Acabei de jantar com um grupo dos qual fazia parte uma professora senior, presente na manifestação. Perguntei-lhe por que contestava o processo de avaliação. Respondeu-me que por duas razões principais: a primeira, porque era obrigada a estabelecer um objectivo pessoal de não abandono escolar; a segunda, porque era obrigada a estabelecer um objectivo pessoal de sucesso escolar. E que seria responsável e responsabilizada pelo cumprimento desses objectivos.
Fiquei aparvalhado, porque, sendo assim, e não tenho razões para duvidar, o Ministério toma cada professor como individualmente responsável pelo sucesso e abandono dos alunos da turma, como se a vontade destes para tal em nada contribuísse, e como se os outros professores não existissem!...Isto é, cada professor arca individualmente com uma responsabilidade colectiva para a qual só em parte contribui!...
E os Sindicatos não são capazes de explicar isto em duas palavras?
E o PSD, quando diz que se opõe a esta avaliação, também não sabe dizer as razõe?
A serem verdadeiras, estas, que a professora me explicou ao jantar, seriam suficientes para aferir do non-sense desta avaliação!...
46 comentários:
Por acaso a professora sénior não explicou que essa pérola foi a única que os professores, via sindicatos, aceitaram? Pois, a coisa ainda é mais estúpida que aquilo que se possa pensar à primeira vista. Mas, pasme-se, os professores deixaram de faltar à conta disto o que me faz pensar que, se calhar, pouco interessa de que é feita a avaliação desde que os professores saibam que é feita.
Caro Tonibler:
Sendo assim, é o absurdo levado à potência infinita!...
Vamos lá a ver se eu entendi. Existe uma situação totalmente néscia de os professores serem responsabilizados pelo que os alunos fazem de sua própria iniciativa. Essa situação foi aceite pelos professores por interpostos sindicatos e agora reclamam da sua existência.
Entendi bem? É isto? É que se é isto estamos mesmo num manicómio.
Lembram-se que, na sua versão original, os pais faziam parte da avaliação? Então a manifestação anterior, contra a avaliação, era porque os ignorantes dos pais iam avaliar os professores. O ministério reuniu com os sindicatos e passaram a ser outros professores a avaliar os professores. Agora vêm todos manifestarem-se, uns porque não querem ser avaliados e outros porque não querem avaliar. Mas, atenção, todos concordam que os professores devem ser avaliados...
Pasta para adubo. Era pegar na ministra e acabar na EB23 de Miranda do Douro e transformar tudo em pasta para adubar.
Ontem à noite, na SIC Notícias, foi entrevistada a Helena Matos, a propósito da manifestação dos professores.
Excelente intervenção ! Em minha opinião, as declarações dela devem ter feito mais estragos, no governo e no Ministério da Educação, do que a própria manifestação.
Se a actual líder do PSD aprendesse com Helena Matos, nas próximas legislativas o Sócrates ia tocar tangos para a rua dele.
Também ouvi, como o Jorge Oliveira, o depoimento clarividente da Helena Matos e concordo em absoluto. Pena que não se obtenha registo dessa intervenção porque merecia ser divulgada. Pode ser que, por aí, haja alguém que a tenha gravado ou saiba como a obter.
Os comentários de Tonibler revelam uma ignorância difícil de acompanhar por quem já trabalhou para o Ministério da Educação.
Diz Tonibler, ou melhor afirma Tonibler que "antes" os deveriam ser avaliados pelos pais e agora não depois de um acordo com os sindicatos.
Meu caro:
1º Em primeiro lugar, os professores podem continuar a ser avaliados pelos pais tal como antes, ou seja se assim o desejarem;
2º Como é possível alguém que se autodenomina "Tonibler" não perceber que esta "avaliação" se baseia no princípios das "ciências" da educação e como tal até os sindicatos estão surpreendidos com aquilo que se passa no seio da classe docente.
Meu caro, aconselho-o vivamente a estudar de forma profunda este tema, uma vez a sua opinião é de tal forma redutora que dá a ideia que a realidade é a preto e branco.
