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sábado, 16 de junho de 2007

No meio deste imenso Atlântico

Aconteceu mais um conclave dos autarcas portugueses. Aqui, numa das ilhas de encanto do arquipélago dos Açores, em Ponta Delgada.
Aconteceu a esperada quase unanimidade em redor das propostas de aprofundamento da descentralização, matizada aqui e ali por um discurso dos autarcas eleitos nas listas do partido socialista, de solidária compreensão pelo "impulso reformista" do governo. Solidária, mas sofrida. Discurso penoso, quase sussurrado. E que, sobretudo, não disfarça o desconforto de as propostas de atribuição de maiores responsabilidades ao poder local não virem acompanhadas das contrapartidas financeiras. A incerteza, afinal, de não se saber se nestas condições, esta "descentralização" não se saldará, a prazo, por um enorme equívoco. Em prejuizo, afinal, do País.
Contemplando, neste fim de tarde finalmente luminoso, a mistura única de verde-terra e de azul-mar que só aqui se vê, sabe bem recordar as palavras de Natália:
Dão-nos marujos de papelão
com carimbo no passaporte
por isso a nossa dimensão
não é a vida, nem é a morte

Natália Correia, in "O Nosso Amargo Cancioneiro"

4 comentários:

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

José Mário
Talvez o encanto de Ponta Delgada inspire a concretização da descentralização. É desejável que aconteça em áreas tão críticas como a educação e a acção social. Obviamente que a delegação das respectivas competências do governo central para as autarquias tem que ser acompanhada de uma clara definição das responsabilidades que as autarquias se comprometem a assumir e do correspondente "envelope financeiro", incluindo a questão da transferência de recursos humanos. Creio que as dificuldades são grandes, mas vamos acreditar que a vontade e responsabilidade políticas vão acabar por vencer...

Pinho Cardão disse...

Uma excelente estadia, umas boas mariscadas, um bom cozido das furnas, umas boas visitas às lagoas...enfim...um bom e alegre convívio!...

Suzana Toscano disse...

Está visto que o Pinho Cardão, sempre realista, não acredita nos avanços do conclave, aposta mais nos encantos da terra!Pelos vistos, bem, pelo que posso entender do pouco entusiastico tom do Zé Mario por mais este encontro geral... :)

Anónimo disse...

Suzana, é a sensação de "mais do mesmo" própria dâs organizações que acusam o cansaço que a renovação, se tivesse existido, bem poderia poupar...