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segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Politiqueiros sem emenda!...

O país não está bem: sublevação civil na educação, falhas gravíssimas na supervisão do Banco de Portugal, ministros impedidos até de sair do carro, um banco em falência, não fosse a intervenção do Estado, problemas políticos nos Açores e Madeira, agravos gratuitos do Governo ao PR, indícios de relacionamento amiguista e menos institucional entre Ministros e Reguladores, gaffes ministeriais à farta. E uma crise económica à porta. Tudo isto recomendaria uma actuação calma do Governo e dos principais Partidos, no sentido de manter a tranquilidade e não agravar os conflitos.
Creio que o PSD tem revelado sentido de estado: ciente de que o Banco de Portugal era tido como das poucas instituições credíveis, não pede a merecida demissão do Governador ou do seu CA, para não abalar ainda mais o sistema financeiro; tem procurado resolver sem alarido os problemas com as Regiões Autónomas; não tem aparecido a pedir a cabeça dos Ministros, seja da Educação ou da Saúde ou da Economia que o PS logo faria, se estivesse na oposição. E até no que respeita à avaliação dos professores, não contesta o princípio, mas apenas critica os meios e pede concertação.
Ao contrário, o PS e o Governo mais não têm feito do que exacerbar os conflitos. Na educação, o confronto no continente é cada vez mais duro e, como se tal não bastasse, estão a procurar um novo foco de perturbação na Madeira, sob a capa de luta contra AJJardim, não se dando conta que dele poderão ser a primeira vítima.
No Estatuto dos Açores, nem sequer ainda cederam à Constituição; no lamentável caso da Assembleia Regional da Madeira, já resolvido, desdobram-se em recomeçar e potenciar o conflito. E se no Estatuto dos Açores já estão em confronto gratuito com o Presidente, cujos poderes constitucionais não respeitam, no caso da AR Madeira o que mais têm procurado é envolvê-lo também na disputa, ele que foi precisamente quem mais contribuiu para sanar a situação. O mesmo Presidente que mais uma vez se colocou ao lado do Governo, agora para pedir tranquilidade às escolas e condenar as arruaças estudantis. Uma bofetada de luva branca? Não!...Apenas o sentido de estado que o Presidente tem e Governo e o PS têm mostrado não ter. E que bem preciso era, para esbater tensões e resolver problemas, nestes tempos de grandes dificuldades para todos.

10 comentários:

Bartolomeu disse...

É como diz estimado Dr. Pinho Cardão. Seria optimo e profícuo, demonstrativo de elevado sentido de estado e cidadania se todos aqueles que compõem o actual cenário político, económico e social, debatessem os problemas que de tão díspares e numerosos, exigem cada vez mais que seja encontrada para eles uma solução concertada. Uma solução que implique o consenso e o empenho de todos. Os problemas podem ser muitos e muito grandes, mas a vontade pode ser maior se for entendida a necessidade de concertar.

António de Almeida disse...

Creio que o PSD tem revelado sentido de estado

-Sim mas... A meu ver o PSD até tem estado mais ou menos bem quanto ao conteúdo das posições que defende, mas comete erros crassos na forma como intervém politicamente, primeiro foi o silêncio, os camionistas pararam o país, Portugal esteve a saque em termos de criminalidade, e o PSD nada, silêncio total. Agora passou-se do 8 ao 80, quase não há dia sem intervenções, algumas por sinal bastante desatrosas como a de Fátima na passada semana, "os jornalistas não podem escolher publicar o que entendem", por exemplo. Quanto à Madeira silêncio total, não falando na má gestão do dossier C.M.L. O drama reside no facto do PSD falhar na forma, mas o PS falhar no conteúdo, reforma na educação apenas com o objectivo de reduzir o bolo salarial do sector introduzindo facilitismo para melhorar resultado estatístico, criando para o efeito um modelo burocrático confuso e inútil, afronta o PR no E.Açores por um artigo de menor importância, apenas porque sim, retarda subsídios agrícolas para libertá-los quando politicamente for conveniente (nos Açores foi a 3 dias das Regionais), persistem no erro crasso (teimosia) de avançarem para as grandes obras, sem cuidar da rentabilidade e sustentabilidade dos projectos, empenhando as futuras gerações por décadas, tenho sérias dúvidas da necessidade de evitar a falência do BPN (admito que talvez sim), e não vejo qualquer vontade política de enfrentar a recessão, inevitável já este trimestre, ainda que tecnicamente só exista a partir de Março. Por todas estas rezões o PS não tem condições para continuar a governar o país, mas lá vão distraindo o país com o Magalhães e outros fait-divers, enquanto o PSD não consegue passar uma mensagem, e pior apresentar uma alternativa, aquela de afirmar que não se avançam propostas para que o governo não venha aproveitar ideias foi mais um tiro no pé. E não faltam no PSD quadros capazes de alinhavar um discurso, explanar uma ideia e avançar uma proposta, vejo e leio vários, porquê a actual situação? Para permitir o crescimento eleitoral da extrema-esquerda? São os únicos que falam para o país. Há que mudar enquanto é tempo, e ainda há tempo...