Já agora, esta Ministra pode ter um discurso populista e muito próximo da extrema direita, mas de uma coisa pode estar certo - tudo aquilo que a senhora cimentou nas escolas e no ministério é da mais pura esquerda que possa imaginar.
Acho curioso e até intrigante ouvir e/ou ler destacados militantes do PSD (não sei se é esse o seu caso) defender as políticas da senhora sem conseguirem perceber que se tratam apenas e só de cimento armado em volta do aço já há muito existente nas políticas deste sector, que se baseiam num princípio muito simples e ridículo: existe uma classe oprimida nas escolas (alunos) pelo autoritarismo (autoridade) da classe opressora (professores).
E tudo tem sido feito no sentido de privar a tal classe opressora de instrumentos de autoridade para que a tal classe oprimida se possa exprimir livremente em todos os sentidos.
Se alguém de direita defende estes princípios, então acho melhor repensar o seu espaço político.
Caro Tonibler, o trabalho do professor é ENSINAR os seus alunos, não é justificar o trabalho e as ideologias políticas de terceiros. Ontem estive na manifestação dos professores do sector público de ensino e foi isto que eu entendi, muitos até se recusavam a levar bandeiras sindicais pelas razões que acabei de explicar.
Desculpem as gralhas :)
" a primeira, porque era obrigada a estabelecer um objectivo pessoal de não abandono escolar; a segunda, porque era obrigada a estabelecer um objectivo pessoal de sucesso escolar."
Caro Pinho Cardão, bom dia!
Leio e releio o teu comentário e não o entendo. De modo que te peço arranjes paciência bastante para esclarecer este teu Amigo, de modo que ele percebo onde queres chegar.
Porque se a avaliação passa pela fixação de objectivos de sucesso escolar e de não abandono, a mim parecem-me elementares esses objectivos.
O que é que se pede a um professor?
Que ensine e que os alunos aprendam. Como é que se mede a realização do objectivo? Medindo-o. Uma das formas de o fazer é o da auto avaliação. O professor, considerando o grupo que tem prela frente as condições em que pode trabalhar, é conviddo a dizer o que é que capaz de fazer.
Quanto ao não abandono o que se pede é que o professor seja capaz de interessar o aluno e não de ser ele também causa do abandono.
Todos nós tivemos professores que davam aulas que eram uma chatice, convidando-nos a faltar de vez em quando, e outros, que punham tanto entusiasmo no ensino que faziam dessas aulas momentos de um prazer enorme.
O que é que que há de estranho em convidar o professor a dizer o que pensa poder fazer com as turmas que tem pela frente em matéria de não abandono escolar?
Sinceramente, fiquei baralhado com este teu post e ainda mais porque os comentários feitos até aqui parecem não comungar da minha confusão.
Caro Rui Fonseca:
Como pode avaliar um professor no sentido que referiu sem exames nacionais todos os anos a todas as disciplinas?
Eu respondo - é impossível.
E mais lhe digo, este modelo de "avaliação" tem como único objectivo obrigar TODOS os professores a FACILITAREM a vida dos alunos que NÃO QUEREM aprender, retirando-lhes o último e derradeiro instrumento de autoridade: a avaliação dos alunos. Até já se vai preparando a opinião pública para a proibição da reprovação dos alunos durante a "escolaridade" obrigatória.
Como disse acima, nada disto é novidade. Esta Ministra apenas está a cimentar o modelo "eduquês" em TODAS as escolas públicas e em TODOS os professores. "Apenas" isso.
É isto que quer? Então apoie esta Ministra da ideologia das "Ciências" da Educação...
São estes os dois grandes objectivos do governo na área da Educação - reduzir os custos no ensino, limitando o acesso de carreira aos professores, encerrando escolas, atirando com o pessoal não docente para a esfera das autarquias e facilitar a passagem dos alunos para melhorar índices de escolaridade.
Tudo o resto é conversa fiada.
