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quinta-feira, 1 de setembro de 2011

"Trazos de una realidad global desconcertada"

Interessante artigo assinado por Manuel Escudero no El País de hoje sobre os traços que em seu entender moldam uma nova era mundial, chamando a atenção para a necessidade de levar por diante a grande e fundamental tarefa social de nos desprendermos das crenças prevalecentes e de fazermos um esforço para ver a realidade tal como ela é.
Já tenho dado comigo a pensar e a tentar adivinhar a nova ordem económica, social, financeira e política que se está a desenhar. Para onde vamos? Vivemos tempos de grandes desequilíbrios e as soluções terão agora que ser encontradas numa escala mundial ao invés da escala local ou regional a que estávamos habituados. Já não é mais possível pensar "pequeno". O global tomou conta de nós. Como vamos resolver os nossos problemas e os dos outros?
Todos os traços são importantes para construir a fotografia da realidade global, mas achei particularmente bem apontado o traço 5:
5. También ha cambiado un aspecto extraordinariamente importante de la fábrica social: la generación de legitimidad. La legitimidad -la licencia moral para operar- proviene de la opinión pública (Habermas). Pero en nuestros días la opinión pública no es solamente generada por los medios locales-nacionales de comunicación sino, sobre todo, por las redes sociales globales: una cantidad exponencialmente creciente de análisis, opiniones, comentarios y enlaces generados por los propios usuarios. A través de Internet y sus plataformas (Twitter, Likedin, Facebook, Google, blogs, etcétera), un número creciente de ciudadanos de a pie se han convertido en una poderosa fuente de reflexividad (Giddens), de creación rápida de estados de conciencia y de legitimidad tanto para los poderes públicos como para los privados.

5 comentários:

Anónimo disse...

Cara Margarida, eu pessoalmente tenho, de há uns anos a esta parte, as minhas ideias sobre o "para onde vamos". Nesse particular que refere, a internet, posso estar errado mas não dou muito pela caçada. A seu tempo (não muito mais, talvez menos de 5 anos) algo sucederá que restringirá ou de alguma forma impedirá (por motivos de ordem tecnica naturalmente) o tipo de interacção cibernética que existe hoje em dia. Não sei até que ponto mesmo espaços como este em que estamos existirão dentro de, vá, 10 anos.

Bartolomeu disse...

Já não consigo recordar-me, quem escreveu e onde li a comparação entre as sociedades e as diferentes espécies, no jardim zoológico.
Até acho a comparação ajustada. Se pensarmos nas diferentes raças humanas, nos diferentes costumes, religiões e tradições, encontramos algum paralelismo nas espécies em cativeiro.
Aliás, pessoalmente, até vislumbro nos traços fisionómicos de muitos humanos, semelhanças evidentes com as de alguns animais. Não é sem motivo que por vezes nos parece que alguém tem nariz de papagaio, ou cara de bulldog, ou que se desloca como um pavão, etc.
Mas as semelhanças não se confinam às fisionomias. Nos comportamentos humanos, encontramos demasiados traços semelhantes ou até iguais, aos comportamentos de alguns irracionais.
Ora bem, não vale a pena estender mais este assunto, que me parece já suficientemente ilustrado, para que possa concluir o comentário, dizendo, escrevendo que; tal como as espécies animais, expostas no jardim zoológico, também as espécies humanas, para que se mantenha a ordem universal, apesar da globalização do mundo, é forçoso que se mantenham cada uma com os seus costumes, características, credos, etc. nos seus espaços geográficos e que, aí encontrem com os seus recursos, as suas experiências e as suas vontades, a soluções adequadas aos seus problemas.
Porque o problema de um cidadão Líbio, é diferente na sua composição, do problema de um cidadão Alemão e resolve-se, não pela intervenção do Alemão, mas sim pela acção do Líbio. Assim como o problema de um cidadão do Bangladesh, é diferente do problema de um cidadão Britânico, e por aí adiante...

Suzana Toscano disse...

Margarida, acho que o caro Zuricher tem razão. Quando a China controla o acesso à net ou países como o Irão ou a Líbia e creio que o Egipto suspenderam o acesso a sms e twitters durante as revoluções, houve um coro de protestos a achar intolerável. Pois há dias, quando houve os distúrbios de Londres, ouvi muito boa gente colocar a hipótese de cortar esse acesso e alguns, muito jovens e modernos cidadãos, a perguntar-se mesmo, indignados, o que é que estavm à espera para o fazer... No entanto, o acesso generalizado à Net e a facilidade de exprimir nesse meio opiniões e reclamações, banalizou por completo essa via e, como também me explicou serenamente uma jovem, a net é apenas o retrato do mundo, há bons e maus, há tarados e normais, há mentirosos e generosos, há os que sim e os que não. Todos, portanto, mas sem rei nem roque, uma multidão. E uma multidão desorganizada é apenas isso, um monte de gente a dizer coisas.Os que podem e querem influenciar, organizam-se, sempre foi e será assim.

Anthrax disse...

Bom dia Dra. Margarida,

Há muito tempo que já não é possível pensar "pequeno" e não é por acaso que surgiu aquela famosa máxima do "Think globally, act locally". Para além disso, se considerarmos que a teoria da interdependência económica existe desde o séc. XIX (se não estou em erro) e foi depois aproveitada pelo Keohane e pelo Nye para criar a teoria da interdependência complexa no século XX, o tema em discussão é antigo.

A arena internacional sempre foi palco de equilibrios, desequílibrios, agregações, desagregações, estabilidade, instabilidade, enfim não há nada de novo nesse aspecto. Da mesma maneira que os Estados e as Organizações Internacionais continuam a ser os grandes actores e os grandes intervenientes nesta arena. Um indíviduo, por si só, não tem a capacidade nem a legitimidade para agir na cena internacional.

A única coisa que a internet faz, através das suas ferramentas, é dar ao indíviduo a possibilidade de aceder e partilhar informação de uma forma imediata. Isto não é mais, nem menos, do aquilo que os jornais fizeram quando apareceram ou do que o telefone fez quando apareceu. A informação massificou-se e a interpretação da mesma diversificou-se.

Eu não acho que os acontecimentos em si sejam uma novidade. O que eu acho é que os indíviduos têm agora mais consciência do que se passa em termos globais.

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Caro Zuricher
Podemos vir a assistir a uma série de restrições em defesa das liberdades, prevenindo fenómenos que atentem contra, por exemplo, a segurança. Ainda recentemente li um artigo sobre a questão do anonimato na internet, em que há quem o defenda, mas há também quem alerte para o seu perigo com o argumento que o anonimato gera uma cultura de agressão e violência.
Ainda assim, não podemos ignorar o poder que tem hoje a internet.
Caro Bartolomeu
Não estou assim tão certa que seja forçoso que se mantenha a ordem universal tal como a descreve. Os costumes e tradições, credos e vontades, espaços geográficos e territoriais que refere também são mutáveis. A globalização tem estado a alterar os equilíbrios de forças com consequências nessas peças de "soberania".
Suzana
Mas convenhamos que a capacidade organizativa, a mobilização de movimentos, a criação de "vontades" têm um grande aliado na internet. Os bons e os maus, os sérios e os mentirosos, os pacíficos e os manipuladores, etc. sempre existiram e vão continuar a existir utilizando em cada momento os meios ou as armas que estão à disposição.
Cara Anthrax
Penso que não será tanto uma questão de consciência. Certo é que as pessoas têm acesso a mais informação, o que não é garantia de que estejam bem informadas.