No meio do pavor da crise financeira mundial, do aturdimento da mudança brusca e do falhanço dos sistemas que nos pareciam certos e seguros, eis que voltamos ao tema dos valores. A grande pergunta que está em cima da mesa é: afinal o que é que de importante ficou para trás? O que é que esquecemos, que abismo deixámos abrir e que agora nos engole como se o chão tivesse desaparecido debaixo dos nossos pés?
E é muito interessante constatar que, num ambiente onde regras, técnicas e leis pareciam bastante para tudo prevenir e controlar, a culpa é atribuída ao colapso de um sentimento: a confiança. É uma crise de confiança. Não é uma crise provocada por um erro informático, como se temeu com o bug do ano 2000, ou por um vírus que ameaça a saúde global, trazida pelas aves. Nesta vaga insidiosa que cresce e ameaça engolir-nos não há nada que a ciência ou a técnica possam atalhar e corrigir. Ela resulta da nossa distracção quanto ao que não é material, o que não consta dos balanços nem das estatísticas mas que devia estar lá, um pressuposto que tem que ser acarinhado, cultivado e, sobretudo, respeitado. É, nessa medida, uma crise de valores ou melhor, da falta deles, uma falha grave dos comportamentos que suscitam e legitimam a confiança. E, como ouvi há dias alguém lembrar, a confiança chega muito devagarinho mas quando parte vai a cavalo...
E é muito interessante constatar que, num ambiente onde regras, técnicas e leis pareciam bastante para tudo prevenir e controlar, a culpa é atribuída ao colapso de um sentimento: a confiança. É uma crise de confiança. Não é uma crise provocada por um erro informático, como se temeu com o bug do ano 2000, ou por um vírus que ameaça a saúde global, trazida pelas aves. Nesta vaga insidiosa que cresce e ameaça engolir-nos não há nada que a ciência ou a técnica possam atalhar e corrigir. Ela resulta da nossa distracção quanto ao que não é material, o que não consta dos balanços nem das estatísticas mas que devia estar lá, um pressuposto que tem que ser acarinhado, cultivado e, sobretudo, respeitado. É, nessa medida, uma crise de valores ou melhor, da falta deles, uma falha grave dos comportamentos que suscitam e legitimam a confiança. E, como ouvi há dias alguém lembrar, a confiança chega muito devagarinho mas quando parte vai a cavalo...
4 comentários:
O título foi excelentemente escolhido. Vive-se uma época de bug's. Uns que toldam os sentidos, outros que indicam e conduzem a falsos caminhos, uns que destroem, outros que labirinticamente confundem. Não é de estranhar que alguns destes bug's semeiem a desconfiança, ajudados por outros, capazes de dominar as vontades.
Será que a salvação reside na sua auto-destruição?
É porque se não for... então estamos muito mal.
Suzana
É verdade que estamos a viver uma crise de confiança. Com efeito, a crise que se instalou é o resultado da ausência de valores de alguns e da contemplação de muitos com elevadas responsabilidades na condução dos destinos das economias e dos mercados. O egoísmo e a ganância do lucro de alguns, num jogo de poder perverso e do vale tudo, perigou o bem estar de milhões de pessoas indefesas, confiantes no status quo porque outro não existia.
A pergunta que se coloca é a de saber se o regresso da confiança, que esperamos aconteça, vai resolver a crise de valores!
É interessante verificarmos com o mesmo conceito - crise de confiança - tem interpretações tão diferentes.
Para os financeiros de wall street, e para todos aqueles que por cá bebem naquela fonte, trata-se da perda de confiança dos investidores e dos mercados; para o cidadão comum português, como eu, trata-se da perda de confiança nas Instituições e nos governantes.
Tudo isto porque há pessoas que nas suas atribuições agem “descaradamente” em proveito próprio…
Caro Bartolomeu, o título também podia ser O Bug do Séc. XXI, porque acho que se vai fazer sentir durante muito tempo e fazer a diferença, para o bem epara o mal, entre este nosso século tão avançado em tecnologia...
Margarida, creio que os valores precedem a confiança, porque ela se funda precisamente em que os comportamentos se guiam por valores, pelo respeito pelos outros, e não por egoísmos predadores.Se não for assim, adeus confiança!
Caro Jotac, tem muita razão, a falta de confiança não conhece fronteiras nem territórios, é um bug que inquina tudo.
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