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domingo, 12 de dezembro de 2010

Sem título...

Não é um problema que se resolva com restos de restaurantes, essas são imagens que me chocaram, o problema da pobreza resolve-se resolvendo os problemas estruturais do país e esse é um problema que não é susceptível de poder ser aproveitado por um Presidente da República para fazer a sua campanha eleitoral”, acusou.
Pois é, mas enquanto os problemas estruturais não se resolvem, e tardam em ser resolvidos, a privação de bens essenciais está a aumentar. O Estado Social está, bem se vê, em crise. Não cumpre a sua função ao faltar quando é mais necessário a quem mais precisa. Há muitos portugueses sem dinheiro para satisfazerem necessidades básicas como é a alimentação. Deixamo-los com carências alimentares, enquanto continuamos à procura de uma solução estrutural? O problema destas pessoas é não terem com que se alimentar. Quem tem uma real possibilidade de ajudar não pode encolher os ombros e fingir que não vê, que não é nada consigo. Os "restos de restaurantes" podem fazer muita diferença a muitos. O momento é de emergência e urgência...

14 comentários:

Suzana Toscano disse...

Pois é Margarida, pelos vistos s única maneira de se falar deste tema é...fingindo que não se vê.

Anónimo disse...

Cara Margarida, li essa notícia do aproveitamento das sobras dos restaurantes aí pela internet ao longo da semana. É uma iniciativa à qual confiro todo o mérito do mundo, sem qualquer dúvida. Mas dei por mim a pensar como é que se chegou ao ponto de fazer algo que vi ser feito em países da América Latina há uns anitos largos, já. Os restos dos ricos deitados aos pobres.

Como foi possivel chegar-se a tal ponto de necessidade? Como é possivel que após 24 anos dum influxo de dinheiro colossal Portugal chegue ao "momento (...) de emergência e urgência" a que chegou.

Irei para Portugal no final desta semana para passar as festas na companhia dos meus que ainda tenho por aí. Tenho algum receio do que vá encontrar...

Bartolomeu disse...

Deixar os portugueses morrer de fome, não será a solução, cara Drª. Margarida, mas deixá-los mergulhar bem fundo no lodaçal da miséria, pode muito bem ser a forma de os "nossos" capitalistas recuperarem a mão-de-obra escrava. A mesma que durante os negros tempos da ditadura, permitia a diferenciação de classes e que muita gente trabalhasse só pelo ganho do comer.

Adriano Volframista disse...

Cara Margarida.C.Aguiar

Face à situação era altura de nos interrogarmos sobre o seguinte:

a) Onde se encontram os nossos "brandos costumes"? A inacção/indiferença face a uma situação de emergência não é, igualmente, um atentado à dignidade humana? Não demonstra aquilo que os nossos congéneres europeus consideram nossa característica: um grau elevado de crueldade?
b) Onde andam os serviços sociais? Para que servem? Onde está a actuação pró activa que, congéneres estrangeiros na europa, desenvolvem? Para isto já somos africano?
Cumprimentos
joão

Carlos Sério disse...

Independentemente do aproveitamento político que da questão fez manuel Alegre, não parece correcto que Cavaco Silva faça igualmente aproveitamento político da "esmola dos restos" dos restaurantes. Dos restaurantes ricos (casino Estoril e outros da mesma classe) como vimos nas TVs.Falar da miséria porque passam muitos portugueses hoje deve merecer a maior reflexão e cuidados por parte de quem tem uma verdadeira sencibilidade com a pobreza dos seus iguais. Invocar a miséria de forma tão leviana e, equívoca e superficial como consciente ou inconscientemente aconteceu no Estoril não é correcto.
Relativamente ao "estado social" acontece que foram precisamente as medidas anti-estado social que de há mais de quinze anos para cá foram tomadas pela elite dirigente qdo país que levou à miséria em que estamos. Seguir pelo mesmo caminho só aprofundará a miséria da grande maioria da população e proporcionará loucas ganâncias a muito poucos.

Catarina disse...

“Os restos de restaurantes” soa-me tão humilhante! Mas é uma realidade acabrunhante até nos países supostamente mais ricos, socialmente mais conscientes... Os “excessos de comida” evidentemente deverão ser aproveitados mediante uma supervisão igualmente rigorosa. Lamentos não chegam a lugar nenhum... mas como foi que o país (Portugal) chegou a uma situação destas tão precária.. onde estiveram ou estão os grandes dirigentes que teriam (ou têm) a capacidade de melhorar as condições de vida dos portugueses mais carenciados? Sim... porque os outros... esses não vão sentir na pele, nem no estômago, as consequências de uma péssima governação.

Bartolomeu disse...

São isso mesmo, Catarina... restos!
São demagogia, uma demagogia global, incaracterística, alienante.
Portugal, os portugueses, não chegaram a esta situação, os portugueses, nunca deixaram de ser pobres, de viver uma miserável fantasia recheada de valores humanos que muito poucos possuem capacidade para entender o que seja, e de cuja ausência uma maioria se serve para fazer prevalecer a sua própria miséria, intelectual e social.
Por isso, nunca deixámos de assistir a uma opolência que assenta na exploração e ainda se arroga o privilégio de estender displicentemente a esmola àqueles que lhes convém manter nessa miséria absurda.
Precisamos de consciência e de um poderoso trem que nos conduza a uma estação onde todos nos encontremos e onde todos tenhamos oportunidade de construir um mundo justo e equilibrado.
http://www.youtube.com/watch?v=Q7iLPnDCQ1g

Catarina disse...

