No habitual espaço televisivo reunem os comentadores e analistas de sempre.
- Acha normal que Sócrates e o governo...?
- E acha normal que o ministro...?
- Mas acha normal que o PGR....?
Mudo de canal. Os entendidos do costume e o pivot perguntador.
- Acha normal que o presidente do Supremo...?
- Mas acha normal que o juiz...?
- Acha normal que haja empresários...?
Ninguém, agora, acha normal. Designadamente os muitos comentadores e analistas que até aqui achavam tudo normalíssimo.
E no entanto, sintomas claros daquilo que se vai revelando por estes dias e que faz abrir a boca de espanto aos que antes ridicularizavam quem se revoltava contra o ambiente de asfixia democrática, há muito que vinha sendo denunciado na blogosfera, designadamente aqui, no 4R. Nessa altura, sendo os protagonistas os mesmos, tudo era normal.
Se estou escandalizado com isto? Não, por vários motivos que aqui fomos registando ao longo do tempo, acho perfeitamente normal.
7 comentários:
Aquele Senhor que foi considerado o pai da psicanálise, Sigmund Freud
, disse um dia:
Existem infinitamente mais homens que aceitam a civilização como hipócritas do que homens verdadeiramente e realmente civilizados, e é lícito até perguntarmo-nos se um certo grau de hipocrisia não será necessário à manutenção e à conservação da civilização, dado o reduzido número de homens nos quais a tendência para a vida civilizada se tornou uma propriedade orgânica.
Acha normal, caro Dr. José Mário?
Completamente de acordo!... Então há um na TVI que é desconcertante!. Quem se der ao trabalho de fazer a retrospectiva das suas análises sobre economia e finanças, na perspectiva de comentador das medidas tomadas pelo governo, chega facilmente à conclusão que é um perfeito cata-vento…
«SMS anónima convoca manifestação de apoio a Sócrates»
Antes tínhamos a censura, o condicionamento industrial, a polícia política, tudo a favor de uma pseudo União Nacional.
Hoje temos um Socialismo descaracterizado, cada vez mais parecido com um nacional-maquiavelismo, tudo feito no segredo das conversas e gabinetes, agências de manipulação de carácter Goebelliano e um exército de assessores fadados e cardados no temor da idolatração.
Se Sócrates tivesse uma família nuclear e se preocupasse tanto com a felicidade hetero como com a felicidade homo, com uma materfamílias que lhe puxasse as orelhas quando lhe fugisse a língua para a mentira, Portugal ouviria como uma cartilha o Nuno Crato, o Medina Carreira e o João Salgueiro com devoção e atenção.
Assim no momento Dominical, o primeiro que não está de turno, volta-se para o seu homónimo primeiro dominical e propõe: vamos lá por este Portugal recrutado nos gabinetes criar uma enorme onda de apoio e amor ao estilo do grande e amado líder Chavéz.
Nunca como se bem infere de Adelino Maltez nos poucos anos de liberdade mitigada em Portugal, houve um homem com tantas e tão claras tendências totalitárias como a do sr. Pinto de Sousa, primo dos Karaté Kids que enxameiam a nossa praça num Estado refém e manipulado!
Grave é já acharmos tudo isso normal, cada dia é menor a capacidade de nos escandalizarmos. E muitos dos que hoje se indignam foram os primeiros a alimentar e contribuir para aquilo que hoje, apenas porque e enquanto os afecta, repudiam tão vivamente.
E lá continuarão, Suzana, alegremente a dizer o contrário do que antes disseram, não porque evoluíram na opinião, mas porque os ventos estão a mudar.
Como a memória é curta para estas e outras coisas, também continuarão a "fazer" opinião, meliore, a condicionar a livre opinião de um povo sensível ao enredo telenovelesco em que se especializaram.
Mas é bom que se não nos esqueçamos de alguns desses.
Ouvi há dias Mário Bettencourt Resendes evocar o velho PS de Mário Soares e companhia, o das liberdades, designadamente da liberdade de expressão. O mesmo Resendes que nos entrava pela casa dentro defendendo quem agora critica. Ou o mesmo Resendes que em artigo de opinião, nos tempos em que quem se metia com o PS levava ou do malhanço na oposição, censurava a expressão , aqui, no 4R, de David Justino com o argumento de que este devia calar as suas convicções - mesmo sendo conhecida a sua postura ideológica e o seu alinhamento político - porque era assessor do chefe do Estado.
Aqui está um exemplo de que nem todas as liberdades deveriam ser toleradas. Estas, dos cata-ventos, deveria merecer, pelo menos, que fosse despida e exibida em público.
Quando, em "Apocalypse Now", "Willard" chega à fala com "Kurtz" este último explica-lhe o indizível e fala em "The horror... the horror...".
No nosso país, vivemos anos numa anestesia colectiva ou, pelo menos, de abrangência maioritária de que a generalidade dos jornalistas foram primeiro promotores e depois, como sempre seria inevitável, vítimas.
Foi o torpor... o torpor.... O desentorpecimento vai ser doloroso, tenhamos todos consciência disso.
Há pessoas a quem tudo é permitido e tolerado, caro Zé Mário, o que é interessante ver é que essa tolerância é tanto maior quanto menos coerentes e firmes são as pessoas avaliadas. se mentiu muito e muda de opinião consoante os interesses e os postos, tolerância máxima. Se são pessoas que invocam a honra da palavra dada, que não mistificam nem enganam, aqui d'el rei que o escrutínio é capilar, não se admite nem uma sombra, e o resultado é que enquanto as primeiras resistem a tudo as segundas são vulneráveis à mais leve intriga.
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