Ministra rasca de um governo rasca
Caro Pinho Cardão:
Aqui está a explicação para o facto de pela primeira vez a polícia não ter adiantado o número de manifestantes:
"A PSP recusou adiantar números de adesão ao protesto. Calvo André, responsável pelo policiamento da marcha, escusou-se a avançar com qualquer número, dando duas explicações. “É impossível calcular dada a dimensão da manifestação”, começou por dizer. Mas acrescentou: “Tenho indicações para não adiantar números”."
in Jornal Público (o único jornal independente e o único que se dá ao trabalho de fazer jornalismo, ou seja investigar e não estar à espera das agências de comunicação do grande pai Estado).
"Eu respondo - é impossível"
Caro Fartinho,
Durante as dezenas de anos que trabalhei, e nunca trabalhei para o Estado, fartei-me de ouvir centenas de vezes o mesmo argumento: É impossível.
É impossível é o argumento estruturante do nosso atraso e da nossa dependência externa.
É possível, Fartinho, claro que é possível! Quando os portugueses estiverem decididos a fazer funcionar a tarara.
Caro Tonibler,
como está tão bem informado!
Fiquei contente com o seu comentário, uma vez que tenho, como professora, acompanhado todo este processo desde o seu início e ainda não tinha conhecimento disso.
Que bom é haver gente informada que nos alerta para as evidências.
O meu muito obrigado.
Caro Rui Fonseca,
Eu já trabalhei para o Estado (infelizmente) e nas escolas públicas (infelizmente) e volto a dizer a mesma coisa - é impossível.
Mais lhe digo, veja por essa Europa fora (a da União Europeia) os sistemas de avaliação docente e depois compare o nosso com o do Chile, sim do Chile.
E mais lhe digo - filho meu na escola pública NUNCA! Eu quero que o meu filho APRENDA para poder COMPETIR com todos os filhos de suecos, espanhóis, alemãs, ingleses, franceses, italianos, russos, etc., etc. Não quero que o meu filho seja o recepcionista do hotel onde os filhos de suecos, espanhóis, ingleses, etc., etc. passam férias.
Por isso eu digo: fora com o populismo que governa hoje Portugal.
Cara emn,
é porque, se calhar, não faz parte da comissão paritária que, em conjunto com o ministério, faz os sindicatos acompanharem este processo de avaliação DESDE MAIO!...Eu também não, mas eu sou dos que pago, não daqueles que decretam um dia de greve por não terem tempo...
Caro Fartinho,
Estou-me nas tintas para o processo de avaliação, eu tenho um processo de avaliação que se chamam "resultados". Acho que, como alguém diz por aqui, se merecem uns aos outros. Infelizmente, eu preferia que se merececem uns aos outros sem arrastar consigo 1,5 mios de cidadãos portugueses dos mais necessitados e indefesos.
Não consigo entender que hipóteses se colocam entre o futuro de 1,5 mios de crianças e 100 mil postos de trabalho. Dêm a volta que derem, não consigo perceber. Isto sem contar com o dinheiro que nos custa...
Caro Rui:
Agora sou eu: leio e releio o teu comentário e não o entendo.
Então supõe lá que eras um dos 8 professores de uma turma. Que a turma era má. E que os professores eram medíocres, com excepção de ti, que eras um excelente professor. Apesar do teu esforço, o abandono foi grande. Portanto, vais ser responsabilizado por algo de que não és responsável.
Mas supõe também que a turma é boa e os professores óptimos, à excepção de um, que é péssimo. A turma não tem abandono e tem um sucesso avassalador. O péssimo professor é premiado por ter cumprido o objectivo abandono 0.
De facto, não entendo a tua prosa!...
Claro que a avaliação é necessária. Claro que há resistências à avaliação.
Mas a avaliação tem que ser adequada.
Eu, tu, podemos ser avaliados por parâmetros que individualmente dominamos; trata-se de avaliação individual, não colectiva.
