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quinta-feira, 12 de março de 2009

Plano Nacional para a Redução dos Problemas ligados ao Álcool

“O Governo decidiu não incluir no Plano Nacional para a Redução dos Problemas ligados ao Álcool as restrições à publicidade de bebidas alcoólicas e o aumento dos impostos sobre estes produtos – duas medidas que os especialistas consideram fundamentais para baixar o consumo e os seus impactos negativos na sociedade”.

Após ter lido esta notícia questionei-me: por que razão não foram incluídas aquelas medidas? Por desconhecimento de que são úteis à saúde dos portugueses, nomeadamente dos mais jovens? Não, com toda a certeza. Não são tão ignorantes a esse ponto. O que deverá estar na génese da decisão é não querer afrontar os que vivem à custa do álcool, e são tantos neste país! O lóbi dos profissionais relacionados com a produção, distribuição e venda de bebidas alcoólicas é muito poderoso. Por esta razão, o melhor é não abrir mais uma nova frente de combate. Além do mais, também poderia ter reflexos negativos, mesmo nos mais jovens, ao perder votos nas próximas lutas eleitorais.
Os argumentos aduzidos pelos especialistas: redução dos internamentos, redução das despesas provocadas pelas inúmeras doenças, diminuição da sinistralidade e da violência, melhoria da produtividade laboral e do bem-estar social, são algumas das consequências que, transformadas em euros, sugerem uma verdadeira fortuna deitada à rua num povo cada vez mais empobrecido!
As opiniões dos que veem nestas medidas atitudes zelosas de “regulamentação sanitária” não colhem, porque o objetivo não é proibir o consumo de álcool, mas sim evitar excessos e, sobretudo, consumos prematuros, protegendo os organismos dos mais jovens que não estão devidamente preparados para suportarem tamanhas agressões etílicas.
No mesmo jornal, na página do obituário, surge a notícia da morte de Charles Lieber, cientista a quem se deve muito em matéria de luta contra o alcoolismo. Lieber foi o responsável pela afirmação de que o álcool é um tóxico que atua diretamente no fígado (e não só!), provocando lesões irreversíveis, contrariando muitas opiniões até então reinantes. Não foi fácil, nada fácil, a criação de um novo paradigma. O cientista sofreu muitas pressões, alvo de ataques e de incompreensão por parte de responsáveis, entre os quais muitos médicos, num tempo, não muito longínquo, em 1974!
É preciso determinação e coragem para impor ideias certas no momento oportuno. O que não se está a ver no caso presente. Talvez um dia. Há sempre um dia para mudar, tarde, tarde demais para muitos. É pena que os políticos não se antecipem ao futuro. Para eles o que conta é o presente e os “presentes” dos eleitores...

2 comentários:

Bartolomeu disse...

Tem toda a razão caro Professor Massano Cardoso. Aqui, nesta aldeiazinha que os poucos ainda sóbrios reconhecem da História por Porto Gal, ou... Porto do Graal, terra de elevados desígnios, existem duas ruas habitadas por uns gajos suigeneris. A rua dos "artistas" e a rua dos "artolas". Os que habitam a rua dos "artolas" são permanentemente seduzidos pelos que habitam a rua dos "artistas" que lhes vão "impingindo" tudo o que lhes possa sugar, dinheiro, auto-respeito e auto-estima. Quando os que habitam a rua dos "artolas" perdem estes 3 bens, os que habitam a rua dos "artistas", afinfam-lhe um valente xute no local preciso onde as costas acabam e as coxas começam, remetendo-os à nobre condição de "desprezíveis".

Henrique Pereira dos Santos disse...

Não estou de acordo.
Não creio que a lei seca que vigorou uns anos nos Estados Unidos tenha demonstrado a superioridade de uma lógica proibicionista geral.
Se realmente alguém quer fazer alguma coisa nesta área não precisa de mudar lei nenhuma: basta dar umas voltas sistemáticas à noite fazendo duas coisas simples: levarem para a esquadra todos os meninos e meninas com menos de 16 anos e telefonarem aos pais para os ir buscar e, mais importante, fechar os sítios onde estão meninos e meninas com o menos de 16 anos, apesar de proibido.
henrique pereira dos santos