Avaliam-se professores para avaliar alunos, que passam qualquer que seja o resultado da aferição. Não podem ser reprovados, na nova nomenclatura, retidos.
Avaliam-se os professores para avaliar alunos, mas a avaliação depende da inclusão, da exclusão, da segregação, da boa educação, da má educação, da ração e do pão, pelo que nunca há retenção.
Não podendo ser retidos os aferidos, a aferição devia ser objecto de perpétua retenção.
Assim, de nada servindo a escolar aferição, para que serve a professoral avaliação?
Certamente para ampliar o paradoxo de toda a nossa educação, onde passam os alunos e reprovam os professores!...
Nota: Intervalei o post para ver uma reportagem sobre os manifestantes professores. As cançonetas gritadas frente às câmaras definem indigência primária. Ministério e manifestantes merecem-se mutuamente.
Avaliam-se os professores para avaliar alunos, mas a avaliação depende da inclusão, da exclusão, da segregação, da boa educação, da má educação, da ração e do pão, pelo que nunca há retenção.
Não podendo ser retidos os aferidos, a aferição devia ser objecto de perpétua retenção.
Assim, de nada servindo a escolar aferição, para que serve a professoral avaliação?
Certamente para ampliar o paradoxo de toda a nossa educação, onde passam os alunos e reprovam os professores!...
Nota: Intervalei o post para ver uma reportagem sobre os manifestantes professores. As cançonetas gritadas frente às câmaras definem indigência primária. Ministério e manifestantes merecem-se mutuamente.
Claro que não meto no mesmo saco os milhares de bons e dedicados professores a quem o país muito deve e que se devem sentir envergonhados com toda esta bagunça que o ministério e os colegas lhes fazem sofrer. Mais credores são do nosso respeito e admiração.
7 comentários:
Caro Pinho Cardão, boa noite!
Não é meu costume personalizar as questões mas é impossível, a propósito deste teu post, não relembrar as posições tomadas por MFLeite nas vésperas da manifestação dos professores. Resumidamente:i) deve o governo cessar imediatamente o processo de avaliação em curso ii) a avaliação deve ser repensada e atribuida a entidade externa iii) deverão ser abolidas as quotas administrativas de avaliação.
Parece-me pouco razoável, é o menos que pode dizer-se da intervenção de MFLeite na véspera da manif. É certo que, quando era governo o PSD e oposição o PS, o PS em várias ocasiões alinhou ao lado dos contestatários por mais absurdas que fossem as suas reivindicações. Mas se a luta política se faz por represália, a política deixa de ser uma arte nobre a passa a ser uma actividade rasca.
Eu não sei se este método de avaliação é bom, mau ou assim-assim. O que sei é que o governo é legítimo e tem legitimidade para
impor a avaliação dos funcionários da forma que entender. É assim que se procede em qualquer parte.
Se os professores, enquanto cidadãos, quiserem penalizar o governo devem aguardar pelas próximas eleições legislativas. Até lá, devem obediência ao ministério da educação ou nunca mais sairemos do caos em que a educação foi mergulhada há muito e esta ministra tem, com pertinácia notável, querido contrariar.
Quando às quotas, MFLeite parece desconhecer que sem quotas todos, ou quase todos, serão muito bons.
O que é imperdoável para quem deveria saber que também as capacidades humanas seguem uma distribuição normal. E da foma como é recrutado o universo de professores, se houver algum enviesamento, é muito provável que ele se dê à esquerda da curva de distribuição.
A avaliação externa, por outro lado, seria uma forma de desmantelamento da forma de diferenciação entre professores que a ministra decidiu e MFLeite acha que deve ser abolida.
Voltemos ao ponto de partida, segundo MFLeite. Que, como toda a gente sabe, não era lá grande coisa
Que te parece?
Deve ter havido mais professores hoje no Marquês de Pombal que ondem nas escolas...
Eu, por mim, já dei a escola pública como ingerível e votarei naquele que entregue a geestão em troca de resultados. É impressionante, mas há 30 anos que o ministério de educação é o ministério dos professores.
E juntando-me ao Rui Fonseca, a atitude da MF Leite deve ter custado algumas centenas de votos.
“Eu não sei se este método de avaliação é bom, mau ou assim-assim. O que sei é que o governo é legítimo e tem legitimidade para impor a avaliação dos funcionários da forma que entender. É assim que se procede em qualquer parte.”
Estranha visão de democracia, esta do Rui Fonseca. Comer e calar!
Não importa sequer a substância… Os governos mandam e as plebes obedecem.
Nesta visão nem interessa o iluminismo do “tirano”. O seu mandato é inquestionável, incontestável, irrecorrível.
Felizmente as pessoas têm direito a expressar livremente a sua opinião, embora cada vez menos, num Governo que a todos e a tudo ofusca desde que não seja alinhado com a propaganda oficial. Os Professores têm o legítimo direito de expressar a sua opinião.