Caro Pinho Cardão,
Devo dizer que estou como o nosso caro comentador Rui Fonseca. Ora se o objectivo é pessoal e por isso definido individualmente por cada professor, o que o Pinho Cardão acabou de escrever não faz sentido, i.e. é contradiz o que escreveu inicialmente.
Cumprimentos,
Paulo
Caro Pinho Cardão:
Apesar desta sua última explicação estou convencido que ainda haverá quem não perceba e/ou finja não perceber:)
Caro tonibler:
"Estou-me nas tintas para o processo de avaliação"
Esta sua expressão é deveras significativa. Depois disto, nada mais há a dizer.
Caro Pinho Cardão,
O sucesso de uma escola tem de medir-se pelo sucesso do conjunto dos seus professores.
Se todos são mau menos um, e o resultado não pode deixar de ser péssimo, o professor bom não tem alternativa senão procurar emprego noutro local.
É o que acontece em qualquer lado. Se, por exemplo, numa loja um empregado é bom e todos os outros maus, antes que a loja vá à falência o melhor que o bom empregado quem de fazer é procurar outro emprego.
Mas tu sabes bem que estas coisas não se passam, normalmente, assim.
É por isso que os processos de avaliação que conheço, e de que fiz parte, envolvem uma estrutura hierárquica. Por isso mesmo, esta avaliação conta com os professores titulares.
Claro que é sempre difícil avaliar os outros. Mas não há alternativa. Vivi esse problema muito de perto.
O problema maior nestas coisas (é sempre o mesmo problema) é que todos dizem que sim, que muito bem, mas desta maneira não. Então, qual? Não sabem.
Caro Pinho Cardão: Este é mais um dos exemplos em que flagrantemente o PSD ganharia bastante se estivesse sossegado. Porque os professores estão completamente desabituados de organização e exigência. Andaram anos e anos em regime de autogestão.
Agora que aparece uma ministra a cortar-lhes as vazas, aqui-d´el-rei
que me matam!
O problema deles não é a avaliação,ou não é essa a razão principal. O que os atormenta é terem de fazer um número de horas a que não estavam habituados, a fazerem aulas de substituição, a não terem garantida a promoção automática, etc.
Caro Pinho: A ministra está a tentar acabar com muitas situações que são verdadeiros escândalos.
Até pode ser que caia um dia destes.
Nesse dia, voltará o ensino Portugal muitos anos atrás.
Salvo melhor opinião.
PS(D) - Não deixa de ser muito curioso que, quando todo o mundo se apoquenta com a crise, em Portugal os professores saem à rua porque não querem esta avaliação.
Nem nenhuma outra, evidentemente.
Amigo Fartinho,
V. diz:
"filho meu na escola pública NUNCA! Eu quero que o meu filho APRENDA para poder COMPETIR"
O que é contraditório com todo o seu outro discurso. Penso eu.
Mas também lhe digo que os meus filhos andaram ne escola pública, na universidade pública, e deram-se bastante bem.
Há boas escolas públicas, há bons professores na escola pública.
O que não pode continuar é um sistema que recompensa do mesmo modo o bom e o mau.
Caro Rui Fonseca,
essa sua última afirmação é uma falácia.
Bastará investigar como é a avaliação nos países «chamados» desenvolvidos. Terá aqui um exemplo http://sic.aeiou.pt/online/scripts/2007/videopopup2008.aspx?videoId={94CCD141-0CBF-40EB-826A-3243816C0ABF}
que é análogo a outros.
Este «nosso» modelo é importado do Chile (pelo método inovador do copy/paste)
E a crise mais grave não é a económica.
O pior de todas é a da ignorância, que arrasta consigo todas as outras.
Esta ministra não está a acabar com escândalos. Está a criá-los. Basta ver o «milagre» dos resultados de Matemática ou o desejo expresso de não haver reprovações (sem o que implica em custos económicos o apoio necessário aos «menos capazes» como se faz nos países europeus, apontados como referência)
É «fácil» acusar-nos. Muito mais difícil será analisar objectivamente o que se passa. Difícil e desinteressante, acredito.
Caro Rui Fonseca:
Contraditório, porquê?
