Despertou-me a atenção no DE o artigo de opinião “O outro lado da crise” de João Wengorovius Menezes. É um artigo que chama a atenção para o contraste entre a crise financeira mundial e os dramas da miséria que afectam 1/6 da população mundial e da violação recorrente dos direitos humanos que colhem milhões de pessoas indefesas, apresentando números verdadeiramente impressionantes e chocantes que procuram medir e marcar o contraste entre a riqueza exuberante do mundo desenvolvido e a pobreza extrema do mundo subdesenvolvido.
A pobreza extrema afecta mil milhões de pessoas que vivem com menos de 0,70 euros por dia. Um nível de vida que não conseguimos conceber. Segundo o artigo, "Em contrapartida, num total de 21 milhões de vacas, cada vaca europeia recebe 2 euros de subsídio por dia”. Algo que não nos lembrariamos de calcular.
Este artigo é fonte de inspiração para pararmos um pouco e reflectirmos sobre o outro mundo que gira à nossa volta, que com crise financeira ou sem ela, vai sobrevivendo ou, usando a expressão que um amigo meu costuma utilizar por graça quando está muito stressado, vai “morrendo”.
É assustador repararmos no contraste entre a mobilização política ao mais alto nível desencadeada para gerir a crise do sistema financeiro à escala mundial e a falta dela para resolver o drama humanitário também este à escala mundial de milhões de pessoas que não podem ter uma vida digna e feliz.
Essa forte mobilização é explicada pela necessidade de evitar uma contaminação da crise financeira à economia real com consequências dramáticas para o nosso bem-estar e de não fazer perigar o modelo de “paz” económica e social para o qual o mundo ocidental não tem aparentemente substituto.
Esta crise do sistema financeiro afectará sem sombra para dúvidas a trágica pobreza que povoa o mundo, pelo que deste ponto de vista travar e restaurar a saúde do sistema financeiro é uma questão de sobrevivência para os dois lados do mundo.
Chego a questionar-me se o colapso do sistema financeiro mundial não será em parte o resultado de uma certa cegueira política que não deixa ver que o fosso que se tem vindo a cavar entre os dois mundos é possivelmente insustentável. A crise e as outras crises devem muito à falta de ética e à imoralidade do pensamento e comportamento políticos.
Questiono-me sobre o que seria necessário acontecer para provocar nos responsáveis políticos mundiais o mesmo vigor para atacar as outras crises que agora os mobilizou para fazer face, e bem, à perigosa situação a que chegou o sistema financeiro mundial. Enfim, há muitas outros contrates que fazem a diferença brutal entre os dois lados do mundo. Mas a derradeira pergunta é: será que tem que ser mesmo assim?
A pobreza extrema afecta mil milhões de pessoas que vivem com menos de 0,70 euros por dia. Um nível de vida que não conseguimos conceber. Segundo o artigo, "Em contrapartida, num total de 21 milhões de vacas, cada vaca europeia recebe 2 euros de subsídio por dia”. Algo que não nos lembrariamos de calcular.
Este artigo é fonte de inspiração para pararmos um pouco e reflectirmos sobre o outro mundo que gira à nossa volta, que com crise financeira ou sem ela, vai sobrevivendo ou, usando a expressão que um amigo meu costuma utilizar por graça quando está muito stressado, vai “morrendo”.
É assustador repararmos no contraste entre a mobilização política ao mais alto nível desencadeada para gerir a crise do sistema financeiro à escala mundial e a falta dela para resolver o drama humanitário também este à escala mundial de milhões de pessoas que não podem ter uma vida digna e feliz.
Essa forte mobilização é explicada pela necessidade de evitar uma contaminação da crise financeira à economia real com consequências dramáticas para o nosso bem-estar e de não fazer perigar o modelo de “paz” económica e social para o qual o mundo ocidental não tem aparentemente substituto.
Esta crise do sistema financeiro afectará sem sombra para dúvidas a trágica pobreza que povoa o mundo, pelo que deste ponto de vista travar e restaurar a saúde do sistema financeiro é uma questão de sobrevivência para os dois lados do mundo.
Chego a questionar-me se o colapso do sistema financeiro mundial não será em parte o resultado de uma certa cegueira política que não deixa ver que o fosso que se tem vindo a cavar entre os dois mundos é possivelmente insustentável. A crise e as outras crises devem muito à falta de ética e à imoralidade do pensamento e comportamento políticos.
