Always (Bryan Adams)
I swear to you
I swear to you
I will always be there for you
There’s nothing I won’t do
I promise you
I promise you
All my life I will live for you
We will make it through
Forever we will be together
Forever we will be together
You and me
Oh, when I hold you
Nothing can compare
With all of my heart
You know I’ll always be
Right there
I believe in us
I believe in us
Nothing else could ever mean so much
You’re the one I trust
Our time has come
Our time has come
We’re not two people now
We are one
Yeah, you’re second to none
Forever we will be together
Forever we will be together
Family
The more I get to know you
Nothing can compare
With all of my heart you know
I’ll beright there
Forever we will be together
Forever we will be together
Just you and me
The more I get to know you
The more I really care
With all of my heart
You know I’ll always be
You know I really love you
You know I really love you
Nothing can compare
For all of my life you know
I’ll always be right there
Ela contou-lhe como era a sua vida de todos os dias, o trabalho, os filhos, o casamento estável de quase vinte anos. Falou-lhe de uma felicidade serena, embora reconhecesse de vez em quando aquele ímpeto de quebrar amarras, de se atrever a outros horizontes, ir para fora, ou iniciar uma actividade diferente, no campos das artes, para que era dotada, ou num activismo qualquer que exigisse emoção e entrega.
Ele ouviu-a atento, decifrando a língua estranha que se reflectia num forte acento no inglês. Ouvia-a como se quisesse entrar naquele mundo desconhecido de uma vida regular, família estável, rotinas bem claras. Ele, viajante permanente, homem sem lastro nem casa de família, um filho tão distante quanto o primeiro divórcio, profissional brilhante e reconhecido, ouvia-a contar e por momentos sentiu nostalgia da vida tranquila que não tinha querido fundar. Mas depois lembrou-se das paixões acesas que tinha vivido, das mudanças de casa, quantas vezes de país, para tentar de novo, não podia viver sem aquela procura permanente, quando se sentia na nova casa, a mulher conquistada a seu lado, o dia a dia a instalar-se, não aguentava. O arrebatamento que o cegara dava lugar primeiro à indiferença, depois a um tédio profundo que ele suportava a custo, até de novo se deixar encadear por nova conquista, por outra paixão. Assim fora toda a sua vida e agora, já passados os quarenta anos, agora que tinha casado outra vez e se preparava para recuperar o filho e estabilizar, via o futuro antecipado naquele relato de quem sabia que, como sempre, haveria alguém a esperá-la no aeroporto, com um sorriso, para recuperar a rotina brevemente suspensa. Foi isso que imaginou e rebelou-se.
- Com um sorriso não, - interrompeu ele bruscamente, surpreendendo-a -, eu quero abraços apertados, ansiosos, eu não posso viver sem paixão. Como podes tu viver sem paixão?
E ela parou de falar, interpelada por aquela impaciência e sentiu uma estranha insegurança antes de responder. Viver sem paixão? Talvez. Mas então como chamar à vida partilhada muitos anos, como chamar àquela confiança que era amizade, ternura, exigência e entendimento, como chamar àquela linguagem secreta que dispensava palavras, àquele reconhecer sem ter que olhar? Como interpretar a memória conjunta que uniu juventude e maturidade, que incluía o crescimento dos filhos, os projectos, os riscos, os sucessos e as desilusões, as mudanças de casa e de emprego, a morte dos pais, a doença e a saúde? Num relance reviu a sua vida e respondeu-lhe:
- E tu, alguma vez chegaste a amar alguém?
Ela contou-lhe como era a sua vida de todos os dias, o trabalho, os filhos, o casamento estável de quase vinte anos. Falou-lhe de uma felicidade serena, embora reconhecesse de vez em quando aquele ímpeto de quebrar amarras, de se atrever a outros horizontes, ir para fora, ou iniciar uma actividade diferente, no campos das artes, para que era dotada, ou num activismo qualquer que exigisse emoção e entrega.