Tonibler disse...

Caro Pinho Cardão,

"sublevação civil na educação, falhas gravíssimas na supervisão do Banco de Portugal, ministros impedidos até de sair do carro, um banco em falência, não fosse a intervenção do Estado, problemas políticos nos Açores e Madeira, agravos gratuitos do Governo ao PR, indícios de relacionamento amiguista e menos institucional entre Ministros e Reguladores, gaffes ministeriais à farta. E uma crise económica à porta", tudo isto me parece "business as usual". Na questão do PSD não falar do Banco de Portugal por ser uma instituição credível parece-me muito mais improvável que o PSD não falar do BP por a sua líder ser (ou ter sido) funcionária.

Quanto ao PR, sim, esteve bem na questão embora o relembrar que o governo é governo porque as pessoas votaram nele não fosse excessivo. Quanto mais não seja para que na próxima tomem isso em conta e, entretanto, assumam hoje as consequências do seu voto. Eu não votei neles e tenho que assumir....

Rui Fonseca disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Rui Fonseca disse...

"Ministério da Educação admite alterações ao sistema de avaliação dos professores segundo noticia o “site” da rádio TSF." in Público Online

Caro Pinho Cardão,

Levantas tantas questões ao mesmo tempo que, para comentar todas, esgotaria a tua paciência.

De modo que apenas me referirei ao caso da avaliação de professores, e transcrevi uma notícia desta manhã para comentar que:

Qualquer que seja o sistema de avaliação, nenhum servirá para os professores se forem mantidas as quotas. O problema que está subjacente a isto tudo, e de que ninguém quer falar por enquanto, reside nas quotas.

Qualquer sistema de avaliação servirá, mesmo este que está a ser contestado, se forem retiradas as quotas.

Isto é: Para os professores, sindicatos, etc. tudo acabará em bem se todos puderem ser considerados bons ou excelentes. O que, como sabes, não cabe na mais comum distribuição estatística que é a normal.

AJJardim, Conde da Madeira e Porto Santo, entendeu que todos são bons,os maus estarão no contenente.

Enquanto lhe pagarmos as bondades não reclama a independência.

Por mim votaria desde já pela independência do condado insular.

SC disse...

Caro Pinho Cardão,
Os politiqueiros não têm emenda, é o título deste post que subscrevo. Mas todos. Não me venha com paninhos para a Drª Manuela Ferreira Leite...
Se não, como entender estas tiradas (em (http://www.educare.pt/educare/Actualidade.Noticia.aspx?contentid=5AC9C2D5B58F8FB1E0400A0AB800254E&opsel=1&channelid=0)
1. Numa declaração na sede nacional do PSD, em Lisboa, Manuela Ferreira Leite defendeu também o fim da divisão da carreira docente em duas, a de professor e a de professor titular.
2. "A avaliação tem de ser externa, retirando das escolas e dos docentes a carga burocrática e conflitual que os desviam da sua função primordial que é ensinar. A avaliação tem de procurar a efectiva valorização do mérito e da excelência, devendo por isso pôr-se fim às quotas administrativas criadas por este Governo", defendeu.
Pelo meio claro que diz que quer a valiação dos professores...
Mas o que é isto?
1º Carreira profissional sem dois níveis? Porquê? Sem hierarquia pode haver avaliação? Há mais alguma carreira profissional que não tenha pelo menos dois níveis? Há algumas, é verdade. Mas é preciso explicar muito bem. E não é agora à pressa. Este conceito já foi lançado há dois anos por este governo. E a contestação que eu ouvi foi aos métodos de selecção, não ao princípio. Penso até que o princípio vinha já dos governos do PSD.
2ª Avaliação externa? o que é isso? já ouvi o Prof. Medina Carreira dizer que a única solução para a administração pública era mandar cá vir uns especialistas estrangeiros que resolviam isto numa penada. É disso que a Srª está a falar? Avaliação externa, sistemática, aos profissionais? Nunca ouvi falar (mas os horizontes dos meus conhecimentos são curtos).
3ª Avaliação sem quotas. Então não foi a Drª Manuela que introduziu este princípio na Administração pública, e bem, quando fez aprovar a 1ª versão do SIADAP? Então agora já não vale?

