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sábado, 3 de outubro de 2009

Esmiuçar um triste fenómeno

Miguel Sousa Tavares escreve hoje no ´Expresso´sobre o que qualifica de "espectáculo inédito". Os candidatos às presidências das principais autarquias, como antes os líderes e figuras proeminentes da política com mais ou menos ambições de ser ou voltar a ser importantes na vida pública, não souberam dizer não ao convite dos ´Gato Fedorento´ para se fazerem engraçados às mãos de (inteligentes) humoristas, exibindo-se ao País assim, em ambiente circense, procurando defender-se do ridículo lançado sobre si próprios.
Tenho ouvido e lido que a melhor informação sobre a real personalidade dos políticos foi obtida ali. Pergunta por isso - e bem - MST, se a informação maior está agora a cargo de humoristas qual o futuro que espera os jornalistas - contar anedotas? Alguns - cínicos? -, dirão que há muito tempo que boa parte dos profissionais da comunicação social o faz, tragicamente.
E sobre os políticos - sem qualquer dose de cinismo? -, dirão que alguns não precisam de fazer a triste figura que fazem no programa (onde são caricaturados e implacavelmente gozados) para que o Povo se ria deles. O Povo há muito que o faz...

12 comentários:

Bartolomeu disse...

É verdade, caro Dr. Ferreira de Almeida, o Povo caricatura sempre, goza com tudo e todos, mas pede-lhes beijos e abraços quando aquelas personalidades os "visitam" para lhes pedir o voto, prometendo-lhes cínicamente que da próxima farão melhor.
Neste país adiado, deixa-se sempre para amanhã, aquilo que se deveria fazer hoje. Deixam os autarcas e deixam os munícipes.
Pelo meio surgem estes efémeros "fenómenos" que, passado o "estado de graça" catrapumba, têm de se dedicar à pesca.
Não se compreende (e já aqui o tinha dito anteriormente) porque raio entenderam os candidatos ao governo e agora os candidatos às câmaras, submeter-se a uma entrevista, que sabem de antemão, irá, apesar de numa forma "humorística", pôr-lhes o rabo à mostra, o rabo não, o cu, diz o meu pai que rabo têm os animais, ele la sabe, que anda neste mundo ha oitenta e três anos, uns quantos a mais que eu.

António Transtagano disse...

Notável o sentido crítico de MST, na edição de hoje do Expresso!
Todo o artigo, de resto, apela à nossa inteligência, que foi gravemente insultada na passada terça-feira!

jotaC disse...

Caro Drº Ferreira de Almeida:
Não li a notícia a que V. Exa. se reporta, mas compreendo muito bem as interrogações de MST aqui transcritas, e sobre elas gostaria de emitir a minha singela opinião, assim:
Em primeiro lugar, MST comete, a meu ver, um erro ao comparar o jornalismo (refiro-me ao jornalismo clássico) com episódios televisivos feitos por humoristas - “inteligentes”;
Em segundo lugar, as personalidades convidadas sabem de antemão que vão ser sujeitas a entrevistas de cunho humorístico carregadas de subtileza, cuja trama é, essencialmente, a exploração das suas próprias “fragilidades”, das suas particularidades pessoais, das suas contradições políticas, e outras. Cientes das regras, aceitam participar;
Em terceiro lugar, as personalidades mais conhecidas da política Nacional colaboraram com os humoristas e, que eu saiba, não foi o seu desempenho pessoal nas ditas entrevistas determinante para os bons e maus resultados eleitorais.
Em quarto e último lugar, confinar a valoração de um político pelo bom ou mau desempenho num programa televisivo desta natureza, convenhamos que é um pouco excessivo…
Posto isto, não compreendo muito bem a preocupação do MST!

Tonibler disse...

Caro JMFA,

Sem ter lido o que escreveu MST (normalmente evito-o), o facto é que o "esmiuçar" com Manuela F Leite teve mais pessoas a ver que aquelas que foram votar nas eleições europeias. Esse é o objectivo de uma campanha, põr a pessoa que quer ser votada em frente do votante. Se para isso há que deitar fora os jornalistas do costume (que grande perda, como sobreviveremos?...), deite-se. Aliás, os humoristas não substituíram os jornalistas porque me pareceram bastante imparciais e com uma cultura razoável sobre o que perguntavam, coisa que não acontece com jornalistas há 30 anos. Mais, nem me pareceu que fossem ridicularizados, ninguém foi lá falar de gamelas, de escutas ou coisa parecida e até teve oportunidade de se defenderem daquilo que os adversários repetem muitas vezes.

Por isso, que se lixem os jornalistas.

Anónimo disse...

Meus caros Amigos, se é como escrevem, então é de ficar mais preocupado ainda.
Quando se confirma por esta amostra que os ilustres convidados dos ´Gato´ sabiam ao que iam e aceitaram; quando também aqui se opina que é muito melhor o retrato dos políticos saído daquele programa do que os media deveriam saber transmitir; quando se entende que o valor das pessoas que se apresentam a conduzir os destinos de um País ou das nossas cidades é proporcional à piada, ao "espírito" ou - como também ouvi - ao "fair play" demonstrados, então está tudo dito...

Tonibler disse...

Não concordo, caro JMFA, isto só é preocupante para os jornalistas, no sentido que o espaço de agenda começa a valer muito menos no mercado da trafulhice.
No resto, todos os temas que vi (não vi assim tantos, por isso admito que não tenha sido sempre assim) eram temas sérios e as respostas foram sempre levadas a sério. Claro que quem diz que o casamento é para ter filhos ou acaba com um telejornal que lhe é hostil, é natural que leve na cara e com gargalhadas à mistura. Mas quem começou a palhaçada, nesse caso, foi o próprio.

Anónimo disse...

Apesar de dizer que não concorda, não me tira razão meu caro Tonibler. Só ma dá e reforça. Se ler bem o que escrevi vai ver que é assim...

António Transtagano disse...

Caro Tonibler (00:17)

Fez bem em não ler o MST e em evitá-lo ler. Podia ter um desmaio!
De resto, como dizia Fernando Pessoa (poema Liberdade), "ler é maçada"! E todos sabemos que há quem, não lendo os jornais e raramente tendo dúvidas, chegou onde chegou!

Tonibler disse...

Caro JMFA,

Como dizia que é de ficar preocupado...

jotaC disse...

Caro Drº Ferreira de Almeida:
Tal como o caro tonibler, também não concordo. Não vi todos os programas, mas, os que vi (Sócrates, MFL, Louçã Jerónimo e Paulo Portas) gostei; e não me apercebi de que alguém fosse ridicularizado ou diminuído. Reforço de forma clara o que atrás dei a entender: não vejo mal nenhum em que políticos e figuras públicas colaborem em programas de entretenimento deste género, onde são levados a desinibirem-se e a revelarem-se, em virtude do improviso subtil dos humoristas.
Ser figura pública, seja através da politica ou de forma diversa, implica também algum “background” destas coisas…
Uf! Até que enfim que me deu oportunidade para discordar de si, caro Drº!
:)

Anónimo disse...

Meu caro JotaC, é do mais saudável que há, discordar. Sobretudo quando a discordância é, como no caso, fundamentada.
Grato pela atenção que sempre dedica ao que opino. Não há prova de maior consideração.

Anónimo disse...

Meu caro Tonibler, leia lá o meu post e o seu penúltimo comentário. Não costumo ser tão sibilino como o meu caro Amigo me faz neste caso, ora!