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segunda-feira, 7 de junho de 2010

Assim não vamos lá!


O Diário da República de hoje exibe outro exemplo de absoluta insensíbilidade à situação dramática das finanças públicas e aos apelos para a contenção. Até os mais cépticos já se convenceram que não basta o congelamento de salários e admissões na função pública. É fundamental travar a expansão da Administração Pública, evitando a pulverização da orgânica dos ministérios e o arrastamento para maior despesa que sempre gera.
Eis um exemplo de que não há emenda. Invocando a necessidade de executar o programa do governo que o próprio governo já mandou às malvas, bem como a lei orgânica do ministério da defesa nacional, o Decreto-lei nº 58/2010 hoje publicado cria o Conselho de Saúde Militar, orgão colegial, com um conjunto de competências consultivas. Parece à partida inofensivo do ponto de vista do incremento da despesa. Mas se viirem bem, lá está o presidente remunerado, o pessoal de apoio, as missões gratificadas com senhas de presença, as deslocações já provisionadas pela letra da lei. Carro e telemóvel, ninguém duvida. Secretariado do presidente, indispensável. Lido o artigo 3º sobre as "atribuições" (agora até os órgãos prosseguem atribuições...), não passa despercebido o carácter sumptuário destes chocantes adornos orgânicos para onde se canaliza o dinheiro dos nossos impostos e contribuições, que não sobra para as funções essenciais do Estado.
Não, não há emenda!

6 comentários:

Bmonteiro disse...

"Conselho de Saúde Militar"

Como ninguém se define sobre Hospitais Militares e Hospital Militar (único) e não se entendem sobre o futuro, aqui está a «solução».

E mais um «estudo», solução de quem não sabe o que quer (hospitais militares):
"... depois de estudos sobre estudos para um hospital das Forças Armadas (de décadas), mais um estudo: «Saúde militar exige estudo de raiz» (DN, 19 de Maio).
"Nunca foi definido o que se queria, nunca foi definido para onde se ia " alusivo aos hospitais, pode aplicar-se ás FA.
Era para isso que apontava o Estado-Maior da Defesa do Programa do XVII Governo, objectivo que o Programa do actual Governo fez desaparecer! Porquê?"
(extracto de texto para a CS)

Porque sim: em vez de um Chefe Militar em equipa com o MDN (um general de 4 estrelas, quatro chefes de estado-maior, um por cada ramo e o geral: 5/6.000 euros mês cada, mais o habitual)
Na pequena Alemanha ou no primitivo Canadá, as FA são comandadas por um (único) general de 4*.
BMonteiro
(coronel inconveniente)

Bmonteiro disse...

Apenas agora acabei por ler o DL junto.
Pode ser até que tal CSM não acarrete à partida grandes despesas financeiras.
À partida.
Porque em breve serão levados a encomendar um 'estudo'.
Uma das mais lucrativas e desenvolvidas actividades das últimas décadas, como desabafava recentemente na Sociedade de Geografia um antigo general e chefe militar (dos bons).
BM

Pinho Cardão disse...

Caro Bravo Mike:
Tem aparecido pouco ultimamente. Temos saudade dos seus comentários!... Apareça, que a casa é também sua. Isto aqui também é gente de barba rija!...

Caro Bravo Mike, Ilustre Coronel Inconveniente e Caro Ferreira de Almeida:

Então o meu Coronel e o nosso Alferes(suspeito que o FAlmeida, pese o seu porte marcial, nunca chegou a Tenente...) são contra o Conselho de Saúde? Mas conselhos sobre saúde até se tornam económicos. Um sujeito, militar ou civil, bem aconselado por um vizinho e conhecido, dispensa o médico e toma a medicina aconselhada, vai ao endireita, à acunpunctura, ao herbanário...Nunca vi um amigo aconselhar um TAC, ou uma Ressonância, ou mesmo uma endoscopia. E isso é que fica caro em medicina!...Um Conselho de Saúde é mesmo uma bênção. Sobretudo se não tiver médicos, mesmo militares...
De qualquer forma, venho já apresentar a minha candidatura a esse Conselho. Em saúde militar tenho excelente curriculum, e também o Tavares Moreira, que fizemos tropa no Hospital Militar Principal, como dignos oficiais milicianos de Contabilidade e Pagadoria, no Conselho Administrativo. E eu posso asseverar a competência do Tavares Moreira, porque fui eu o encarregado de redigir o louvor, quando ele saiu. Redigi-o a preceito e esses conhecimentos de saúde militar estavam lá exarados... Portanto, dois excelentes elementos. Com o nosso Coronel, já seríamos suficientes para um douto Conselho. Claro que o Ferreira de Almeida seria logo nomeado Assessor Jurídico, vencendo como Oficial Superior. Até nem ficaria caro e sairia obra asseada. Ah, tínhamos que colocar um General, mas um General conveniente, na Presidência. Assim como assim, o Conselho teria que ter a sua dignidade totalmente reconhecida!...

Anónimo disse...

Oficiais de Contabilidade e Pagadoria! Isso sim, são posições!
Pois eu nem a alferes cheguei, meu caro, que a tropa nada quis comigo, e eu com pena...
Por mais esforço que o meu Amigo fizesse para me graduar, não passaria nunca, como não passo, de soldado raso. Soldado combatente pelo Direito, e como tal de pré modesto. Pode pois meter a cunha ao general e contratar este magala de incorporação tardia, pois se é para dar conselhos ao Conselho, mesmo que da saúde, pode contar comigo e com a minha parcimónia remuneratória para que não se arruine a Pagadoria.
O meu Amigo encomenda-me depois um louvor e uma medalhita que eu gosto.

Tavares Moreira disse...

Confesso que ainda hoje fico ruborizado, quando me recordo do meu louvor, redigido pela fina pena do Pinho Cardão, com o qual encerrei a minha gloriosa passagem pelas Forças Armadas...
Foi um louvor e tal, que deixou o H.M.P. em grande alvoroço, os oficiais do Quadro da altura cheios de inveja pelas (supostas) excelsas qualidades dos oficiais milicianos!
Por isso nos consideramos ainda aptos, hoje, para o desempenho de qualquer função no âmbito da consultoria castrense!

Pinho Cardão disse...

Ora aí está, caro TMoreira. Oficiais para todas as estações!...

Pasmo, caro Ferreira de Almeida. Eu que via em si um Alferes a preceito,devidamente ataviado e jurista de serviço ao Estado-Maior!...No fim, nem praça de pré!...
Tem todas as qualidades para o Conselho Consultivo dos Hospitais da Tropa.