E já para não falar do "monstro", que já não sei quem foi o primeiro a falar se a Drª Manuela se o Prof. Cavaco e que foi criado por eles. O sistema de carreiras "matricial", como lhe chamaram na altura, que está agora em vias de ser substituído, foi criado no governo do Prof. Cavaco Silva, sendo a Drª Manuela secretária de estado da pasta da reforma administrativa. A primeira responsável, portanto.
Não, não gosto mesmo de quem rejeita os seus próprios filhos.
Reconheça-se os nossos erros com a sua "criação", mas não se rejeitem.
Por isso, de politiqueiros estamos conversados.
Para mal dos nossos pecados!...

Arnaldo Madureira disse...

SC:
A avaliação não tem de ser feita por um professor titular. Pode ser feita pelo coordenador do departamento de cada professor. Há pouquíssimas funções numa escola que só possam exercidas pelos professores titulares. A grande maioria dos titulares não tem funções que só os titulares possam ter. Por isso, não se justifica que haja tantos titulares, nem sequer que haja titulares.
Alternativamente, justifica-se haver os professores coordenadores dos departamentos (4), os professores supervisores dos novos professores no período probatório (em quantidade variável, mas poucos em cada escola, nas escolas onde for necessário), o professor coordenador dos directores de turma (1 ou 2) e os professores coordenadores dos cursos (serão poucos, também). E não me ocorrem mais hierarquias nas escolas. Para quê 70 titulares em certas escolas? 15 "chefes" já seriam suficientes. Os outros 55 fazem exactamente o mesmo que o s 150 que não são titulares, mas ganham mais! Para quem quiser afunilar a carreira, os titulares também não são indispensáveis.

Pinho Cardão disse...

Caro António de Almeida:
Concordo consigo: de facto, o PSD não tem sido nada feliz na forma. E a forma,neste tempo de vacuidade de superficialidade e de imagem, não pode ser descurada. É que muitos, e os media em primeiro lugar, tomam a forma pelo conteúdo e julgam este pela forma.

Caro Rui:
Falas da avaliação. O método de avaliação é o retrato do Ministério. Daquele Ministério nada sai de jeito, a única coisa que faz bem é trucidar Ministros. Esta é a vítima actual. Neste momento, o Ministério já está a preparar a queda da próxima vítima.

Caro SC:
Avaliação, só conheço, e bem, a do sector privado. E sei que funciona. Não vejo por que razão não possa ser aplicada aos professores e aceite por estes, desde que o método esteja adequado ao perfil e natureza das funções de quem se pretende avaliar.
O que o PSD diz é asneira? Será, mas isso não tira responsabilidades ao Governo.
Outra questão que levanta é a de quem criou o monstro. Não sei se foi quem indica, já que não se pode tomar a parte pelo todo. As Despesas com Pessoal significam pouco mais do que a quarta parte da despesa pública, um braço do monstro. Mas ele tem cada vez mais gorduras em todo o corpo, na cabeça, no tronco e nos membros.

Caro Arnaldo Madureira:
Esclarecimentos úteis e oportunos, de quem conhece com profundidade a matéria. E é ponderado.

Arnaldo Madureira disse...

A questão das quotas nem sequer é assim tão importante. Não há quotas de progressão. Parece que vai haver 5% de excelentes e 25% de muito bons. De qualquer modo o excelente e o muito bom só servem para acelerar a progressão, porque com bom já progridem. Não tenho dúvida absolutamente nenhuma que esta avaliação, se for concretizada, dará muitos bons, alguns muito bons e excelentes e raríssimos regulares e insuficientes. Todos progredirão, com bom ou mais, até ao final da categoria de professores. O afunilamento será o acesso à categoria de professores titulares que foi uma trapalhada administrativa muito injusta nos antípodas de uma avaliação de mérito e no futuro será uma coisa mais complicada do que um doutoramento (mesmo que o professor faça um doutoramento, não é suficiente para passar a titular). Como se vê o problema da avaliação não é o que se diz. O problema desta avaliação é que sairá muito cara, porque vai gastar inutilmente energias que fazem falta para ensinar os estudantes. Não é transparente, nem justa, nem tecnicamente de boa qualidade. Vai induzir comportamentos simuladores de sucesso educativo falso. Não há avaliadores formados para a avaliação dos professores. Basta ou é preciso continuar?

António Fiúza disse...

A distribuição normal deve também ser aplicada aos resultados dos estudantes. É a vida. Amigos exigentes de grande rigor na avaliação: quaisquer que sejam os resultados absolutos dos estudantes, os melhores são excelentes. Amigos exigentes de imenso sucesso educativo, pais, estudantes, avós: não gostamos da curva-J da educação para a excelência, porque a distribuição tem de ser normal, só os 5% melhores podem ser excelentes, os 25% seguintes muito bons, etc.