Por muito que custe a jornalistas e a políticos, a comunicação social não é assim tão poderosa e decisiva para fazer ganhar ou perder eleições. Ganham-se eleições, com a comunicação social contra e perdem-se eleições com a comunicação social a favor.
Assim sendo, a comunicação social deveria, ela própria, relativizar o seu poder de influência. Se considerasse que a real importância desse poder era bem mais modesta do que crê, estava a valorar autênticos critérios jornalísticos, evitando notícias meramente propagandísticas e procurando, sempre e sempre, o maior rigor na informação. ´
Como muitas vezes não o faz, vem-se amontoando cada vez mais o lixo informativo, desqualificando o seu objecto e dando azo a todos os protestos.
Manuela Ferreira Leite queixou-se, e bem, a meu ver, de ser negativamente discriminada na comunicação social, nomeadamente no canal público. Discriminação, aliás, tão manifesta que não necessita de demonstração, mas que suscitou uma imediata reprovação de muitos sectores da corporação. Entre outros casos, vi hoje que um jornal diário foi colher depoimentos de inimigos pessoais de Ferreira Leite, num caso, e adversários políticos, noutro, para contraditar a líder do PSD.
A democracia faz-se da pluralidade de pensamentos e de opiniões. Mas não há democracia se esta pluralidade não se puder manifestar de forma correcta. Para favorecer e permitir essa manifestação, a Europa vem sustentando serviços públicos de rádio e televisão. Portugal, os seus cidadãos e contribuintes, também. Lamentavelmente, rádio e televisão públicas são quem mais razão dá às queixas de Ferreira Leite. Contra o seu estatuto e finalidades. Por isso, a sua informação é criticável, porque grosseiramente nega a simples e única razão da sua existência. Enganam-se os seus autores, vendedores de banha da cobra, se pensam que tal atitude vai fazer ganhar ou perder eleições. Não, que os cidadãos, em geral, não são tão pacóvios como os autores morais ou materiais das notícias!...
Assim sendo, a comunicação social deveria, ela própria, relativizar o seu poder de influência. Se considerasse que a real importância desse poder era bem mais modesta do que crê, estava a valorar autênticos critérios jornalísticos, evitando notícias meramente propagandísticas e procurando, sempre e sempre, o maior rigor na informação. ´
Como muitas vezes não o faz, vem-se amontoando cada vez mais o lixo informativo, desqualificando o seu objecto e dando azo a todos os protestos.
Manuela Ferreira Leite queixou-se, e bem, a meu ver, de ser negativamente discriminada na comunicação social, nomeadamente no canal público. Discriminação, aliás, tão manifesta que não necessita de demonstração, mas que suscitou uma imediata reprovação de muitos sectores da corporação. Entre outros casos, vi hoje que um jornal diário foi colher depoimentos de inimigos pessoais de Ferreira Leite, num caso, e adversários políticos, noutro, para contraditar a líder do PSD.
A democracia faz-se da pluralidade de pensamentos e de opiniões. Mas não há democracia se esta pluralidade não se puder manifestar de forma correcta. Para favorecer e permitir essa manifestação, a Europa vem sustentando serviços públicos de rádio e televisão. Portugal, os seus cidadãos e contribuintes, também. Lamentavelmente, rádio e televisão públicas são quem mais razão dá às queixas de Ferreira Leite. Contra o seu estatuto e finalidades. Por isso, a sua informação é criticável, porque grosseiramente nega a simples e única razão da sua existência. Enganam-se os seus autores, vendedores de banha da cobra, se pensam que tal atitude vai fazer ganhar ou perder eleições. Não, que os cidadãos, em geral, não são tão pacóvios como os autores morais ou materiais das notícias!...
14 comentários:
Caro Dr. P.C.,
Permita-me que aprimore o primeiro paragrafo do seu post, acrescentando que: alguma comunicação social consegue ser suficientemente poderosa e decisiva para fazer ganhar ou perder eleições e que, algumas eleições são ganhas, com alguma comunicação social contra e são perdidas outras, porque "aquela" comunicação social não estava a favor.
Relativamente à oportunidade da "queixa" que a Drª M.F.L. apresentou públicamente, não restaram dúvidas, tal como afirma, caro Dr., tão evidentes que não necessitam de qualquer demonstração.
