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segunda-feira, 7 de junho de 2010

Mais uma...

O Presidente da República fez um apelo para que os portugueses passem férias em Portugal, como forma de ajudar à recuperação da economia e ajudar o sector do turismo. Uma declaração que originou uma oportunidade de querela política e institucional. Mais um espectáculo político desnecessário.
Trata-se a meu ver de uma intervenção, que sendo patriótica, tem uma carga simbólica grande, num momento em que o País atravessa uma grave crise. A eficácia prática deste apelo não põe em causa, a meu ver, a sinalização que o Presidente quis fazer. A maioria dos portugueses nem sequer poderá fazer uma opção, visto que não tem condições para fazer férias. Vai ficar seguramente em casa. E quem tem possibilidades, uma minoria da população, compara preços de alternativas no estrangeiro e acaba por escolher um daqueles destinos muito bem embalados, com condições imbatíveis, bem longe daqui.
Logo veio o Ministro da Economia reagir, a meu ver desnecessariamente, lembrando que se os presidentes dos outros países fizerem o mesmo apelo aos seus concidadãos Portugal irá ressentir-se. E o Presidente da República não tardou em responder, referindo e repetindo que férias no estrangeiro são importações e aumentam a dívida externa.
Finalmente, ou talvez não, veio o Secretário de Estado do Turismo subscrever o apelo do Presidente, salientando que as férias cá dentro são uma “opção de muito bom gosto”. Dou-lhe toda a razão! E para que não ficassem dúvidas declarou: “Não só concordo com o apelo do Presidente, como esse apelo está em linha com o que o Governo tem vindo a fazer”. E chamou a atenção para as campanhas lançadas pelo anterior governo para promover o turismo interno.
É bom lembrar que sucessivos governos investiram em campanhas de incentivo ao turismo dos portugueses cá dentro. Quem não se lembra do slogan "vá para fora cá dentro"!
Já agora, seria bom que o apelo do Presidente da República fosse ouvido pelo sector do turismo para que desenvolva ofertas turísticas, em termos de preço e de qualidade, que compitam no mercado internacional, de modo a que os turistas - portugueses e estrangeiros - se sintam atraídos por destinos nacionais. Estou cada vez mais convencida que o nosso futuro passa pelo turismo. Temos imensas possibilidades. Temos, sim, que trabalhar muito e bem e saber aproveitar de forma sustentada os nossos recursos naturais e culturais.

8 comentários:

Anónimo disse...

Margarida,
Fugindo do caso particular e da sua relevância, daqui para a frente vai ser assim. Qualquer intervenção do PR por mais correcta que seja, mesmo que corresponda a um dever de intervenção do presidente, vai desencadear sempre uma reacção contrária, cínica ou desdenhosa de alguém do governo ou, se não for do governo, do PS. Para logo depois alguém do governo ou do PS dizer que está de acordo com o PR, que compreende a sua preocupação e que se revê nelas..
O PS aposta neste jogo. Entende que para sobreviver à provação que ele próprio criou ao apoiar Manuel Alegre contra o que julga ser a inevitável recandidatura do actual PR, tem de estar de bem com Deus e com o diabo. Exercício difícil, convenhamos. A minha aposta é que a percepção pública destas manobras só ajuda a descredibilizar o PS e a desgastar o candidato presidencial que apoia.
No caso que deu mote ao seu post, parece-me evidente que o cidadão comum percebeu bem o alcance do apelo do PR e a sua razão de ser. E não aceita o cinismo do ministro que a posição conciliatória do seu secretário de estado não conseguiu atenuar.

Pinho Cardão disse...

Excelente visão, caro Ferreira de Almeida. Tem sido, está a ser e vai ser tal e qual!...

Fernando Pobre disse...

Tem razão o Presidente da República. Pena é que as suas palavras não sejam também acatadas por alguns dos republicanos viajantes.

Anónimo disse...

Touché, Fernando Pobre!
Só que as palavras do PR não têm eficácia retroactiva. Acho que isso vem na Constituição... ;)

Fernando Pobre disse...

Porque é que não deveriam ter? Se os impostos já têm eficácia retroactiva...

Pedro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Pinho Cardão disse...

Leitor atento, caro Fernando Pobre!...

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

José Mário
Uma estratégia de actuação que não tem lógica porque desgasta o governo e o PS. Não vejo que o resultado líquido de "estar de bem com Deus e com o diabo" conduza a bons resultados.