Questiono-me sobre o que seria necessário acontecer para provocar nos responsáveis políticos mundiais o mesmo vigor para atacar as outras crises que agora os mobilizou para fazer face, e bem, à perigosa situação a que chegou o sistema financeiro mundial. Enfim, há muitas outros contrates que fazem a diferença brutal entre os dois lados do mundo. Mas a derradeira pergunta é: será que tem que ser mesmo assim?
4 comentários:
Na luta contra este flagelo surgem, por vezes, acções não coordenadas pelos Governos. Acções que decorrem do próprio "sentir" da sociedade, através dos seus Cidadãos. Em Portugal ainda temos um sistema incipiente de intervenção da Sociedade Civil, mas existe. Questão interessante será a de como motivar a juventude para a intervenção cívica neste domínio. Ainda que possa ser considerada meramente paleativa, porque é ao Poder que compete dinamizar uma reestruturação social, o contacto com a realidade adversa pode ser ser fonte de conhecimento e de modelação do carácter. Até porque se pode constatar que o conhecimento que muitas vezes se tem da realidade provém do "ouvir dizer" e não do "ver e sentir".
Este comentário é superficial, estou consciente disso, mas parece-me que numa sociedade de abundância para alguns se corre o risco de desfasar as populações mais jovens do que é a pobreza, e de que ela pode alastrar por motivos tão simples quanto o excesso de consumo e o défice de responsabilidade.
Talvez tenha de ser assim, e não haja outra forma, como afirmava um antigo presidente do conselho de triste memória.
Andar de braço-dado, simultâneamente com Deus e o diabo, tem sido pratica corrente das governações mundiais. Apesar das grandes e frequentes manifestações de solideriadade para com os povos mais pobres que subsistem no limiar da última fronteira da pobreza, os mesmos governos compactuam com as políticas que toleram e apoiam os opulentes governos desses povos.
Tal como observa e questiona, Drª. Margarida, seria esperável que se as vontades políticas se juntassem às privadas e às organizadas, concebendo e levando à pratica uma acção que terminasse definitivamente com o flagêlo da pobreza no mundo.
E sinceramente, nem parece que seja algo de muito difícil. Pelo contrário, bastaria para tanto que alguns governos não impedissem a chegada de bens, de técnicos e de meios às suas populações, para que toda a situação se alterasse e aos poucos, essas populações adquirissem a sua autonomia.
Como em tudo neste mundo, tambem este problema me parece estar unicamente dependente das boas vontades certas, ou... de certas boas bontades.
Cara Dra. Margarida Aguiar:
Um olhar sobre os que passam fome é sempre um gesto nobre que engrandece a pessoa que o faz. Daí eu apreciar e valorizar aquelas pessoas que inseridas ou não em organizações de solidariedade praticam, cá dentro e por esse mundo fora, acções que visem minimizar o flagelo daqueles a quem a mãe natureza desprezou.
Quanto à resolução do problema por parte dos países ricos, não me parece que seja ou venha a ser preocupação de agenda política, como agora é moda dizer…
Caro Manuel
Os dramas de escala mundial que incluem a pobreza e muitos outros, que passam por exemplo pelo tráfico de raparigas e o tráfico de droga, implicam soluções à escala global. Soluções que para sortirem resultados implicam uma forte mobilização política. O empenhamento na resolução da crise do sistema financeiro à escala mundial revelou-me o contraste também existente quanto ao empenhamento dos mais "poderosos".
Estou totalmente de acordo que a intervenção da juventude é muito importante, que a sua sensibilização para a "realidade adversa" é fundamental na modelação do seu carácter. Afinal os jovens de agora serão os dirigentes de amanhã...
Caro Bartolomeu
Tocou num ponto importante. De natureza, se assim se pode dizer, teológica. Com efeito, o mundo anda de braço dado com Deus e o diabo, o bem e o mal coexistem, a bondade e a maldade competem. Mas a bem dizer a Humanidade já estaria morta se o bem não acabasse por vencer. É uma boa esperança...
Com efeito, o egoísmo e a ganância, o desprezo pela pessoa humana e pela vida (dos outros) leva a que os governantes de muitos países se apropriem das ajudas - alimentos, medicamentos e outros bens de primeira necessidade - que países amigos das suas populações pobres e indefesas enviam para lhes minimizar o sofrimento.
O que é certo é que estas ajudas, tal como são realizadas, estão muito longe de ser suficientes...
Caro jotaC
A sua conclusão explica que muitos dramas de escala mundial estejam longe de se resolver. Não estando na "agenda política" dos países ricos uma intervenção mais interessada e enérgica os problemas vão, portanto, continuar...
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