Bartolomeu, a pobreza é sentida em todo o mundo, inclusivamente nos países ricos ... o que tenho grande dificuldade em aceitar; há adultos e crianças muito pobres e a passarem fome nos EUA e no Canadá. Sempre houve pobreza em Portugal como diz, sim, mas a pobreza tem alastrado como uma epidemia e ninguém, nestas últimas décadas, soube o que fazer para impedir que isso tivesse acontecido. São asneiras após asneiras; palavras ocas para preencher tempo de antena; a língua é um instrumento de comunicação mas o que oiço não comunica absolutamente nada; não representa “mãos à obra”. Porém, os cidadãos não são desprovidos totalmente de alguma culpabilidade. Passam-se anos a esbanjar e quando é necessário não existem poupanças para suportar a perca do poder de compra.
“Peace train”, Bartolomeu? O “peace train” que vão ter é o TGV... “paz a grande velocidade” e a tão grande velocidade que essa paz nem se vai sentir.

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Suzana
Há quem não queira ver e há quem veja e finja que está tudo bem.

Caro Zuricher
Pergunta bem. Como foi possível chegar a tal ponto de necessidade? A riqueza é pouca e quando é mal gerida e distribuída tudo piora. O nosso nível de pobreza tem sido sempre elevado. Se somarmos o aumento do desemprego, o aumento dos impostos, a redução das prestações sociais, a falta de criação de emprego e o elevado nível de emprego precário e mal remunerado chegamos ao ponto em que nos encontramos.
Caro Zuricher
Não vai encontrar coisa boa. Cuidado porque vai encontrar muitas aparências que iludem. Boa viagem e votos de uma boa estada na companhia dos Seus.

Caro Bartolomeu
Em pleno século XXI, a "mão-de-obra escrava" é mais sofisticada...
No seu último comentário chama as coisas pelos nomes. Está cheio de razão.

Caro joao
O que se está a passar é verdadeiramente indigno. Queremos ter tudo o que de melhor há nos países desenvolvidos, mas não trabalhamos para o ter. Vivemos acima das nossas possibilidades, mas as pessoas carenciadas e mais vulneráveis não têm capacidade reivindicativa e acabam por ser as mais prejudicadas.

Caro ruy
Acho que estamos todos muito cansados de oportunismos políticos que no final só servem para nos afastarmos do essencial.
Completamente de acordo consigo. Se continuarmos pelo mesmo caminho só vamos piorar as coisas. Vai haver retrocessos sociais muito graves. Já estão a acontecer.

Cara Catarina
Não estamos bem há muito tempo. Os nossos problemas são efectivamente estruturais. Habituamo-nos a viver acima das nossas possibilidades, criando, depois, a ilusão de que é possível viver bem assim. Não estamos a garantir os mínimos. Um país que não assegura uma vida digna aos seus cidadãos revela estar muito doente.

Anónimo disse...

Cara Margarida, obrigado pelos seus votos e avisos. :-) Aproveito para partilhar uma curiosidade com os bloggers e comentadores do 4R. Comprei o bilhete para mim e para a minha Duffy há quase um mês, isto porque os bilhetes de Madrid a Lisboa esgotam nesta altura do ano. Ante-ontem, por curiosidade, fui averiguar se o comboio estava completo. Pois qual o meu espanto quando reparo que não está nem nesse dia nem em nenhum outro até ao dia 23 (a 24 não circula). Achando estranho fui averiguar nos sites da TAP e Iberia. Pois ambas têm ainda lugares de Madrid para Lisboa nos próximos dias. É uma curiosidade, eventualmente desinteressante, mas achei algo estranho, sem dúvida, e de alguma forma ligada com o que vimos falando neste post.

Catarina disse...

Li esta notícia há pouco que transcrevo a propósito do comentário de Zuricher:

"Os nossos voos [de Toronto] para Portugal estão todos cheios", indicou à Lusa uma responsável nos escritórios em Toronto da subsidiária da companhia aérea açoriana SATA no Canadá, a SATA Express.

Neste período, a SATA está a efetuar três voos por semana com partida em Toronto com destino às cidades do Porto, Lisboa e Ponta Delgada, a que juntará dois voos adicionais na semana no Natal, levando a bordo milhares de emigrantes portugueses.”

Fartíssimo do Silva disse...

O título disse-o Alegre: "Cavaco usou a pobreza para campanha eleitoral". Aproveitar os restos dos restaurantes, falando pró povo a partir do...Casino Estoril, releva de aproveitamento e demagogia. Pois, sabendo a potes de economia e apesar da então propalada "cooperação estratégica", Cavaco não foi capaz de influenciar os acontecimentos que levaram à actual situação? Após seis anos em Belém?
E já ninguém se lembra da superinteligência da União Europeia que mandava destruir os excedentes? Alguém ouviu uma palavra de Cavaco sobre este absurdo?

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Caro Fartíssimo do Silva
Quanto ao seu "título" tenho observado que o candidato Manuel Alegre tem baseado a sua campanha na crítica permanente a Cavaco Silva em lugar de explicar como teria actuado.

Fartíssimo do Silva disse...

Essa agora! Era o que mais faltava que Alegre não criticasse Cavaco! E não disse já Alegre como actuaria se fosse Presidente? Quer dizer: só se ouve o que convém. Compreende-se...