Se o caro Rui Fonseca defende as políticas da 5 de Outubro defenda a escola pública de hoje, ou seja:
- uma escola onde os professores que em vez de estudarem e de preparem as suas aulas, produzem papelada inútil;
- uma escola onde os alunos em vez de estudarem, ameaçam os professores;
- uma escola onde os pais em vez de educarem os seus filhos, ameaçam os professores;
- uma escola onde um professor para colocar um aluno fora da sala de aula tem que preencher tanta papelada que desiste imediatamente da ideia;
- uma escola onde um professor que seja exigente é imediatamente chamado à atenção pela Lei, pelos colegas, pelo Conselho Executivo, pela DRE, pela Inspecção e até pelo Ministério;
- uma escola onde mais importante que leccionar conteúdos é entreter os alunos;
- etc.
Para ter uma breve ideia daquilo que se está a passar, basta ler o último Estatuto da Carreira Docente para verificar que as palavras: ENSINAR, APRENDER, ESTUDAR desapareceram do léxico.
É isto que quer? Então continue a defender a Ministra da Educação.
Eu quero mais, muito mais.
Eu quero uma escola, onde os professores ESTUDEM E ENSINEM, os alunos ESTUDEM E APRENDAM e os pais EDUQUEM os seus filhos.
É pedir muito? Em Portugal sem sombra de dúvida. Se os professores pedem aquilo que acabei de escrever, são imediatamente apelidados de chantagistas e agitadores, enfim!
Caro Fartinho,
O argumento da falta de tempo parece-me um argumento interessante tendo em atenção que há 8 alunos por professor e cerca de 27 por sala de aula (números OCDE), o que significa que, partindo do princípio que não temos vários professores na mesma aula, por cada professor que está a dar aulas há quase três que não o estão a fazer. Por isso virem-me falar que não têm tempo....
Caro tonibler:
Essa estatística é muito gira quando contada dessa forma. O tonibler quer dizer então que apenas 25% dos professores portugueses dão aulas. É isso o que quer dizer?
Então resolve-se já o problema: despedem-se 75% dos professores em Portugal e... está o problema resolvido.
Enfim...
Ai, a aritmética! Por momentos lembrei-me do Eng. Guterres...
Vamos lá fazer as contas:
No 1º Ciclo, cada professor tem 1 turma - rácio 25/1
No 2º, 3º Ciclo e Secundário cada turma tem entre 5 e 9 professores.
Será que uma vez que uma turma tem 28 alunos e, imaginemos, 9 professores, teremos um rácio de 3/1?
Se calhar...
enm,
Essa matemática está um espanto! Ora pense lá um bocadinho, schtoraa...
Fartinnho,
Se colocar o tempo de preparação, pode despedir 50%, sim. Como isso tem custos, pôem-se a fazer outras coisas. Mas se não querem, não querem, entreguem a carta.
Vou então pensar mais um bocadinho:
(estou sempre a tentar melhorar e aprender, Tonibler)
No 2.º, 3.º Ciclo e no Secundário cada turma de 28 alunos pode ter 9 professores. Assim, temos 3 alunos (aproximadamente) por cada professor.
Falta, claro, recordar que cada professor tem 3, 4, 5, 6, 7 ou 8 turmas (como acontece a quem lecciona disciplinas com poucas horas semanais)
Ou seja: o que eu gostava MESMO é que me explicasse como são feitas essas contas dos 8 alunos por professor.
Sabe?
Eu não. E já tentei informar-me.
Contam os professores destacados em autarquias, Ministério ou em outras funções?
Não sei.
É simples, emn.
É o número de alunos a quem eu pago a educação a dividir pelo número de professores que eu contribuinte pago como professores. O número faz parte do PISA 2006 bem como a indicação de termos a pior e, simultaneamente, mais cara educação da OCDE.