Contudo, creio que a Drª. M.F.L., não fez desse incidente e muito bem em minha opinião, cavalo de batalha. Limitou-se a ssinalar os factos com algum detalhe, com frontalidade e clareza. Foi um momento importante, mas que a Drª. Ferreira Leite, sabe de certeza que tem o peso que tem e não mais do que isso. Aquilo que ela fez muitíssimo bem no meu ponto de vista, foi aproveitar os momentos em que pôde demonstrar inequivocamente o seu propósito e a sua atitude, não empolando demasiadamente, como talvez fosse esperado em alguns sectores aquilo que só por si é mais que evidente e basta que seja assinalado na altura e locais próprios.
"os cidadãos, em geral, não são tão pacóvios como os autores morais ou materiais das notícias!"
Se é assim (e eu concordo que não se deve tratar o cidadão como inconsciente ou infantil), qual o objectivo das queixas de MFL? O que ganha ela com isso em termos de eficácia da comunicação das propostas políticas que era suposto fazer (mas não faz, para que o PS não copie, apesar de Portugal precisar urgentemente delas...)?
A comunicação social que vamos tendo deixa-me em completo e absoluto estado de nervos.
Um amigo de longa data monta e vende computadores pessoais, servidores, portáteis e ultraportáteis e está em pânico uma vez que perdeu mais de metade do seu volume habitual de vendas desde que começou a publicidade ao conhecido ultraportátil "Magalhães".
A comunicação social ainda não fez praticamente qualquer trabalho sobre esta evidente publicidade paga com o dinheiro dos contribuintes à empresa que monta o dito ultraportátil.
Desta forma, pouca gente se apercebe dos efeitos nefastos que a propaganda do Primeiro Ministro está a fazer aos concorrentes da empresa publicitada.
Este é um dos MUITOS casos, imagine caro Pinho Cardão se em vez de José Pinto de Sousa fosse José Durão Barroso o Primeiro Ministro de Portugal! Já tinham acontecido debates em cima de debates, aberturas de telejornais uns atrás dos outros, o Presidente da República já tinha chamado a São Bento os concorrentes da referida empresa, toda a comunicação social escrita tinha estampada na 1ª página durantes semanas fotografias do Primeiro Ministro a publicitar o computador na Cimeira Ibero-Americana, etc., etc.
E assim vai o nosso país...
Caro TAF:
Pergunta qual o objectivo das queixas de MFL e o que ganha ela com isso em termos de eficácia da comunicação das propostas políticas.
A Drª MFL tem todo o direito de denunciar a situação, se vê que as suas palavras são ignoradas ou passadas para o fim de todos os alinhamentos, ou tratadas de forma grosseira, como tantas vezes vem acontecendo.
Mas, para além do direito, também tem o dever de denunciar a situação, chamando a atenção para os desvios do serviço público. Se todos o pagamos, deve estar ao serviço de todos e não só de alguns, nomeadamente do Governo.
Mesmo que isso lhe traga a animosidade desse serviço, tem o dever de o fazer. É uma questão cívica e de cidadania, antes de ser uma questão partidária.
Caro Fartinho:
Estou, por completo, de acordo consigo. De facto, a publicidade obsessiva, massiva e gratuita ao Magalhães configura uma das maiores fraudes à livre concorrência de que há memória, com a agravante de ser dinamizada pelo próprio Governo.
E bom seria que os juristas se pronunciassem sobre se não se traduz num crime de locupletamento à custa alheia (à custa de concorrentes e dos cidadãos que vêem a RTP substituir publicidade, que devia ser paga, por informação, que é gratuita) ou de enriquecimento sem causa.
Caro Bartolomeu:
Distinções de bom observador...mas, se tem alguma razão, não lha posso dar na totalidade...
"se vê que as suas palavras são ignoradas"
Pois, mas quais palavras? Eu, que sou militante do PSD (muito longe do estilo Menezes, já agora ;-) ), gostava de conhecer as propostas, mas ela não as quer divulgar para não serem copiadas... Se não diz nada de concreto, que destaque pode esperar dos media?
Tempestade num copo de água. Se a comunicação social anteriormente filtrou notícias respeitantes a MF Leite, a denúncia que ela fez perante a mesma comunicação social acabou por lhe dar a visibilidade que pretendia.
O problema de MF leite é que tem um estilo desagradável, fechado e, verdadeiramente, não diz nada de relevante. O interesse que desperta no grande público e, principalmente, nos eleitores, está à vista nas sondagens.
Ao fim e ao cabo, para que diabo interessa um candidato a primeiro ministro, que pode ter muita razão, mas que não sabe comunicá-la? Enfim, com MF Leite o desastre do PSD vai ser total.
