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sexta-feira, 8 de julho de 2005

Branquear o terrorismo

Não pode ter outra leitura o comentário de Joana Amaral Dias. A tese resume-se na frase: “O terrorismo islâmico não foi criado pela guerra no Iraque mas foi, indubitavelmente, alimentado por ela”. Não se sabe o que se entende por “alimentado”, mas Joana Amaral Dias socorre-se de estatísticas da BTCNews para constatar o facto de os atentados terroristas terem triplicado entre 2000 e 2004. A tese está confirmada, o “erro de Bush” comprovado. Esquece-se entretanto que os níveis de 2004 são pouco superiores aos de 1995 - sem Bush -, que pelo meio houve uma coisa chamada “11 de Setembro de 2001” e que o número de atentados já estava a aumentar antes da ocupação do Iraque.

A pergunta que se deve colocar é outra: se não houvesse intervenção aliada no Afeganistão e no Iraque, nem o reforço das medidas de segurança nos países ocidentais, o número de atentados terroristas teria sido maior ou menor? E que locais eles escolheriam enquanto nós esperávamos pela morte à esquina da rua?

O que Joana Amaral Dias não perdoa a Bush é a pacificação do Afeganistão e o derrube do regime Talibam. Não lhe perdoa o derrube de Saddam nem os pequenos avanços no Médio Oriente. O que Joana Amaral Dias está a sugerir implicitamente é que sem Bush e sem intervenção aliada estaríamos muito mais seguros.

Só tenho uma certeza: viveríamos com mais medo e seríamos menos livres sem que com isso pudéssemos evitar mais ataques terroristas.

Os assassinos de Londres já definiram os seus próximos alvos: “Continuamos a avisar os governos da Dinamarca e da Itália e todos os cruzados de que vão ser punidos do mesmo modo, se não retirarem as suas tropas do Iraque e do Afeganistão. Quem avisa está perdoado” (excerto final da suposta mensagem da Al-Qaeda). Quem quer continuar a branquear o terrorismo?

2 comentários:

Virus disse...

Conforme diz o meu caro djustino, e muito bem, em 1995 os níveis de terrorismo não eram muito diferentes dos de hoje (...bom talvez o número de vítimas fosse um pouco inferior, mas com a "especialização" vem uma infeliz maior eficácia), e caso ninguém tenha reparado a distribuição das forças militares ocidentais (sobretudo americanas) no mundo não tinha a intensidade dos últimos anos, em particular em cenários como o médio oriente e Ásia. Essencialmente resumia-se à Europa Central/Norte, Pacífico, América Central e algumas rápidas e menos felizes incursões em alguns locais do continente africano. No entanto já o Sr. Bin Laden fazia das suas e organizava as suas "acções de marketing" por esse mundo fora sobre o islamismo, etc. e tal...
Já estes srs. se faziam explodir, e junto com eles o maior nº de inocentes possível, por tudo e por nada. Por acaso algum de nós já teve o prazer de ver um destes srs. (ou quem fale por eles) a levantar-se e a dizer que queria dialogar, ou que queria apresentar as suas condições abertamente para negociar os seus pontos de vista e encontrar um compromisso racional e aceitável para todas as partes envolvidas no processo? Creio que não...a única coisa que nós ouvimos é 1º-a explosão das bombas, 2º-a contagem das baixas e 3º-uns pseudo-comunicados a exigir uma série de pontos que hoje são uns e amanhã são outros...aqui tenho de admitir que a política da não cedência a exigências terroristas independentemente do tipo de pressão que possa ser exigida é a mais correcta, por mais dolorosa que possa ser...e foi aqui que a Espanha falhou ao retirar as tropas do Iraque (não estou a discutir a legitimidade da intervenção) imediatamente após os atentados do 11 Março. Abriu um precedente para que estes srs. julguem que podem pressionar os governos de Estados soberanos a fazer o que eles querem se o nº de vitimas mortais fôr suficientemente grande. Se todos reagissemos assim hoje estaríamos todos a falar castelhano (o que tendo em atenção o estado em que isto está talvez até não fosse má ideia...)!!!...

Rogrego disse...

Concordo com o seu artigo e partilho a sua indignação em relação ao artigo desculpabilizante (para os terroristas) da Sra. Joana. Porém, penso que deveria ter acrescentado um pormenor.
A justificação do terrorismo pela religião é, como certamente você saberá, uma forma de os terroristas justificarem/legitimarem os seus actos bárbaros e ao mesmo tempo recrutar novos membros. A fé não é na sua essência a causa do terrorismo é algo mais profundo e complexo. Começa pelo desenvolvimento de pensamentos pseudo-intelectuais sobre o equilíbrio de poderes e sobre a distribuição da riqueza no mundo, passando pelo recrutamento de pessoas para quem o exacerbar da fé pelo terrorismo lhes dá uma razão de viver, ou morrer.
A fé islâmica não se serve do terrorismo para a prossecução dos seus objectivos, é exactamente o oposto.

Não quero deixar de lhe dar os Parabéns por este vosso Blog…