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quinta-feira, 14 de abril de 2005

"Brasil e células estaminais"…

A Câmara dos Deputados do Brasil acabou de aprovar a Lei da Biossegurança na qual está contemplada a investigação em células estaminais provenientes de embriões humanos. Mais do que a expressão da votação (352 votos a favor, 60 contra e uma abstenção) foi a participação de vários deficientes físicos e portadores de doenças degenerativas. Realce para o facto de no final manifestarem a sua alegria através de aplausos, gritos, choro e por fim cantaram o hino nacional brasileiro de mãos dadas. Muitos deles consideram esta aprovação como uma graça divina, afirmando que sabiam que Deus estava do seu lado. Ao acreditarem no enorme potencial resultante da investigação nestas áreas, da qual sabem que não irão beneficiar, revelam um gesto de generosidade e de fé para todos aqueles que no futuro irão sofrer dos mesmos problemas e vicissitudes.
Não foi fácil a aprovação. Destaque para a filha do presidente da Câmara, Ana Cavalcanti, deputada estadual do Pernambuco, ao fazer um apelo emocionado em nome das pessoas que têm esperança de cura nestas áreas. Afirmou a deputada: - “Meu pai, se Deus me colocou nesse momento como fisioterapeuta e parlamentar, receba isso como uma mensagem divina. Só volto para o Recife depois de ver votada e aprovada essa lei”.
Sem desprimor para os oposicionistas, os quais devem ser respeitados nas suas convicções, o assunto não vai deixar de continuar a ser polémico, quer no Brasil quer noutros países.
Entre nós é urgente deliberar e legislar sobre este assunto. Pior do que uma má atitude é a ausência dela. Não temos praticamente nada nestas áreas, à excepção da consciência ética dos profissionais. Esperemos que durante a presente legislatura, o país possa por fim dizer da sua justiça sobre assuntos tão delicados. Seja qual for o resultado, e mesmo numa eventual situação de impedimento à investigação em células estaminais de origem embrionária, espero que nunca seja utilizado o argumento insultuoso de holocausto ou genocídio. Os seus defensores, ao argumentarem desta maneira, estão no mínimo a ofender as vítimas, a memória dos homens bons e a dignidade daqueles que consagram as suas vidas e inteligência ao serviço da Humanidade.

1 comentário:

pindérico disse...

Uma boa notícia e uma excelente abordagem!
Oxalá sejamos capazes de ultrapassar alguns constrangimentos e fazer aprovar legislação que, acautelando questões de ética, permita a indispensável investigação nesta área.