O dramático desta questão é que, e disso estou convencido porque já fui militante do PSD e trabalhei bastante no Gabinete de Estudos, a Dra MF Leite não tem “bagagem” para além da contabiliddae pública. Por isso é incapaz de se pronunciar acerca de qualquer outra matéria. E, infelizmente, não está rodeada das pessoas mais indicadas.
Puxando a brasa à minha sardinha (sou engenheiro) digam-me lá, se fazem favor, quantos e quais são os engenheiros que rodeiam MF Leite? Arrisco uma resposta : zero.
Como é que a senhora consegue pronunciar-se sobre questões da actualidade com uma forte componente técnica e tecnológica ? E então sobre a Energia, um vector da administração pública que cada vez tem e terá mais importância na sociedade?
Para azar dela, do PSD e do país, as áreas técnicas e tecnológicas são aquelas em que um líder do PSD mais facilmente poderia bater Sócrates, uma vez que nem ele nem os ministros Lino & Pino, dominam lá muito bem estas matérias.
Caros TAF e Jorge Oliveira:
A questão não é o mérito ou o demérito de Manuela Ferreira Leite para Presidente do PSD e a questão não é também a qualidade da mensagem. Cada um de nós julgará por si.
Mas, para julgar, tem que a conhecer. E só a conhece, se for divulgada.
A questão também não é a raridade ou frequência da mensage. Ou tem que se falar muito e todos os dias e todas as horas para aquilo que se diz ter interesse e, sobretudo, suscitar o interesse dos media?
A questão é totalmente outra.
A comunicação social tem deveres éticos e deontológicos e a comunicação social pública tem que estar ao serviço de todos, e não ao serviço de alguns ou de donos de ocasião.
E, seja boa ou má a mensagem, a mensagem de qualquer Presidente do PSD, segundo ou primeiro partido português, tem que ser difundida de forma séria e não ignorada ou, o que é pior, não pode ser difundida à socapa, em qualquer lugar escuso e esconso de um telejornal.
Quando as repititivas mensagens de outros intervenientes políticos têm diariamente lugar ao sol nos media e, nomeadamente, na rádio e televisão que todos pagamos.
Este contraste é que faz a questão.
Caro Pinho Cardão, a comunicação social tem obrigação de noticiar aquilo que considera ser notícia. Eu, depois de ouvir o que MFL tem dito (mesmo que por hipótese mal divulgado, mas indo eu à procura), não encontro notícia para divulgar. O problema é esse: não há nada para noticiar. Aliás, ela própria o confirma quando se nega a apresentar propostas para evitar cópias. "Estou aqui para dizer que não digo". Isto é notícia?
"E, seja boa ou má a mensagem, a mensagem de qualquer Presidente do PSD, segundo ou primeiro partido português, tem que ser difundida"
Discordo completamente, mesmo sendo militante do PSD! O critério não é saber se é boa ou má, de facto, mas se é notícia ou não. Se a líder do PSD repetir 30 vezes o mesmo discurso em 30 ocasiões diferentes, um jornalista consciente e competente faz provavelmente apenas 2 notícias: a primeira relata a mensagem, salientando os aspectos de novidade; a segunda informa que houve 29 discursos iguais. ;-)
Caro TAF:
A questão é que nem todos, sejam militantes, simpatizantes ou não simpatizantes, pensam como o meu amigo.
E têm direito a julgar por si próprios.
Caro Pinho Cardão, por essa ordem de ideias os jornalistas deveriam publicar tudo, mas absolutamente tudo, o que os líderes do PS e do PSD dissessem, sem qualquer selecção!
Só que nem é esse o papel dos jornalistas, nem estamos a falar de tempos de antena. Neste caso concreto não vejo nem razão nem vantagem nas queixas do PSD.
Nem tanto ao mar, nem tanto à terra, caro TAF. Já diziam os latinos: in medio, virtus,no meio está a virtude.
E entre tudo e nada, está alguma coisa!...
E entre o princípio do telejornal, em que muitos vêem e o fim que poucos alcançam, há o primeiro quartil e o último quartil.
Uns têm o exclusivo do primeiro, outros a tolerância do último, quando têm.
Foi boa a discussão!...
MFL: Descriminação ou falta de jeito?
Ver tambem:
Dona Manuela ao prime-time, já: mete polícias palhaços e patos da Justiça
Cara presença das formigas:
Em programas de informação, a comunicação social não tem que julgar nem estética, nem falta de jeito. Faça-o em programas de opinião.
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