Ele ouviu-a atento, decifrando a língua estranha que se reflectia num forte acento no inglês. Ouvia-a como se quisesse entrar naquele mundo desconhecido de uma vida regular, família estável, rotinas bem claras. Ele, viajante permanente, homem sem lastro nem casa de família, um filho tão distante quanto o primeiro divórcio, profissional brilhante e reconhecido, ouvia-a contar e por momentos sentiu nostalgia da vida tranquila que não tinha querido fundar. Mas depois lembrou-se das paixões acesas que tinha vivido, das mudanças de casa, quantas vezes de país, para tentar de novo, não podia viver sem aquela procura permanente, quando se sentia na nova casa, a mulher conquistada a seu lado, o dia a dia a instalar-se, não aguentava. O arrebatamento que o cegara dava lugar primeiro à indiferença, depois a um tédio profundo que ele suportava a custo, até de novo se deixar encadear por nova conquista, por outra paixão. Assim fora toda a sua vida e agora, já passados os quarenta anos, agora que tinha casado outra vez e se preparava para recuperar o filho e estabilizar, via o futuro antecipado naquele relato de quem sabia que, como sempre, haveria alguém a esperá-la no aeroporto, com um sorriso, para recuperar a rotina brevemente suspensa. Foi isso que imaginou e rebelou-se.
- Com um sorriso não, - interrompeu ele bruscamente, surpreendendo-a -, eu quero abraços apertados, ansiosos, eu não posso viver sem paixão. Como podes tu viver sem paixão?
E ela parou de falar, interpelada por aquela impaciência e sentiu uma estranha insegurança antes de responder. Viver sem paixão? Talvez. Mas então como chamar à vida partilhada muitos anos, como chamar àquela confiança que era amizade, ternura, exigência e entendimento, como chamar àquela linguagem secreta que dispensava palavras, àquele reconhecer sem ter que olhar? Como interpretar a memória conjunta que uniu juventude e maturidade, que incluía o crescimento dos filhos, os projectos, os riscos, os sucessos e as desilusões, as mudanças de casa e de emprego, a morte dos pais, a doença e a saúde? Num relance reviu a sua vida e respondeu-lhe:
- E tu, alguma vez chegaste a amar alguém?
4 comentários:
É sempre com muito prazer que leio os seus textos.
Os meus cumprimentos.
Cara Dra. Suzana Toscano:
Um belíssimo texto (presumo de ficção), bastante introspectivo, que me obriga a mais de uma leitura atenta, e depois, no fim, sempre a mesma sensação desconfortável de um déjà vu, como se fosse a revelação da intimidade, ou do desassossego, de alguém nosso conhecido...
«...For all of my life you know
I’ll always be right there.»
Vimos "equipados" com dois "defeitos" de origem: um, prometermos que seja para toda a vida, o outro, não conseguimos manter a promessa.
Como canta uma rapariga inglesa que não consigo recordar-me do nome «disseste-me que seria para toda a vida e, que eu saiba, ainda não morreste».
Por isso, não entendo porque motivo se preocupa tanto o governo reeleito e alguma oposição, em legalizar certas "versões" de matrimónio. Bom, mas isso é outra música.
A questão, prende-se a meu ver com algo mais... invisível, algo menos equacionável.
No (seu) Rigoletto, Giuseppe Verdi, mandou o Duque de Mantua cantar:
La donna è mobile qual piuma al vento,
muta d'accento e di pensiero.
Sempre un amabile leggiadro viso,
in pianto o in riso, è menzognero.
La donna è mobil qual piuma al vento,
muta d'acc...ento e di pensier, e di pensier,
e... e di pensier.
È sempre misero chi a lei s'affida,
chi le confida mal cauto il core!
Pur mai non sentesi felice appieno,
chi su quel seno non liba amore!
La donna è mobil qual piuma al vento,
muta d'acc...ento e di pensier, e di pensier,
Quando afinal... o Duque não era menos inconstante...
É assim essência humana. A grande arte, consiste em articular unindo, e não, em apontar, dividindo.
;)
cara catarina, prazer é ter estes leitores!
Caro jotac, o diálogo é real e, depois de o ter ouvido, há vários anos, já o vi repetido de várias formas por pessoas muito diferentes, tantas quantas as que vivem essa inquietação permanente de não se deixarem acomodar no amolecimento dos sentimentos ou das situações e se interrogam sobre eles para lhes descobrir um sentido sempre renovado.Ou para mudarem, se se esgotaram, mas sem cederem à facilidade do instante e a fragilidade das emoções passageiras.
Caro bartolomeu,a brincar, a brincar, vai falando de coisas sérias!A essência humana, no entanto, não passa sem sentimentos e afectos profundos, mesmo que precise de paixões para progredir e ultrapassar as suas capacidades, é como diz, articular unindo e não dividindo.
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