Esta é a última aquisição de Vítor Constâncio: "a gralha". Segundo reza a descrição, "a gralha é uma ave de grandes dimensões - pode atingir meio metro - totalmente preta, inclusive o bico e as patas, e de hábitos agressivos. Alimenta-se de carne morta ...".
Apurar, avaliar, certificar contas públicas executadas é uma coisa. Outra completamente diferente é a de entrar na construção de cenários e previsões, cheios de hipóteses irrealistas (... se nada se fizer, se não forem tomadas medidas, ou seja, "se não houvesse governo", como muito bem destacou Manuela Ferreira Leite). Se a este exercício juntarmos a "gralha" do relatório da Comissão e a confrontarmos com a mania do rigor das estimativas levadas às centésimas, concluiremos pelo ridículo em que caíu Vítor Constâncio e a descredibilização para que arrastou a instituição a que preside.
Vítor Constâncio deveria reflectir sobre a encenação política em que participou e tirar daí as devidas conclusões.
6 comentários:
A meu ver, a gralha, só vem confirmar o que era já evidente, a sua imcompetência.
Mais uma vez a montanha pariu um rato.
Nestas coisas das gralhas os políticos são mesmo mauzinhos...
Quando o erro é dos próprios, trata-se de uma gralha ou uma falha involuntária e sem importância.
Quando o erro é dos outros, é um erro grave, uma falha que prova a incompetência de quem a fez.
Quem tem telhados de vidro não devia atirar pedras ao vizinho.
Os políticos continuam a fazer tudo para que não haja memória.
E continuam, e continuam...
esta gralha é mais bonita que a gralha do Dr. Constãncio. Foi pena sair de uma assim...
Em comentário a alguns comentários (respeitáveis e previsíveis, diga-se)não resisto a comentar. O que critico a Vítor Constâncio não é a gralha. Essas todos nós as fazemos e não creio que que venha daí grande mal ao mundo, quando o fundamental se mantem inalterável. O que critico é a sua disponibilidade para elaborar um cenário sabendo que vai ser "vendido" como realidade. O que critico é a associação da sua imagem de Governador do Banco de Portugal e a sua competência (conheço-a vai para 32 anos e nunca a pus em causa) a uma encenação política. É precisamente por estas razões que a "gralha" não é um mero lapso de contas ou de impressão do relatório. É o reverso de uma iniciativa que não deveria ter sido concretizada como o foi, nem deveria ter assumido o "rigor" das centésimas porque como se viu era falso. Qual o resultado? O descrédito, a banalização dos números e dos valores. Julgam que me regozijo? Não, lamento-o porque continuo a acreditar que as instituições têm de ser credíveis e respeitadas.
PS (para adkalendas): não sou tão mauzinho quanto pensa, nem tão esquecido que me falhe a memória. Também sei reconhecer quando um técnico erra a redigir um relatório ou um orçamento de estado rectificativo, sem que os Ministros ou os presidentes de comissão tenham de ser responsabilizados por isso.
Por mim adoptava já a gralha como mascote do Governo. Não excluiria a hipótese de elevar a ave a insignia nacional. A gralha conseguiu aquilo que nenhum ministro das finanças alguma vez conseguiria: baixar o deficit, de um momento para outro,para 6,72%(com jeitinho, um jornalista mais atento ainda alerta a oposição de que não são bem 6,72% mas 6,71945%...).
Não haverá por aí um outro animalzito que acrescente uns pontos ao PIB?
Agradecido pela resposta esclarecedora. Fiquei mais descansado.
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