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quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Se...

Estive a ouvir atentamente Vitor Bento e admiro e respeito o empenho que põe na explicação clara do “nó cego” em que nos encontramos. Gosto em particular da honestidade intelectual que transmite quando separa com clareza o que é do foro económico, do que é do foro político isto é, conhecidas as regras devem os políticos fazer o balanço dos seus efeitos conexos e fazer as suas opções. Fica a certeza de que o próximo ano será muito duro, os seguintes também, com sorte (?) o futuro será amaciado se as opções forem as mais acertadas. Se.
No entanto não entendi a parte em que defende que a flexibilidade das leis laborais é necessária para que não sejam as gerações mais jovens a pagar a estabilidade de que ainda gozam os mais velhos. A modernização das empresas foi feito, durante décadas, à custa de reformas antecipadas. Hoje o sistema de pensões está a rebentar e prolonga-se drasticamente a idade da reforma e incentiva-se o prolongamento da idade activa. Por outro lado, os jovens entram cada vez mais tarde no mercado de trabalho, muito por exigência de maior qualificação. A população não aumentou, dantes trabalhava-se dos 18 aos 70 anos, agora dos 25 aos 60, a proporção entre novos e velhos está a diminuir perigosamente, de onde vem essa urgência de mandar embora os mais velhos para que se abra o mercado aos jovens? E o que fazer aos mais velhos? Confesso que não percebo.

9 comentários:

Fartinho da Silva disse...

Cara Suzana,

Não é a única a não perceber, eu estou na mesma.

Bartolomeu disse...

Penso que aquilo que cada um de nós entendeu ainda, foi o sentido da vida, individual e em sociedade.
Quando o começarmos a entender, poderemos então, começar a viver em pleno o nosso tempo de permanência.

http://www.youtube.com/watch?v=rgRgYpue5zQ

(c) P.A.S. Pedro Almeida Sande disse...

A solução não passa pela exclusão geracional, a solução passa em criar um Estado Forte mas eficaz.
A falta de flexibilidade laboral em Portugal é uma ficção, pelo menos para uma grande parte da população Portuguesa!

jotaC disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
jotaC disse...

Uma das coisas em que parece haver convergência de ideias é o facto de -gastarmos mais do que produzimos. Eureka! Sabemos isso, então dêmos o passo em frente…
Dado o passo em frente deparamo-nos com múltiplas teorias, múltiplos caminhos a seguir todos eles a desembocarem em realidades bem distintas. Escrevem-se livros, ficamos confusos. Finalmente, depois de tanto pensarmos, alguém conclui que o melhor é começar tudo de novo, e põe tudo num livro: matam-se os velhos, exportam-se os novos; os coxos e os lerdos ficam por cá, diminui-se-lhes o salário, aumenta-se-lhes a carga horária, tira-se-lhes a reforma. Se mesmo assim não der, chama-se o FMI…

http://www.youtube.com/watch?v=ZUJts90HIHc

Bartolomeu disse...

Quando o caro Jóta cê, fala em livros, estará a pensar no livro branco das remunerações do estado, que Sousa Franco fora encarregue de elaborar?

Pinho Cardão disse...

Cara Suzana:
Se assim é, Vítor Bento tem uma peregrina ideia do que é flexibilização.
Flexibilização não é tirar aos mais velhos para dar aos mais novos, ou vice-versa.
Flexibilização é adaptar o quadro de trabalhadores às necessidades da empresa, a cada momento. De forma regulamentada, obviamente.
Um sistema rígido parte e parte pelo lado mais fraco, os trabalhadores.
Não há muito tempo, os chineses construíam prédios com dezenas de andares com andaimes de bambu. Eram flexíveis e aguentavam.
Alguns andaimes rígidos desmoronam-se vão abaixo.

jotaC disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
jotaC disse...

Caro Bartolomeu:
O livro a que me refiro não é bem um livro. Olhe: é qualquer coisa de imaterial, é o meu pensamento sobre o momento...
O relambório do José Mário Branco, esse sim (embora peque pela linguagem) é real, até intemporal, trocando o nome dos personagens identificamos perfeitamente o país o tempo e o espaço, é como se tudo isto fosse uma reprise permanente desde há trinta e tal anos...

E agora que mais nada tenho a dizer, retribuo os seus habituais poemas com uma música se Eric Clapton-My Father Eyes. Goze.

http://www.youtube.com/watch?v=IigRv6B763k