A questão das cadeiras é irrelevante, uma vez que as escolas não têm uma única turma, portanto é mera artimética. Claro que para um professor altamente qualificado do ensino público português a quem eu, cidadão, entrego o futuro dumas boas dezenas de crianças, isto pode ser um desafio matemático inatingível. O problema é mesmo esse! Mas, claro, nada que possa levar à ignomínia de ser ser avaliado por um professor de educação física ou coisa que o valha.
Mas o que é isso face aos 1,5 milhões de crianças que são lixadas no meio disto tudo? Não deixemos que os direitos de dois ou três professores de jeito, possam ser afectados com as preocupações das crianças.
Que o número faz parte do relatório do PISA, eu sei. Não sei é como foram os dados apurados. Quem os fornece é o ME.
E sim, claro, «as crianças são lixadas» pelos professores. É esse o seu grande objectivo e é nisso que investem. A culpa dos resultados que aparecem no PISA é dos professores.
Assim como a culpa da recessão ser dos economistas, empresários e bancários. Haverá talvez 2 ou 3 bons, os outros puseram-nos no estado em que estamos.
Está claro.
É mesmo fácil generalizar sem analisar. Simplex.
As respostas do caro Tonibler e do caro Rui Fonseca são deveras ilucidativas da ignorância arrogante e militante de quem tem atacado os professores portugueses.
Às dúvidas levantadas dizem... os professores não querem ser avaliados, os professores são culpados de tudo e um par de botas, os professores não fazem quase nada, os professores ganham muito, só vai para professor quem....
À observações levantadas afirmam... os professores não querem ser avaliados, os professores são culpados de tudo e um par de botas, os professores não fazem quase nada, os professores ganham muito, só vai para professor quem....
Qual a diferença entre a vossa cassete e a cassete do PCP?
Fartinho,
Não querendo afectar com isso a arrogância da minha ignorância, deixe-me explicar-lhe uma coisa. Eu, enquanto contribuinte e cidadão, tenho um ministério da educação, cuja responsável foi eleita depois de sufrágio livre, secreto e universal, para educação. Não é para professores, é para educação. Enquanto os professores servem para a educação, bom. Senão, PQP's!
A forma como são geridos os professores cabe ao responsável pelo ministério, mais uma vez nomeado após por sufrágio livre, secreto e universal. Quando os professores recusam essa gestão, independentemente dos méritos ou deméritos dessa recusa, nós (cidadãos e contribuintes) não temos forma alternativa de gerir professores. Portanto, ou recusam essa gestão porque os resultados que obtêm são muito bons e querem entrar em autogestão ou nós temos que os colocar sob gestão. Agora, ou essa gestão fica no ministério da educação ou privatiza-se essa gestão. Como os professores sempre recusaram essa gestão, desde os primórdios dos tempos, resta-nos rescindir os contratos e entregá-los todos à gestão privada, ficando o estado a gerir apenas os resultados.
É que do outro lado estão 1,5 milhões de crianças cuja vida é claramente afectada por isto e em função das quais me estou profundamente a defecar para os professores todos. Fui claro?
emn,
Análise- posição no PISA : fundo; custos: topo. Conclusão, os professores são globalmente maus porque o problema não está no dinheiro (infrestruturas, condições, livros, ...). Não querem generalizações? E juntam 120 mil numa manifestação?
Os professores são globalmente maus porque não conseguem que os alunos aprendam. Os empresários são globalmente maus porque não conseguem que os empregados produzam.
E os pais também são globalmente maus, porque não conseguem que os filhos tenham educação.
Caro Tonibler.
A sua ignorância arrogante e militante é reforçada nesta sua passagem deveras elucidativa:
"Eu, enquanto contribuinte e cidadão, tenho um ministério da educação, cuja responsável foi eleita depois de sufrágio livre, secreto e universal, para educação."
Sabe com quantos votos foi eleita a Exma Senhora Ministra da Educação? Com ZERO votos. Percebeu?
Já agora, quanto o caro Tonibler vota para a Assembleia da República você vota em deputados, que supostamente e deveriam representar e não apenas ao partido, apenas e só! Você não vota em Ministros.