O sistema de avaliação proposto é, efectivamente, labiríntico e atrabiliário.
Não cumpre bem o seu desígnio. Desvia os actores do essencial: a qualidade, a eficácia e a eficiência do sistema educativo e formativo.
Os sistemas de avaliação devem ser simples, objectivos e compreendidos pelos intervenientes, para que possam induzir mudanças positivas em vez de resistências corporativas ou orgânicas.
Não é possível obter unanimidades favoráveis a todas as medidas governativas, mas vale a pena ponderar quando existe uma quase unanimidade contestatária.
Por último, também não me parece correcto que Manuela Ferreira Leite navegue na onda da contestação. Exige-se que a acção política seja norteada por convicções. E estas carecem sempre de adequado fundamento. A intervenção da líder do PSD não evidenciou de forma clara os fundamentos e as alternativas. A necessidade de uma avaliação externa não afasta, antes pelo contrário, o imperativo da avaliação interna. Concordo que haja um reforço da hierarquia dentro das Escolas, de forma reforçar os diferentes níveis de responsabilidade.
A questão, neste caso, centra-se não nos objectivos, em que todos parecem estar de acordo, mas no método. Salvo para os marxistas-leninistas, em que não importam os meios desde que se atinjam os fins. Porém, a história da humanidade e das organizações informa que a questão dos meios é, quase sempre, determinante para os resultados. Está-se a ver!
O Caro Félix leu mal o meu comentário.
Eu não contestei o direito ao protesto (ainda que me pareça que ele tem outras motivações que vão muito para além da avaliação); o que eu referi foi a intervenção, quanto a mim oportunista, de MFLeite.
É o excesso de oportunismo e a falta de oportunidade que tem estado presente na maior parte das intervenções de MFLeite desde que é lider do PSD.
Assim não vamos lá.
“Eu não sei se este método de avaliação é bom, mau ou assim-assim. O que sei é que o governo é legítimo e tem legitimidade para impor a avaliação dos funcionários da forma que entender. É assim que se procede em qualquer parte.”
Fantástica arrogância esta! Peço as minhas humildes desculpas por ter neurónios na minha pobre cabeça e pelo atrevimento dos mesmos em comunicar uns com os outros.
Quando não se sabe se este método de avaliação é bom, mau ou assim-assim, é preciso ser prudente nas opiniões.
Não se pode saber que reacção teriam os professores a outro modelo de avaliação, mas sei que este é absurdo e justifica-se a oposição dos professores. Estou certo que, se os distintos postador e comentadores conhecessem as fichas de avaliação que as escolas estão a aprovar, sob as orientações legais e políticas do governo, concordariam que esta avaliação é redundante e desnecessária.
Por outro lado, os professores não querem ser avaliados por pares. Não sei se quereriam ser avaliados por superiores hierárquicos, nem se quereriam estar integrados numa organização hierárquica, mas sei que não querem ser avaliados por pares. Nem sequer é pelos pares, é por pares. A divisão em professores e professores titulares está a agravar a reacção dos professores. Os professores titulares, cuja maioria nem sequer tem funções para exercer, são uma espécie de felizes contemplados num sorteio administrativo irracional em que nenhuma competência foi verificada. Não se iludam, porque não aconteceu nada parecido com um doutoramento, um concurso para assistentes hospitalares, para professores associados ou catedráticos, ou qualquer outra prova de mérito.
Quanto às consequências da avaliação há muita coisa absurda. Por exemplo, diz o Estatuto da Carreira que o professor que tiver uma pontuação global superior a 9 em 10 é excelente. Mas, contraditoriamente, também diz que só os melhores 5% é que são excelentes. Então, como é? Volta-se atrás na avaliação para classificar pior os professores, de modo que só 5% tenham classificação superior a 9? Diz-se a um professor, tu és excelente, mas não podes ser excelente, porque só 5% é que podem ser excelentes?
Também não sei como os professores reagiriam a outras quotas de progressão profissional, mas sei que este modelo está todo errado, é um absurdo total e que este governo é de uma incompetência, de uma arrogância e de um autoritarismo intoleráveis.
Compreendo que é necessário distinguir os bons dos menos bons professores e que os professores não devam estar concentrados nos últimos escalões, mas há formas competentes e inteligentes de o fazer. Não é o caso deste modelo.
Finalmente, muitos dos países europeus cujos resultados educativos admiramos muito nem sequer têm avaliação de professores com a formalidade que o nosso desgoverno quer impor.
Na minha opinião os professores dão o flanco num ponto: ninguém sabe o que querem , só se sabe o que não querem. Por isso, mesmo sabendo que têm razão, também sei que não é possível ganhar a simpatia da opinião pública.
Lúcido e esclarecedor comentário, caro Arnaldo Madureira!...
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