheiro, estava no seu direito fazê-lo. Criticável é, sim, por ter assumido riscos que não deveria ter assumido.
Como parece ser também o caso do Fundo de Capitalização da Segurança Social, com fortes perdas. Devido à conjuntura, sim, mas também devido aos investimentos feitos, assim a modos de competição com o mercado. Mas, para competir no mercado, entregava-se o Fundo a uma gestora privada especializada na gestão de carteiras de risco!...
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