Aqui fica mais ignorância arrogante militante:
"A forma como são geridos os professores cabe ao responsável pelo ministério, mais uma vez nomeado após por sufrágio livre, secreto e universal."
Esta sua expressão, além de revelar a típica ignorância arrogante militante, revela ainda um profundo mal estar por verificar que TODOS os seus argumentos são rápida e facilmente desmontados por um antigo professor do sector público:
"É que do outro lado estão 1,5 milhões de crianças cuja vida é claramente afectada por isto e em função das quais me estou profundamente a defecar para os professores todos. Fui claro?"
Conclusão:
Antes de atirar contra tudo e contra quase todos, faça um favor a si mesmo ESTUDE. É um conselho de alguém que gostaria imenso de um dia viver num país europeu de FACTO.
Desculpem as gralhas, mas quando alguém afirma que: "me estou profundamente a defecar para os professores todos", fico especialmente nervoso e deveras aborrecido.
Triste país que tão mal trata os seus professores...
Para quem tem dúvidas, vale a pena ler esta carta de uma Professora! O que se passa nas escolas está lá bem descrito. De uma maneira objectiva e real: essa é que é a verdade.
http://sinistraministra.blogspot.com/2008/10/culpa-toda-sua-sr-ministra.html
Em primeiro lugar, eu, como professor, não assinei qualquer entendimento com o Ministério da Educação. Fizeram-no os Sindicatos sem perguntarem qual era a opinião dos professores. Os mesmos Sindicatos que foram a reboque da luta espontânea dos professores, tanto a 8 de Março como a 8 de Novembro.
Quanto ao resto, também sou contra esta avaliação porque, se quero ter uma boa nota, sou obrigado a dar boas notas aos meus alunos.
E se por acaso viver no interior ou em zonas problemáticas e tiver o azar de os meus alunos emigrarem com os pais ou, simplesmente, abandonarem a escola para ir trabalhar, lá se vai a minha avaliação.
Tudo isto está errado de início, a começar pelo novo Estatuto da Carreira Docente. Os professores avaliadores são os titulares. Mas quem chegou a titular conseguiu-o com base nos cargos ocupados nos últimos sete anos. E os anos que estão para trás, não contam? E a experiência de décadas? Por que razão é que tenho de ser avaliado por quem está muito abaixo de mim?
Por último, este Governo, no que toca à educação, não pára de falar do exemplo finlandês. Bastaria falar no ambicionado fim dos chumbos. Então por que razão, no que toca à avaliação dos professores, foram copiar o sistema do Chile, embora mais burocrático ainda???
Por que não copiam o sistema de avaliação de professores de um país desenvolvido?
Em primeiro lugar, eu, como professor, não assinei qualquer entendimento com o Ministério da Educação. Fizeram-no os Sindicatos sem perguntarem qual era a opinião dos professores. Os mesmos Sindicatos que foram a reboque da luta espontânea dos professores, tanto a 8 de Março como a 8 de Novembro.
Quanto ao resto, também sou contra esta avaliação porque, se quero ter uma boa nota, sou obrigado a dar boas notas aos meus alunos.
E se por acaso viver no interior ou em zonas problemáticas e tiver o azar de os meus alunos emigrarem com os pais ou, simplesmente, abandonarem a escola para ir trabalhar, lá se vai a minha avaliação.
Tudo isto está errado de início, a começar pelo novo Estatuto da Carreira Docente. Os professores avaliadores são os titulares. Mas quem chegou a titular conseguiu-o com base nos cargos ocupados nos últimos sete anos. E os anos que estão para trás, não contam? E a experiência de décadas? Por que razão é que tenho de ser avaliado por quem está muito abaixo de mim?
Por último, este Governo, no que toca à educação, não pára de falar do exemplo finlandês. Bastaria falar no ambicionado fim dos chumbos. Então por que razão, no que toca à avaliação dos professores, foram copiar o sistema do Chile, embora mais burocrático ainda???
Por que não copiam o sistema de avaliação de professores de um país desenvolvido?
O estudo da UNESCO sobre a avaliação do desempenho dos professores conclui
"Riesgos de la evaluación del desempeno docente: es altamente costosa si se hace con unos criterios mínimos de calidad; determina la forma de actuar de los docentes; si no es consensuada puede derivar en problemas en suaplicación; si no es transparente y técnicamente impecable, puede generar problemas de falta de credibilidad; es necesario contar con un número muy importante de evaluadores bien formados."
Passemos por cima dos custos. Os professores vão actuar de forma a parecer que têm sucesso, quer tenham, quer não tenham. Como não é consensual, há problemas na sua aplicação. Como não é transparente, nem tecnicamente impecável, não tem credibilidade. Não há avaliadores bem formados.
O mesmo estudo afirma ainda:
"Es necesario crear una imagen constructiva de la evaluación, difundindo el planteamiento de que está a favor del profesor y su actuación profesional: pasar de un enfoque burocrático a otro mas profesional; necesidad imperuiosa de consenso.
Enfoque de calidad: validez y fiabilidad, credibilidad y utilidad, transparencia y equidad; explicitar el modelo teórico sobre el que se sustenta.
Relacionar la evaluación del docente con la evaluación de la escuela.
Hacer que la evaluación se convierta en mejora."
Pelo que se vê, o governo faz tábua rasa de tudo o que é recomendável na avaliação do desempenho dos professores.
Caro Arnaldo Madureira:
Também me parece.
Acontece que os porta-vozes dos professores ou têm sido completamente inábeis na transmissão das causas do descontentamento ou a comunicação social trunca as suas mensagens.
Por mim, aprendi mais em apenas 5 minutos na conversa com a professora que deu origem ao post do que em tudo o que ouvi dos sindicalistas.
Sei que a blogosfera é um espaço de liberdade (ainda bem), em que (quase) tudo é legítimo que se escreva. Mas dissertar sobre jurisprudência ou organização judicial, medicina ou gestão hospitalar, betão ou estruturas, sem ter lido os manuais... desculpem-me, mas é naturalíssimo que se não consiga compreender nada! Porque razão haveremos de ser todos mestres de escola, sem o sermos, de facto?! Não é difícil perceber que talvez fosse bom, se desejarmos ter uma compreensão adequada do problema político-educativo profundo que este governo está a criar -- pelos vistos, sem muito boa gente disso se aperceber --, consultar alguma (pois ainda é muita, é) legislação disparada nos últimos três anos e, pelo menos, um ou outro livrito de filosofia (ai o que é que eu fui dizer, estamos em Portugal -- Filosofia?!!) da educação. Seria esclarecedor, rejuvenescedor!
O pior que pode acontecer é precisamente não avançarmos entretanto com um modelo moderno, mas bem pensado, de avaliação de desempenho (peça essencial para o aperfeiçoamento do sistema de ensino), justamente por causa da desinformação geral e da teimosia política do governo em particular. Pois serão precisamente os alunos que não poderão escapar à escola pública (os mais desfavorecidos), que sofrerão as mais duradouras e contundentes consequências, não os professores!
Ainda em relação às quotas na avaliação dos professores, já decidi também que vou estabelecer as mesmas quotas para os meus alunos.
Assim sendo, em cada turma, só um aluno é que pode ter nível 5; dois alunos podem ter nível 4; já o nível 3 não tem limites.
É justo, não é?
http://ec.europa.eu./education/programmes/socrates/ects/index_en.html
The performance of the student is documented by a local/national grade. It is good practice to add an ECTS grade, in particular in case of credit transfer. The ECTS grading scale ranks the students on a statistical basis. Therefore, statistical data on student performance is a prerequisite for applying the ECTS grading system. Grades are assigned among students with a pass grade as follows:
A best 10%
B next 25%
C next 30%
D next 25%
E next 10%
A distinction is made between the grades FX and F that are used for unsuccessful students. FX means: “fail- some more work required to pass” and F means: “fail – considerable further work required”. The inclusion of failure rates in the Transcript of Records is optional.
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